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O Retorno de Martin Guerre

Por:   •  4/6/2018  •  Resenha  •  2.962 Palavras (12 Páginas)  •  451 Visualizações

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O RETORNO DE MARTIN GUERRE (1982)

LE RETOUR DE MARTIN GUERRE.

Jéssica Almeida​        [1]   

INTRODUÇÃO

Em 1560 um curioso caso chega ao Supremo Tribunal de Toulouse. Tão

extraordinário que a historiadora e agora roteirista Natalie Zemon Davis se dispôs a compreendê-lo. Através de anais judiciais, testamentos, registros paroquiais entre outros relatos, a autora descreve a trama da família Guerre em seu livro. O retorno de Martin Guerre publicado originalmente em 1982 e traduzido para o português em 1987, gerou uma intensa polêmica entre especialistas, pois a autora se propôs a construir uma narrativa sem muitas categorias explicativas, a autora estabeleceu uma conexão entre história e literatura, fato e ficção. Natalie Zemon Davis é uma renomada historiadora americana, com grande destaque no estudo da Era Moderna.

Enfim, no ano de 1982 acabou sendo convidada para participar e elaborar, a partir de seus estudos, um roteiro para a filmagem do filme " O Retorno de Martin Guerre". Fato é que seu roteiro, suas análises e interpretações acabaram tornando-se, além do filme, uma obra de alcance e sucesso mundial.

 DESENVOLVIMENTO

A trama começa quando Artigart recebe esse novos habitantes, Sanxi Guerre e sua família e o irmão mais novo solteiro, Pierre Guerre. É então que a autora encontra um contrato de 1538 que mostra o caminho percorrido pelos Guerre durante onze anos em Artigart: trata-se do casamento do primogênito e único filho de Sanxi, Martin Guerre com Bertrand de Rols, filha abastada família Rols do outro lado do Léze[2].  

Segundo a autora, talvez essa não teria sido a primeira desventura de Martin, o menino não tivera uma infância fácil. Primeiro, pelo convívio com dois idiomas completamente diferentes, o basco dos pais e a língua falada na aldeia em que morava. Segundo, o convívio com sua família também era difícil, de um lado tinha duas personalidades severas seu tio e seu pai, e do outro estava cercado só por meninas que eram suas irmãs mais novas e o terceiro seria a impotência sexual. O camponês passou oito anos para conseguir consumar seu casamento, e logo em seguida engravidou sua esposa.

Porém, segundo Davis, o rapaz ainda estava insatisfeito. Era jovem queria conhecer o mundo, sonhava com outra vida longe dos campos. Foi então, quando estava próximo de completar 24 anos e seu filho ainda bebê, Martin roubou uma pequena quantidade de trigo de seu pai. Para os bascos, o roubo era considerado algo inadmissível segundo o código dos camponeses, e por temor à severidade de seu pai, Martin deixou o lar e por muitos anos não se ouviu falar dele. Segundo a autora, o certo é que Martin foi para a Espanha, e terminou em Burgos como laico na casa de um cardeal da igreja romana. No momento que Martin começava sua vida, Bertrand, sua esposa mal tinha 22 anos, preocupada com sua reputação seguiu esperando o retorno do seu marido.

Escrever a história desse camponês foi um desafio para Natalie Davis. A historiadora não possuía muitas fontes que possibilitasse a construção da trama, ela contava apenas com os textos dos juristas Jean de Coras Arrest Tholosae e o de Guillaume Le Suer Admiranda História de Pseudomartino Tholosae, ​mas procurou preencher por meio das fontes cartoriais, literárias, judiciais e a imaginação histórica as lacunas na documentação.

A juventude de Arnaud foi muito diferente da de Martin Guerre, crescera entre meninos com quem se dava bem. Baixo e encorpado, não se destacava nos jogos da aldeia. Em contrapartida seduzia com sua eloquência e dispunha de uma boa memória de causar inveja. Por tal habilidade e inteligência, fora notado pelos vigários da diocese e o enviaram para escola para fazer dele um futuro padre. Mais tarde se revelando um debochado e de má vida, se tornando um libertino com uma vida boêmia, era louco por festas e carnavais. A sua maneira, Arnaud não se adaptava ao mundo camponês da família e as propriedades da mesma forma que Martin em Artigart, ardia de vontade de alcançar o universo além da colina da diocese, de Lombez. No instituto de alcançar esse objetivo e depois de uma série de pequenos furtos, ele se une a tropa da infantaria real. E serve a Henrique segundo nos campos de batalha de picardia.

 A autora faz suposição a um suposto encontro entre Martin e Arnaud, que eles poderiam ter sido colegas de regimes, e aproveitando desse encontro, pode ter ouvido várias coisas privadas e particulares dele e de sua mulher. E que o Martin pediu para que ele ficasse com sua esposa e tomasse seu lugar. Entretanto é difícil entender como poderiam ter sido colegas no exército, visto que Martin estava lutando pelo rei da Espanha, inimigo do rei da França. Um debate importante de se fazer é como ele conseguiu se passar por outro com apenas as lembranças de um homem desaparecido? A resposta é simples, no século 16 os aldeões praticamente não tinham oportunidade de formar uma imagem de suas fisionomias com frequentes olhadas no espelho (já que não era muito fácil de se encontrar nas casas), o desenho do maxilar, a cor dos olhos e características faciais, a fisionomia.

Até mesmo a questão de identidade, pois naquela época não havia registros oficias e nem identificação faciais ou digitais de uma pessoa, como são os registros do século XIX. O que dificulta roubo de identidade.

Mais Arnaud durante seu julgamento confessou jamais ter encontrado o Martin Guerre antes de vir a Artigart. Então como de fato ocorreu essa troca? Um certo dia passando por. Mane sur le satã, encontra dois amigos íntimos de Martin, que o tomam pelo desaparecido de Artigart. Então desperta o trapaceiro em pansett (devido a seus apetites imoderados) e informa-se com maior habilidade possível sobre Martin, sua situação, sua família, e as coisas que costumava dizer e fazer. Alimentado de informação pelos amigos mais próximos.

Arnaud tinha algo a ganhar com sua instalação em Artigart, pois a herança de Martin era maior que a sua. Esperava forjar uma nova identidade e construir uma outra vida nessa aldeia às margens do Léze. O falso Martin, não retornou para a vila de imediato, ele se hospedou numa cidade vizinha e lá contou que era Martin Guerre, então a notícia do retorno de Martin se espalhou e sua família apareceu para verificar. Sua esposa e o tio de imediato não acreditaram só depois que lhe falou lembrando-lhes do passado as irmãs o abraçaram, e o levaram para aldeia. Chegando na aldeia ele cumprimentou as pessoas pelo nome e quando parecia não reconhecer, relembrava de coisas que tinham feito, há anos. A cada um explicava que serviu ao rei da França, passara vários meses na Espanha e agora estava desejoso em ficar novamente em sua aldeia, com esposa e filho.

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