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Paulo Mendes

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Por:   •  13/3/2014  •  10.058 Palavras (41 Páginas)  •  416 Visualizações

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A Obra Pemiada de Paulo Mendes da Rocha

ANA MARIA CICACCIO (TEXTO)

NELSON KON (FOTOS)

A tônica na obra de Mendes da Rocha é sua capacidade de enxergar no espaço urbano que a graça de uma cidade está justamente no fato de ela existir antes de ser construída. “Ela nasce do desejo dos homens de estarem juntos”, diz o arquiteto. Coroando essa posição, o reconhecimento veio este ano. Ele recebeu a honraria máxima da arquitetura internacional, o Pritzker Prize 2006, criado pela família homônima, de Chicago,26 proprietária da rede Hyatt de hotéis. Antes dele, o único brasileiro a ganhar esse prêmio foi Oscar Niemeyer, em 1988.

Pinacoteca, reformada e modernizada

A justificativa do júri realçou exatamente essa característica humanista de Mendes da Rocha: sua obra modifica a paisagem e o espaço, procurando atender tanto às necessidades sociais quanto estéticas do homem. Um grande senso de responsabilidade para com os usuários de seus projetos e com a sociedade em geral baliza suas realizações nas mais variadas frentes, da residência individual ao edifício de apartamento, da capela a estádios esportivos, parques infantis, museus de arte e praças públicas. Na avaliação dos jurados, profissionais eminentes como Frank º Gehery e Rolf Fehlbaum, Mendes da Rocha produz trabalhos reveladores de uma permanente busca de harmonia entre a arquitetura e a natureza enquanto forças congruentes.

Pórtico-cobertura da Praça do Patriarca, centro de São Paulo.

CIDADE VIVA

Praça do Patriarca, Centro Histórico da cidade de São Paulo. Um artista performático encarna uma estátua viva. Sua performance estabelece um lúdico diálogo com as pessoas que circulam pelo lugar e com a diversificada arquitetura local. Estão aí a delicada igreja de Santo Antônio, cuja primeira referência histórica data de 1592, foi reedificada em 1717 e teve fachada reconstruída em 1911, alguns edifícios de inspiração européia projetados nos anos 1920 pelo escritório Ramos de Azevedo, um ou dois exemplares da arquitetura moderna brasileira, e o pórtico-cobertura-monumental de estrutura metálica e fatura ultra-contemporânea, projetado por Paulo Mendes da Rocha, juntamente com Eduardo Colonelli em 1992 e inaugurado em 2002.

Antes da reurbanização proposta para esse espaço público por Mendes da Rocha, a A Praça do Patriarca não era do povo. Não passava de um terminal de ônibus poluído, acinzentado e congestionado. Um lugar onde as pessoas não paravam por desejo, como fazem hoje no intuito de apreciar uma estátua viva ou ouvir um violeiro, mas apenas para esperar condução.

FONTE DE INSPIRAÇÃO

Paulo Mendes da Rocha, nascido em Vitória (ES) a 25 de outubro de 1928, costuma dizer que foi criado vendo a engenhosidade do mundo. Ouvia em casa que poderia fazer um porto e até um navio. O avô, Francisco Mendes da Rocha, dirigiu o serviço de navegação do Rio São Francisco, conhecido como “Rio da Unidade Nacional”, e depois a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. O pai, grande engenheiro, tornou-se a partir dos anos 1940 um respeitado professor de Naval e Recursos Hídricos na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Mendes da Rocha formou-se acreditando na capacidade do homem de intervir na natureza de forma criteriosa. Em suas próprias palavras, “a primeira e primordial arquitetura é a geografia”.

Seguindo a trilha familiar, ele próprio, formado pelo Mackenzie em 1954, desenvolveu uma sólida carreira acadêmica, a partir dos anos 1960. Foi a convite de João Batista Vilanova Artigas, que encabeçou a chamada Escola Paulista da arquitetura brasileira. Ambos elevaram a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidadede São Paulo (FAU-USP) com seus pontos de vista sociais e humanistas, influenciando gerações e gerações de arquitetos e artistas. No entanto, como tantos outros intelectuais brasileiros, em 1969 os dois foram afastados de seus postos pela ditadura militar, sendo reintegrados aos quadros da universidade somente em 1980, depois da Anistia. Vilanova Artigas morreu pouco depois, mas Mendes da Rocha seguiu lecionando com o mesmo entusiasmo de antes, até se aposentar em 1999.

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“Paulo Mendes da Rocha é especial. Arquiteto-cidadão brilhante, ele luta por um mundo melhor. Sua obra é reconhecida internacionalmente e não é de hoje que lhe são conferidos prêmios importantes, como o Grande Prêmio ‘residência da República na VI Bienal de São Paulo’ em 1961, e o prêmio Mies Van der Rohe de Arquitetura, em Barcelona no ano 2000. Mendes da Rocha enche o País de orgulho, assim como todos os arquitetos brasileiros, que se sentem representados por ele.”

Nadia Somekh, diretora da Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade

Mackenzie e ex-presidente da Empresa

Municipal de Urbanismo de São Paulo.

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“Não é por acaso que Paulo Mendes da Rocha figura entre os nomes mais importantes da produção arquitetônica brasileira. Sua obra, fortemente vinculada à produção que utiliza o concreto aparente em toda sua expressão, representa uma vertente marcante da arquitetura brasileira que fez escola. Mas ele se destaca também pela dedicação ao ensino, como professor na FAU-USP, onde formou uma geração de arquitetos e discípulos”.

Gilberto Belleza, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil

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“Pouco citado, porque imaterial, é seu papel de brilhante mestre, professor entusiasmado, que como ninguém relaciona a arquitetura com a vida cotidiana e que influenciou e seduziu toda uma geração para a melhor arquitetura. A obra de Paulo Mendes da Rocha, criada com independência e marcada por forte identidade pessoal, contribuiu para a formação de uma arquitetura de caráter brasileiro e de valor universal”. Arnaldo Martino, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil – São Paulo

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“Trabalhar com Paulo é uma escola continuada. Ver como ele utiliza sua experiência a cada novo projeto talvez tenha sido a melhor escola de arquitetura e de vida, seja no aspecto técnico, seja no artístico ou no humanístico. Ele estimula a imaginação e a reflexão. Como nunca parte de uma idéia pré-estabelecida para não prejudicar o juízo crítico, chega em geral a soluções muito

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