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Resenha 18 de Brumário

Por:   •  29/8/2017  •  Resenha  •  2.615 Palavras (11 Páginas)  •  1.095 Visualizações

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MARX, Karl. O 18 de brumário de Luís Bonaparte;[tradução e notas Nélio Schneider; prólogo Herbert Marcuse]. São Paulo: Boitempo, 2011.

RESENHA: O 18 de bruário de Luís Bonaparte

Leandro Silva Onofre Júnior

A presente obra foi escrita entre dezembro de 1851 e fevereiro de 1852, e tem como objetivo fazer uma análise da conjuntura política, e seus contecimentos revolucionários, na França entre os anos de 1848 e 1851. Foi publicada originalmente na revista Die Revolution: Eine Zeitschirift in Zwanglosen Heften por Joseph Weydemeyer, sob o título de Der 18te Brumaire des Louis Napoleon [O 18 de brumário de Luís Napoleão].

        Marx tenta, a partir de seus conceitos sobre Materialismo dialético, traçar um panorama geral dos acontecimentos sociais, políticos e econômico na França, que coloca Luís Bonaparte no comando do Estado francês, até o Golpe de Estado (1848-1851) que tornará o mesmo imperador. Entretanto, mesmo possuindo características que se assemelham ao seu tio Napoleão I, Marx demonstra que o processo político do qual Luís Napoleão saiu vitorioso é, na verdade, uma repetição da história, porém, a primeira frase de sua obra já demonstra que tal repetição é, nada mais nada menos, que uma cópia mal feita, uma farsa.

        O pensador alemão divide sua obra em sete partes não intituladas. Entretanto, cada capítulo retrata um tema, ou um acontecimento, importante na conjuntura francesa. No prefácio à 2ª edição de 1869, Marx trás a luz os autores Victor Hugo e Proudhon, e revela ser estas análises as únicas passivas de nota. Segundo o autor, Victor Hugo limita-se a analisar a força de um só indivíduo, engrandecendo Luís Napoleão, mesmo tentando diminuí-lo. Já Proudhon, mesmo tentando apresentar o Golpe de Estado como resultado de um processo histórico anterior, faz suas concepções do Golpe de Estado parecer uma apologia histórica ao "herói" Luís Napoleão.

        Em contraponto, o posicionamento de Marx seguirá divergente em relação aos dois autores, pois Marx não compactua com a ideia de que Luís Bonaparte fosse o grande arquiteto do Golpe, na verdade, Marx tenta demonstrar como a luta de classes na França criou as condições para o surgimento de Napoleão III, um representante, de certa forma, medíocre. Posteriormente, no prefácio de 1885 à 3ª edição, Friedrich Engels tece elogios a forma como Marx entende o movimento da história, além de sua sensibilidade para a referente análise. Engels afirma que Marx, a partir da observação da história francesa ainda em curso, evidencia a luta de classes como força motriz do movimento da história, ressaltando o papel das diferentes classes no processo histórico francês, demonstrando ser seu método o mais eficiente para entender a dinâmica dos movimentos históricos, ou seja, das grandes lutas históricas.  

[...] a grande lei da marcha da história, lei segundo a qual todas as lutas históricas que se desenvolvem quer no domínio político, religioso, filosófico, quer em outro qualquer campo ideológico são, na realidade, apenas a expressão mais ou menos clara de lutas entre classes sociais, e que a existência e, portanto, também os conflitos entre essas classes são, por sua vez, condicionados pelo grau de desenvolvimento de sua situação econômica, pelo seu modo de produção e de troca, que é determinado pelo precedente (MARX, 2006, p. 13).

        O 18 de Brumário de Marx é considerada por muitos como a mais importante obra do marxismo. Segundo o Profº Drº Marcos Menezes, em suas aulas de História Moderna na Universidade Federal de Goiás - Regional Jataí -, este seria o escrito mais grandioso de Marx, pois demonstra de uma forma poética suas concepções a cerca do movimento histórico francês, além de ser um livro que revela a sensibilidade de Marx para o entendimento dos jogos políticos e seus agentes efetivos, que, segundo o marxismo, decorrem do confronto entre diferentes classes sociais, i. e., ocorrem necessariamente através dos conflitos existentes na "exploração do homem pelo homem".

        Como mensionado anteriormente, no início da obra Marx parafraseia Hegel ao afirmar que a História se repete, acrescentando que todos os grandes fatos e personagens históricos surgem duas vezes, a primeira como tragédia, já a outra como farsa. Diante disso, trás como exemplo "Caussidière como Danton, Luís Blanc como Robespierre, a Montanha de 1848-51 como a Montanha de 1793-952, o sobrinho como o tio". Todavia, é no paragráfo seguinte que encontramos uma das bases das formulações de Marx:

Os homens fazem a sua própria história; contudo, não a fazem de livre e espontânea vontade, pois não são eles quem escolhem as circunstâncias sob as quais ela é feita, mas estas lhes foram transmitidas assim como se encontram. A tradição de todas as gerações passadas é como um pesadelo que comprime o cérebro dos vivos. E justamente quando parecem estar empenhados em transformar a si mesmos e as coisas, em criar algo nunca antes visto, exatamente nessas épocas de crise revolucionária, eles conjuram temerosamente a ajuda dos espíritos do passado, tomam emprestados os seus nomes, as suas palavras de ordem, o seu fi gurino, a fi m de representar, com essa venerável roupagem tradicional e essa linguagem tomada de empréstimo, as novas cenas da história mundial. (MARX, 2011, p. 26)

        Marx prova em seu livro que os "heróis", assim como os partidos da Revolução francesa, buscam instaurar uma sociedade burguesa moderna se utilizando de "disfarces" e "frases romanas". Porém, essa nostalgia, irá se adequar ao ambiente francês reavivando assim o espírito revolucionário transcendente em todoas as épocas. Contudo, é preciso ter um conhecimento relevante sobre a Revolução Francesa de 1789 para compreender a poderosa escrita de Marx, que além de ácida, é poética e lúcida. Além disso, é importante salientar que em 1848 a França promulga uma nova constituição, através de uma nova revolução, na qual Luis Bonaparte sai como vencedor das eleições estabelecidas. Após quatro anos, chegando o momento de novas eleições, assim como seu tio - demonstrando que a história se repete, como farsa -, dará um Golpe de Estado para se manter no poder. É daí que Marx concebe o título de sua obra, na qual o Golpe de Estado seria o 18 de Brumário de Luís Napoleão Bonaparte.

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