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Resenha Crítica do Texto A Pirâmide Invertida -

Por:   •  14/10/2022  •  Resenha  •  754 Palavras (4 Páginas)  •  149 Visualizações

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A Pirâmide Invertida - Historiografia Africana feita por Africanos

Uma resenha do texto de Carlos Lopes

Carlos Lopes é o autor do texto A Pirâmide Invertida – Historiografia Africana feita por Africanos, publicado na revista Soronda: Revista de Estudos Guineenses em Julho de 1995. O texto tem como objetivo apresentar, de forma crítica, os argumentos avançados pelo que o autor denomina as três grandes historicidades, ou seja, os três grandes momentos de interpretação histórica da África, tal como observadas pela corrente de historiadores africanos da época.

Um dos pontos centrais que o autor visa expor é a interpretação simplista e reducionista da complexidade do continente Africano registrada através da história pela perspectiva pós-colonial, paradigma que Hegel, citado pelo autor, descreveu como a inexistência do fato histórico antes da colonização. Na seção intitulada como “Inferioridade Africana” do texto, Lopes diz que “por mais que a marginalidade associada ao continente acerca de sua inserção na economia-mundo seja uma interpretação ultrapassada, no imaginário ocidental a África continua sendo vista por clichês que tem a sua origem nessa visão histórica”. Este fato é, segundo Lopes, confirmado através da observação e leitura de qualquer significativa amostragem literária, tanto dentro quanto fora do continente e, apesar de historiadores como Fernand Braudel pensem uma nova dinâmica de interpretação histórica com a presença do valor do trabalho e riqueza africanos, a marginalização da contribuição Africana continua imperando.

Além disso, o autor vai tratar dos vários conhecimentos científicos, políticos, artísticos e culturais que floresceram na África, mas que foram (e são) desqualificados, com justificativas que associam tais saberes a portugueses, árabes e orientais. Nesse sentido, em qualquer  frente historiográfica ainda está presente a luta desesperada pela reivindicação dos atos e do saber. A inferioridade Africana foi fortificada pela estrutura da colonização, com sua suposta dominação física, humana e espiritual. Para o autor é preciso desmistificar a Africanidade, entendendo-a mais como um fenômeno e menos como algo mítico. “O argumento de Ki-Zerbo era, pois, o de afirmar que a África também tem uma História".

O autor também discorre sobre uma ideia muito interessante, que chama de corrente da pirâmide invertida, a qual gostaria de usar para apresentar uma crítica aos acontecimentos atuais dentre movimentos afrodiaspóricos jovens através do globo. A pirâmide invertida, nas palavras do autor, trata-se da ideia de sobrevalorizar o argumento do “também temos” em vez de apenas “termos História", de afastar-se o máximo da historiografia colonial, exceto quando esta fornece argumentos favoráveis à superioridade africana. É a história de uma idílica e harmoniosa sociedade pré-colonial, longe das lutas de classe ou poder, ou de hipóteses suscetíveis de pôr em causa a precariedade das evidências e metodologias. A falta de material histórico afastado da perspectiva eurocêntrica que seja de fácil acesso para a juventude faz com que jovens afrodiaspóricos presentes tanto no Brasil como outros locais marcados pela presença da população preta que buscam reivindicar suas identidades e honrar suas ancestralidades tenham meios limitados de fazê-lo, dificultando a sua jornada. Além disso, os poucos materiais divulgados podem promover uma visão romantizada de África, ao invés de análises históricas imparciais, realistas e aprofundadas, como apontado por Lopes como materiais de extrema importância. O autor também vai fazer algo que perceptivelmente parecerá uma crítica aos autores (Ki-Zerbo, A. Ajayi, B. Ogot, T. Obenga, Tamsir Niane e Cheick Anta Diop) desse pensamento, mas que na verdade ressalta a importância que os mesmos tiveram para a abordagem da História Africana.

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