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Resenha Do Livro 1930 O Silêncio Dos Vencidos

Por:   •  2/5/2023  •  Resenha  •  3.819 Palavras (16 Páginas)  •  264 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

ANGEL MARCELINO DOS SANTOS, IGOR EVANGELISTA DOS SANTOS, LUIS HENRIQUE P. DOS S. COSTA, MILTON MANOEL D. JUNIOR

RESENHA DO LIVRO 1930 O SILÊNCIO DOS VENCIDOS

SÃO CRISTOVÃO

2023

ANGEL MARCELINO DOS SANTOS, IGOR EVANGELISTA DOS SANTOS, LUIS HENRIQUE P. DOS S. COSTA, MILTON MANOEL D. JUNIOR

RESENHA DO LIVRO 1930 O SILÊNCIO DOS VENCIDOS

Resenha apresentada na disciplina de História do Brasil República no semestre de 2022.2, como requisito para obtenção de média avaliativa; submetido na Universidade Federal de Sergipe.

Orientado pela Profª. Drª. Célia Costa Cardoso

SÃO CRISTOVÃO

2023

Referência: DECCA, Edgar Salvadori de. 1930 o Silêncio dos Vencidos. 5º ed. São Paulo: Brasiliense, 1992.

1.0 INTRODUÇÃO

Quase quatro décadas depois da “Revolução de 30” o professor Decca realizou reflexões sobre como esse evento histórico foi analisado pelos historiadores, esse ato do professor demostrou um grande afastamento do historiador enquanto intelectual do local de formação da história, especialmente do movimento operário. Dentro dessa perspectiva surgiram vários outros temas correlatos que abrangem o livro, é importante informar a longa trajetória de estudos até a formulação do livro o qual é derivado da tese de Doutorado de Edgar Decca, intitulada “As dimensões históricas do insucesso político” uma análise de como a historiografia entendia e demostrava o insucesso dos movimentos operários nos anos finais de década de 20 e início da década de 30. Em suas palavras chaves o autor aponta memória histórica, classe operária, comunismo, historiografia e marxismo, todos esses fatores que nortearam seu trabalho. É interessante notar que o livro foi escrito ainda durante o regime militar e que terce duras críticas aos dispositivos de repressão ideológica do regime.

O livro é organizado em duas partes primeira a falência das interpretações evidência o papel do historiador e as problemáticas sobre a “revolução de 30” apresentou ainda os agentes sociais em luta, para tal a primeira parte recebe ainda duas divisões onde primeiramente desenvolve mais o papel do intelectual historiador e posteriormente desenvolve conceitos como a revolução burguesa, memória histórica e luta de classes. Na segunda parte dedicasse a trabalhar algumas questões que deixou de lado propositalmente (como afirma o próprio autor na página 113), com um texto menos subdividido trabalha-se alguns conceitos como industrialização, burguesia industrial e democracia.

2.0 A FALÊNCIA DAS INTERPRETAÇÕES

2.1 A PRODUÇÃO DO SILÊNCIO E A SUPREÇÃO DO NOVO

Inicialmente o autor se dispõem a revisar a posição do discurso acadêmico quanto a classe operária, indicando uma homogeneização dos discursos históricos após 1964 que formava uma firme muralha entre vencidos e vencedores. Intelectuais e operários estavam juntos aos derrotados, até o discurso intelectual passar a sentar-se em si mesmo, tendo o intelectual como demiurgo da sociedade (p.33), ação ocorrida graças a rápida (e frustrada) analise do fim da luta operária baseada na derrocada dos projetos políticos pré-64. A problemática de separação entre intelectuais e proletariado só será revertida após as catástrofes de 1968 (como o AI-5) os quais demostraria a falha da estratégia intelectual.

Posteriormente trabalhando a figura do historiador afirmasse a necessidade de questionar o local ocupado pelo discurso acadêmico, questionando-se diversos fatores como local de produção e limitações intelectuais. Argumenta-se a necessidade de perceber a história como uma construção, como memória e pincipalmente como ideologia. Assim sendo necessário um reposicionamento do discurso histórico do final de década de 20 e inicio de 30, tendo que dar voz aos vencidos. É um pedido do autor o fim da objetividade científica como a separação entre sujeito e objeto, argumenta ainda a impossibilidade de se fazer história após o golpe de 1964 (já que os dispositivos ideológicos do regime não permitiriam), essa incapacidade demostra a necessidade de interferência dos intelectuais, existe a necessidade de uma tomada de posição.

Para essa desmontagem do dispositivo ideológico é necessário produzir um discurso que preencha as lacunas sobre a “revolução de 30”. Citando a interpretação de Althussen sobre Marx o autor busca demostrar a um exemplo de epistemologia que partilha o discurso ideológico e o discurso científico. Sendo necessário entender outras vertentes do período da década de 30, não presentes nela mesma, mas anteriores como as crises oligárquicas, o tenentismo e mesmo o movimento operário. Citando Boris Fausto explicita outra lacuna onde a revolução “democrático-burguesa” e a industrialização não ocorreram por superação de grupos não capitalistas. Surgindo assim a necessidade de novas análises.  

2.2 A REVOLUÇÃO BURGUESA

Encaminhando a análise para a construção da memória histórica entorno da revolução de 30, Decca remonta um debate conceitual dentro do pensamento marxiano e marxista. Elucidando, primeiramente, o conceito de revolução em Marx, que descreve uma revolução como a emancipação da classe oprimida de uma sociedade fundada no antagonismo de classe, sendo a emancipação da classe elemento incontornável na criação de uma sociedade nova, assim, uma revolução pressupõe não só um determinado processo histórico, como também um vínculo indissociável com a direção política de uma classe revolucionária. Outro ponto levantado é a possibilidade de a burguesia, como classe, operar uma revolução. A partir, novamente, de Marx, a ideia que se estabelece é que, só houve uma classe revolucionária burguesa quando – e onde – ela lutou e acumulou suas forças sobre a base das relações sociais do feudalismo. Dessa forma, a burguesia é revolucionária, e pode-se falar em revolução burguesa, segundo Marx, somente nas situações históricas. Em Lenin, no entanto, autor demonstra há alteração dessa concepção, a questão da revolução burguesa sofre um deslocamento não só em sua historicidade, mas também na sua base classista de sustentação de seu programa político – este capaz de realizar com a aliança operário-camponesa, a libertação das forças produtivas sobre a base capitalistas. Tal revolução ocorrendo num outro período histórico revela o papel dirigente do proletariado encaminhando-a como “etapa” necessária para a transformação socialista. De Forma ambígua, em outros textos de Lenin, aparece uma outra perspectiva histórica acerca da Revolução Burguesa, ela aparece menos uma direção política do proletariado dentro de um ciclo determinado do capitalismo e mais como axiomas teóricos aplicáveis às múltiplas realidades históricas. Dentro disso, Decca afirma que esta tensão entre as duas linhas de leitura da história, presente nos textos de Lenin, parece desaparecer quando avaliamos o conjunto de historiografia brasileira que trata do problema da revolução burguesa. Em sua maioria, colocada sob a vertente da segunda leitura, se tomarmos apenas as análises da revolução de trinta, essa bibliografia já explicou esse “fato histórico” através de cada uma das teses sobre revolução burguesa. Dentro disso, o autor pretende discutir a possibilidade de uma outra leitura da revolução burguesa que arranque os dominados da dimensão do silêncio. Isto é, pensar tal revolução como práxis do proletariado, como o lugar privilegiado de sua leitura da história no período em torno dos anos trinta.

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