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Resenha - Livro "´À Francesa"

Por:   •  4/9/2017  •  Resenha  •  2.582 Palavras (11 Páginas)  •  293 Visualizações

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TOSCANO,Frederico de Oliveira. À Francesa: a Belle Époque do comer e do beber no Recife.Recife : Cepe,2014. 338p.: il.

        

        A obra À Francesa aborda o crescimento e implantação da cultura europeia no Brasil, no que se refere, principalmente, ao hábito alimentar e tradições gastronômicas herdados do grande centro cultural do ocidente no século XX, Paris. Frederico de Oliveira Toscano, busca em seu livro, fruto de uma dissertação de mestrado em História na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mostrar como essas novidades, no embate entre regionalismo e modernização, chegaram ao Recife na virada do século XIX para o século XX, moldando os hábitos da sociedade Recifense.

Estrutura da obra resenhada:

        O livro À Francesa: a Belle Époque do comer e do beber no Recife é composto de 338 páginas, dividido em 4 capítulos, sendo a narração em questão, focada nos seguintes capítulos:

Capítulo 1 A França na vida e na cozinha pernambucana

  • Modernismos e Francesismos, da página 19 até a página 35, abrangendo 17 páginas;
  • De fora e de dentro de casa, da página 37 até a página 61, abrangendo 25 páginas.

Capítulo 2 – A Sociabilidade do comer fora

  • Uma invenção francesa, da página 65 até a página 93, abrangendo 29 páginas;
  • Sobre cafés quentes e cremes gelados, da página 95 até a página 117, abrangendo 23 páginas;
  • A Construção de uma tradição gastronômica, da página 119 até a página 127, abrangendo 8 páginas.

Capítulo 1 - A França na vida e na cozinha pernambucana

Modernismos e Francesismos

        No início do século 20 no Recife e como o desenvolvimento de novas tecnologias e as inovações da época, modificavam o cotidiano de seus habitantes. A estrada de ferro e seus trens, a iluminação a gás, a arte da fotografia e a comunicação dos telégrafos já perdiam intensidade ante as novidades que se sucediam, moldando o panorama urbano no Brasil, esse que se mostrava dominado pelo automóvel, pelo avião, pela luz elétrica, pelo rádio, pelo cinema, tornando o mundo ainda mais rápido.

        A demanda da modernidade, que parecia estar intimamente associada ao abandono de antigos valores monárquicos, tais como o romantismo, o catolicismo, o regime de privilégios das instituições e a escravidão, atingiam não só a capital federal, mas também São Paulo, Belém e o Recife. Os inventores e suas espantosas criações protagonizavam, as notícias dos jornais da época, preocupando-se em incluir elementos técnicos cada vez mais variados e complexos em seus textos. Assim como em boa parte do mundo ocidental, a Belle Époque tupiniquim se caracterizava pela celebrização da figura do inventor, como a do Dr. Carlos Lessa, que em 1908 criara o seu “torrador de café”, enquanto Augusto Adriano apresentou seu “maquinismo para beneficiar arroz”, ainda em 1900, e antes disso já sendo registrada uma novíssima geladeira para as famílias brasileiras, capaz de conservar os alimentos de forma segura, eficaz e limpa.

        Junto desses adventos, veio a propaganda de consumo visando dois imperativos: o estético e o higiênico-sanitarista, a valorização da mão de obra estrangeira, pelo número crescente de imigrantes no Brasil, a vestimenta importada, que a cada dia se tornava capítulo da vida social e da moda feminina. A historiadora Gisele Mello Carvalho, explica que, a modernidade advinda da Europa industrializada era um referencial almejado pelo brasileiro nesta época, fazendo com que tudo o que fosse oriundo da Europa, mais específico da França, incluindo-se tanto os produtos industrializados como a estética, a gente, a cultura, fosse símbolo de qualidade, progresso, evolução e desenvolvimento.

De fora e de dentro de casa

 

        Mais do que cidadãos, a França exportava principalmente, sua cultura, arte, literatura, costumes, língua e moda, bem como sua alimentação. Os produtos de origem francesa eram regular e comumente anunciados nos jornais do Recife, com os novos carregamentos que chegavam ao porto da cidade, trazendo uma lista variada de mercadorias importadas, pelas quais a elite recifense, através de décadas, havia se encantado, e que consumia sempre que podia. O consumo desses produtos era uma clara marca de distinção social, alimentando um comércio que florescia continuamente, de comidas e bebidas trazidas do exterior, muitas vezes aproveitadas pelos comerciantes em algum evento ou festividade sazonal, como o Natal.

        Não era apenas durante o Natal que a mesa do recifense cobria-se de produtos alimentícios importados. O cotidiano da cidade via a circulação intensa de itens variados, como doces em lata, confeitos, chocolates, frutas cristalizadas e, evidentemente, bebidas, que deu o lugar majoritário ao vinho nas mesas da burguesia do Recife, uma bebida que era, quase sempre, indicadora de um status social elevado. Enquanto a cachaça se ligava, ao mau costume de um consumo solitário, entre seus humildes consumidores, o vinho adquiriu o caráter oposto, mais voltado para a reunião festiva de pessoas de estirpe mais elevada.

        O Brasil de meados e final do século 19 veria, entre os diversos profissionais franceses que viriam tentar a sorte em terras tropicais, também o afluxo de cozinheiros e confeiteiros, mas também de padeiros, que modificariam o hábito alimentar da população brasileira em consumir o pão, produto oriundo do trigo, que já apresentava uma produção considerável do cereal. Fato que se fez, proliferar-se as padarias pelas capitais, oferecendo baguettes, croissants e brioches, e não podendo faltar o pão mais disseminado no país, apelidado de francesinho, preferência da população urbana no café da manhã e nos lanches.

        Não só a manteiga, que tornaram-se componente essencial no mercado e nas cozinhas locais, apareceram chefs de renome, exportados da França, e publicações de variadas receitas no Jornal Pequeno, de pratos “à francesa” e suas variações.

Capítulo 2 – A Sociabilidade do comer fora

Uma invenção francesa

         

        Um tempo de guerras cobria o Brasil, que lutava por estabelecer suas fronteiras e o desenho de novos limites territoriais. A “aventura na selva” levava militares brasileiros para a Amazônia, tão vasta quanto complexa, em sua imensidão  de povos, culturas, línguas e conflitos, oferecia a oportunidade do Exército Brasileiro a demonstrar sua presença e poderio. Para demonstrar seu apoio à corajosa empreitada, o deputado Estácio Coimbra, decidiu realizar um almoço no Restaurant Internacional, no Recife, homenageando o contra-almirante Alexandrino de Alencar, que foi recebido em uma mesa decorada por rosas naturais, à qual se sentaram os Drs. Herculano Bandeira, Moreira Alves, João Elysio, Victorino Maia, Júlio Bello e Oswaldo Machado. Intercalaram-se pratos e conversas e a política foi servida tão abundantemente quanto o champanhe.

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