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Resenha crítica da obra: América I

Por:   •  18/8/2019  •  Resenha  •  1.498 Palavras (6 Páginas)  •  151 Visualizações

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Resenha crítica da obra:

Faça uma resenha do texto: Garcia, Elisa Frühauf. “Identidades e Políticas Coloniais: guaranis, índios infiéis, portugueses e espanhóis no Rio da Prata, c.1750-1800”. Anos 90, Porto Alegre, v. 18, n. 34, dez. 2011, p. 55-76.

“Encontros e desencontros no Prata de XVIII e XIX”.

Elisa Garcia apresenta uma análise das diversas comunidades presentes do contexto do Prata e suas relações no campo político entre a segunda metade do século XVIII e início do século XIX. Os agentes de sua análise são os colonizadores (portugueses e espanhóis) e os “índios” guaranis, catequizados e os não-catequizados aos quais a autora chamará de infiéis.

Garcia irá elencar que tais encontros e relações são fatos históricos, que foram construídos ao longo do tempo, e isto significa que os agentes são ou foram destacados por uma intenção histórica, e assim sendo, não há como fugir da análise de tais relações a partir da ótica da colonização ibérica e não das sociedades pré-existentes, a partir da forma pelas quais os “nativos” respondiam e interagiam a presença do colonizador.

Para a autora, a intencionalidade do governo colonizador estava em ocupar a terra nova sem contudo se aproximar das comunidades indígenas, em outras palavras, manter o espanhol separado do índio, porém esta não fora a ampla realidade, as aproximações sempre ocorreram, e a região do Rio da Prata é um exemplo disso.

Índios e espanhóis rapidamente se misturaram causando um entrave na indústria colonizadora, vale lembrar que a colonização americana vem sob a égide da cruz e da espada, por um lado a religião e a fé, por outra o poderio bélico e a ocupação predatória.

O índio sempre foi um desafio, pois alguns o enxergavam como a figura do bom selvagem, outros como o inimigo a ser vencido, tais pressupostos devem ser elencados afim de entender o prisma pelos quais a autora trabalha tais relações no prata.

As missões do prata foram as responsáveis pela catequização dos índios e por civiliza-los, no entanto, aqueles que não haviam cedido a égide da cruz, foram denominados infiéis, e tais formavam deveras um grande obstáculo para os auspícios colonizadores dos espanhóis. Vale o destaque que tal intenção missionária servia a coroa, sua manutenção e intenção eram de fato defender a manutenção das áreas conquistadas, tanto contra o poder europeu, como contra o poder nativo, no entanto tal relação nem sempre ficou tão clara e nem sempre tão aliançada com as intenções dalém do atlântico.

Retomando da digressão, classificar os índios entre fieis e infiéis, trazia obviamente duas ações aos colonizadores, uma primeira de aliança e uma segunda de conquista e agressões, a história tratou de agrupa-los e elenca-los em dois grupos: os amigos da coroa espanhola “missioneiros” e os amigos da coroa portuguesa “minuanos”.

No processo de disputa luso-castelhana pela ocupação da região do Rio da Prata, tal classificação da população nativa foi desdobrada pela historiografia, com uma simplicidade excessiva a meu ver, em aliados definitivos das frentes em disputa: os missioneiros, pela sua posição no império espanhol, estariam sempre associados aos castelhanos. Já os minuanos, por sua vez, atuariam incondicionalmente ao lado dos portugueses -apud GARCIA, 2009- (GARCIA, 2011, p. 56).

Obviamente, conforme destacado anteriormente, tal designação não era advinda das comunidades pré-existentes no prata, mas sim uma construção ibérica, carregando-a de significados e de significâncias políticas, no entanto, tais grupos, (missioneiros e minuanos) não possuíam uma estratificação e uma rigidez demonstrada pela nomenclatura, pois cada um dos grupos intercambiava-se em direção a uma das coroas conforme a suas próprias necessidades e vantagens que tais aproximações e/ou distanciamentos proporcionavam.

Estas aproximações e distanciamentos, motivados pelos interesses indígenas, oriundos da sua própria diversidade e heterogeneidade e mais ainda dos benefícios, não apenas punha em cheque o conceito de aliado ou inimigo, como também invalidade o conceito europeu vigente sobre os povos.

O que a autora demonstra em seu artigo, é que os próprios índios eram agentes da sua sociedade e da sua história, agindo de acordo com seus interesses formulando suas relações sociais a seu favor, ora de um lado, ora de outra, sempre norteados pelas disputadas das regiões de fronteira que neste então estavam sendo cunhadas.

Se as classificações coloniais não correspondiam automaticamente às práticas no cotidiano americano, elas tampouco podem ser consideradas apenas uma formalidade sem quaisquer efeitos na realidade social. Como destacou John Monteiro (2001, p. 57-58), mais do que meramente um instrumento de dominação da população nativa, as classificações coloniais foram também um elemento para a sua sobrevivência. No conjunto das estratégias elaboradas pelos índios, a habilidade para manejar tais classificações de acordo com as diferentes situações tinha um lugar de destaque. Essa possibilidade era potencializada nas regiões de fronteira, onde os estados europeus disputavam não apenas territórios, mas fundamentalmente a aliança com a população nativa. Esta, por sua vez, acabava por rapidamente dominar o cenário de disputa e tentava se inserir nos conflitos de acordo com as suas prioridades. (GARCIA, 2011, p. 59, 60).

A partir do tratado de Madri, a disputa pelas regiões fronteiriças se acentua, fomentando as aproximações com os povos indígenas, esta relação de aproximação foram essenciais tanto para os colonizadores como para os colonizados, e segundo Garcia, promovendo inclusive trocas bastante significativas de ambos os lados, alterando a fidelidade de missioneiros e minuanos. Tal fato apenas ilustra que os agentes eram os índios e estes se posicionavam conforme lhes convinha, elevando a posição do índio em pé de igualdade com o colonizador, sendo a criação e a manutenção da aliança imprescindível para a ampliação das conquistas de mais terras.

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