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Resenha do Capítulo ‘’Astrologia: Seu Papel Social e Intelectual’’

Por:   •  7/6/2019  •  Resenha  •  1.551 Palavras (7 Páginas)  •  174 Visualizações

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A astrologia (do grego astron, "astros", "estrelas", "corpos celestes", e logos, "palavra", "estudo") é uma crença que já fora tratada como ciência e tem sua premissa básica na concepção de que a posição e movimentação de determinados astros influenciam de forma direta nos acontecimentos terrenos. Essa influência poderia ser desde a personalidade individual até ocorrências climáticas. Tal crença surgiu ainda durante a Antiguidade, mais especificamente com os povos sumérios. A astrologia sobreviveu de diversas formas ao longo do tempo e se propagou por diferentes sociedades. Na Idade Média, ela chega na Europa Ocidental o que gerará futuramente impactos culturais causados direta ou indiretamente pelas práticas astrológicas.

O historiador britânico Keith Thomas, se propõe no capítulo ‘’Astrologia: Seu papel social e intelectual’’ do seu livro Religião e o Declínio da Magia analisar justamente certas características culturais condicionadas pela crença astrológica na Europa, mais especificamente Inglaterra, no que diz respeito à produção intelectual e aplicações cotidianas de tal arte.

Inicialmente o autor irá explanar sobre quais eram as aspirações astrológicas, onde tal arte queria chegar e o motivo do apreço das práticas. É interessante a maneira com a qual ele lida com essas questões, pois em vários momentos são apresentados relatos, registros e opiniões da época tratada sobre os astrólogos e seus ofícios. Isso permite um maior contato com as visões dos séculos XVI e XVII. Além disso a narrativa de Thomas é de certa forma cronológica, o que possibilita ao leitor um acompanhamento das transformações da própria astrologia e da sociedade na qual tais crenças estavam inseridas.

Thomas explica o poder de atração da astrologia a partir do caráter universal de suas explicações, ou seja, as respostas dadas pelos astros serviam para diversas áreas da curiosidade humana. Importante lembrar que diversas ciências contemporâneas não existiam tais como a psicologia, sociologia e antropologia. Além das que existiam, mas haviam pouco se desenvolvido como a medicina, a meteorologia e biologia. Portanto, restava ao homem admitir a sua ignorância perante às particularidades dos indivíduos, ao acaso do destino e às intemperes naturais ou dar a tudo isso um sentido, um sentido determinado pelos astros.

O autor concorda que a astrologia foi ‘’a primeira tentativa conhecida de se elaborar um sistema completo da tipologia humana’’ e chama a atenção para as mudanças e complexidades ocorridas nessa prática. Como por exemplo a utilização da astrologia para explicar os fatos políticos presentes e passados e a inclusão da periodização astrológica na historiografia inglesa do século XVI.

Como já dito anteriormente, a astrologia concedia explicações sobre diversos assuntos e isso muito justificava o seu prestígio popular. Isso supria a necessidade de compreensão para vários problemas da época tais como incêndios, desastres climáticos, secas, naturalmente, a peste negra e outras doenças. As conclusões astrológicas tinham dificilmente uma capacidade de verificação de erro ou acerto o que garantia a aceitação popular de seus métodos.

Além dos fatores concernentes à sociedade em geral, os astrólogos eram consultados para questões particulares. Os clientes buscavam aí fugir do acaso de seus infortúnios e dá-los um sentido fantástico. Dessa forma, a prática de leitura dos astros afirmava ter também uma capacidade de conceder o autoconhecimento.

Essa aplicação da astrologia no âmbito particular não acabava por aí. Os horóscopos eram muito difundidos e apresentavam possibilidades futuras e males a serem evitados pelos crentes da astrologia. Serviam até de ‘’guia para profissões’’ às crianças e falavam quando se devia propor um casamento ou pedir um empréstimo, por exemplo.

Ou seja, as crenças astrológicas estavam difundidas culturalmente. Para Thomas o fato é bastante coerente com a realidade da sociedade europeia dos séculos XVI e XVII. Isso porque a observação dos céus, não necessariamente para fins de estudo astrológico, era muito mais comum e necessária naquela época. As limitações tecnológicas tornavam a orientação pelos astros essenciais para a localização temporal e a previsão das épocas de colheitas. Além disso tais observações também serviam de base para a previsão do tempo e das estações. Logo, a familiaridade com os corpos celestes era muito grande e achar que esses exerciam uma influência cotidiana era para muitos algo lógico. Nesse caso as previsões astrológicas traziam uma cadeia de consequências sociais e políticas.

Nessa parte do texto, o historiador realiza com sucesso uma descrição da organização daquela sociedade que ocorria ainda por meios naturais e não artificiais, no caso esse meio são os céus e seus ciclos.

Apesar de muito útil e fazer parte da percepção da realidade da época, a astrologia era cheia de fracassos em suas conclusões. Pois, uma arte que afirma a influência da posição relativa de corpos celestes sobre as mediações terrenas e em elementos tão plásticos como a personalidade humana e o destino não tem fundamento algum e está destinada ao erro.

Todavia, a prática ainda resistiu. Mas como? Segundo o autor isso se deve a determinadas características dos métodos e conclusões astrológicas. Nenhum astrólogo afirmava seus prognósticos a partir de um ponto inexorável e obrigatório, ou seja, não se faziam previsões certas e fechadas, mas sim conjunturas prováveis de acontecer, mas que podem sofrer influência de outros fatores e não se concretizarem.

Portanto, enquanto o cliente buscava previsões precisas, os dominadores da arte astrológica concediam respostas cheias de ‘’se’’ e ‘’porém’’ além de muito ambíguas. Já na época, alguns tinham consciência da prática como é observável em sátiras e críticas feitas por intelectuais.

Além disso, quando um prognóstico não condizia com a realidade, os astrólogos podiam recorrer à ideia de ‘’vontade divina’’. Tal mecanismo transformava seus erros em milagres imprevisíveis e mantinha a autoridade da astrologia.

O autor fala também de um fenômeno interessante decorrente desses erros astrológicos. Muitas

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