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Resenha do livro "Revolução de 1930: a dominação oculta" - Ítalo Tronca

Por:   •  17/5/2017  •  Resenha  •  1.123 Palavras (5 Páginas)  •  778 Visualizações

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UNIFAI - Centro Universitário Assunção

Michelle SALOUM - 6º semestre História    

                       

Resenha

TRONCA, Ítalo. Revolução de 1930: a dominação oculta. São Paulo: Brasiliense, 1986.

Através da obra de Ítalo Tronca é possível ter uma visão mais ampla da realidade da revolução de 1930. O mais comum é atribuir os méritos dos sucessos que conduziram a 1930 às classes médias urbanas, compostas por funcionários públicos, profissionais liberais, e seu segmento mais radical, os "tenentes". Porém, através de sua obra Tronca busca mostrar que a história oficial, segundo ele, buscou ideologicamente apagar a memória dos vencidos na luta, glorificando apenas os vencedores.

Os vencidos, segundo o autor, seriam os proletários, especialmente os operários urbanos, que não faziam parte das oposições que estavam no interior do sistema dominante, mas que também se articularam com uma proposta de revolução. Porém a história oficial analisa os proletários como sendo uma classe pacífica, duramente reprimida e dividida internamente entre anarquistas, comunistas, socialistas e cristãos, incapaz de promover qualquer ação revolucionária.

A essa análise é atribuída também a incapacidade de realização das aspirações das classes médias após 1930 devido a sua dependência da grande propriedade agrária, tanto materialmente, quanto política e ideologicamente. Portanto, acabaram apoiando outras oligarquias, as lideradas por Getúlio Vargas, que também estavam descontentes com a política do Café com Leite, por não se beneficiarem dela.

Buscando desconstruir este raciocínio, Ítalo Tronca enfatiza a criação do Partido Comunista Brasileiro, em 1922, e a sua participação ativa na mobilização de operários em oposição ao governo oligárquico. O autor afirma que a criação da idéia de que existiu uma revolução em 1930 apagou da memória popular o confronto que realmente existia no país nesse momento, a luta de classes, travada entre burgueses e proletários.

Baseando-se na dissertação de Kazumi Munakata (Trabalhadores urbanos no Brasil e suas expressões políticas: história e historiografia, pelo Programa de Mestrado da Unicamp), Tronca busca apontar que, para alcançar seus objetivos, o PCB buscou uma hegemonia sindical entre 1924 e 1928, unificando os trabalhadores que estavam dispersos em diversos sindicatos, e afastando qualquer resquício do anarco-sindicalismo, que era até então a principal corrente que influenciava o movimento operário no Brasil. Através da hegemonia sindical, os comunistas buscavam a formação de um único bloco que conquistasse suas reivindicações.

Espelhando-se no triunfo do bolchevismo na Revolução Russa de 1917, e na III Internacional Comunista, organismo fundado em 1919 na URSS, o PCB enxergava nos anarquistas os principais inimigos dos trabalhadores pois sua doutrina seria de países atrasados industrialmente. Assim, ofereceram aos anarquistas a proposta de formação de uma frente única que, partindo da determinação de enfraquecimento das organizações operárias pelo capitalismo, deveriam deixar suas divergências em segundo plano, colocando à frente os interesses da maioria.

Na verdade, o que se verifica é que essa atitude do PCB era uma maneira de reduzir a influência dos anarquistas sobre os trabalhadores, até que não tivessem mais representatividade alguma. Com a formação de uma frente única, os grupos aliados ajudariam a criar condições para a instauração de uma ditadura do proletariado, e depois seriam eliminados, tendo que aceitar unicamente os ideais comunistas. Sabendo disso, os anarquistas recusam terminantemente a proposta da formação de uma frente única. Os comunistas utilizam então a estratégia de acusar de traidores das causas operárias, ou reformistas, aqueles que recusaram unir-se a eles.

A partir de 1927, o PCB adquire a hegemonia sobre o movimento sindical, com uma política centralizadora e burocrática, buscando disciplinar e controlar os movimentos.  Nesse mesmo ano, sob o governo de Washington Luiz, o PCB é colocado na ilegalidade, o que provocou o surgimento do Bloco Operário e Camponês (BOC), representante do partido nas atividades públicas. Mesmo lutando pelos direitos sociais dos operários, as propostas do PCB/BOC não contrariavam o sistema social vigente, dando um caráter “reformista” a suas estratégias de uma revolução democrático-burguesa.

A partir de 1928, o BOC estabelece alianças com duas forças políticas que opunham-se a hegemonia do Partido Republicano Brasileiro no poder, os revolucionários de 1922 e 1924, designados tenentes, e o Partido Democrático Paulista. Na perspectiva do BOC, os grandes problemas do Brasil estavam no domínio da oligarquia, formada pelos grandes proprietários de terra, e na dependência do capital estrangeiro. Portanto, contavam com uma aliança entre os operários, camponeses e a pequena burguesia, classes que tinham um inimigo em comum, as oligarquias dominantes.

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