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UMA ANÁLISE DAS TRÊS VERSÕES DA BNCC (HISTÓRIA), SOB A ÓTICA DA CONCEPÇÃO DE CURRÍCULO PÓS-ESTRUTURALISTA

Por:   •  28/10/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.576 Palavras (11 Páginas)  •  473 Visualizações

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Faculdade de Educação da UFRJ

Curso de Especialização Saberes e Práticas na Educação Básica – CESPEB

Disciplina: Teorias de Currículo: Diferentes perspectivas e enfoques teóricos

Professoras: Cinthia Araujo e Mariana Amorim

Aluna: Roberta Alves Silva

UMA ANALÍSE DAS TRÊS VERSÕES DA BNCC (HISTÓRIA), SOB A ÓTICA DA CONCEPÇÃO DE CURRÍCULO

PÓS-ESTRUTURALISTA

Rio de Janeiro

2017

Resumo

O presente artigo abordará, brevemente, a história do campo curricular, no Brasil e no mundo, para poder apresentar a vertente pós-estruturalista do currículo, na qual o texto se afiniza. O trabalho tem como objetivo central pontuar alguns aspectos referentes às três versões da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), relativas ao conteúdo de História do Fundamental II (6º a 9º ano) e do Ensino Médio (1ª a 3ª série), a partir de uma perspectiva curricular pós-estruturalista. O trabalho refletirá sobre o engessamento e falta de inovação da versão mais recente da Base Curricular, abordando aspectos relacionados às disputas de poder que envolvem o campo de elaboração de um currículo nacional. Por fim, o texto pensará em possibilidades de inovação em meio a um cenário de retrocessos na macropolílica brasileira, em geral, e na área educacional, em particular.

Palavras-chave:

Currículo; Pós-estruturalismo; Base Nacional Comum Curricular (BNCC); Ensino de História; Currículo de História.


        O que é currículo? Esta é uma pergunta difícil de responder. Apesar de nunca ter sido boa aluna em Física, aprendi que diferentes respostas podem ser obtidas, dependendo do referencial. Portanto, a definição de currículo depende da perspectiva teórica daquele que analisa o significado do termo.

        Na obra Teorias de currículo[1], Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo traçam um breve panorama sobre diferentes concepções curriculares, que teriam em comum apenas “a ideia de organização, prévia ou não, de experiências/situações de aprendizagem realizada por docentes/redes de ensino de forma a levar a cabo um processo educativo”[2]. Porém, qual e como deve ser este processo educativo, são múltiplas as possibilidades.

        Segundo as autoras supracitadas, o termo currículo foi utilizado pela primeira vez em 1633, no entanto, apenas no início do século XX que passou a existir a preocupação com uma seleção propriamente dita do que ensinar, em um contexto de crescente industrialização em nosso país e no mundo. Em tal período, surgiram alguns movimentos impactados pelo processo industrial, sendo uns mais preocupados com uma formação tecnicista e voltada para o mercado de trabalho e outros mais preocupados com questões sociais. Dentre os movimentos do período, houve o eficientismo, o progressivismo e a Escola Nova, que chegou ao Brasil na década de 1920[3].

        No final da década de 1940, houve como destaque, a teoria curricular da racionalidade tyleriana, que buscou uma visão tecnicista do eficientismo e uma preocupação social do progressivismo, embora, estivesse mais vinculada à primeira destas vertentes curriculares. Neste momento, tornou-se central o aspecto avaliativo do currículo[4].

        Nos anos 1970, teorias marxistas (reprodutivistas) de currículo criticaram as concepções anteriores por considera-las como parte do aparato de controle social, denunciando a finalidade de manutenção/desenvolvimento da exploração capitalista nos modelos curriculares vigentes, perpetuando a desigualdade. Percebeu-se, neste momento, que o currículo não formava apenas alunos, mas a própria construção do conhecimento, havendo uma profunda reflexão acerca do que ensinar e qual o seu propósito. Tais concepções marxistas chegaram ao Brasil no momento de redemocratização do país, na primeira metade dos anos 1980, lançando as bases da Pedagogia Histórico-Crítica, de Saviani, retomando muitas das ideias de Paulo Freire[5].

No mesmo período mencionado, os estudos de Michael Apple ganharam destaque, voltando o seu olhar para as interações cotidianas na sala de aula, sendo este um espaço que poderia servir como reprodução das relações de classe vigentes fora do espaço escolar. Houve, assim, a preocupação com um currículo que não perpetuasse desigualdades[6].

Por fim, usando como base o texto de Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo[7], as autoras falam sobre as concepções estruturalista e pós-estruturalista de currículo, sendo que o pós-estruturalismo só chegou no Brasil na década de 1990, havendo destaque para as traduções e produções de Tomaz Tadeu.

Tanto o estruturalismo quanto o pós-estruturalismo[8] têm uma concepção não realista da linguagem, acreditando que a linguagem não representa o mundo, e sim, o cria. Por exemplo, a noção de infância se constituiu na Era Moderna, portanto, um indivíduo que hoje é considerado como uma criança, na Antiguidade seria visto como um “adulto pequeno”. Aliás, a própria noção de indivíduo, igualmente, advém da Modernidade. Uma diferença entre o estruturalismo e o pós-estruturalismo é que, apesar da concepção não realista, a matriz estruturalista ainda defende a existência de uma estrutura que subjaz aos fenômenos, ao contrário da vertente pós-estruturalista, que, por tal razão, é confundida por alguns pensadores como sendo pós-moderna[9].

A partir deste breve panorama sobre a teoria do currículo, considero que as diferentes vertentes curriculares trazem suas contribuições e são datadas, na medida em que surgiram em contextos históricos específicos, ainda que algumas ideias de concepções antigas estejam presentes na atualidade. Por exemplo, cursos pré-vestibulares, preocupados com a inserção de jovens em universidades e no mercado de trabalho, em geral, apresentam uma visão tecnicista da educação. Utilizo, neste artigo, a matriz pós-estruturalista, na medida em que defendo que não existe uma única resposta para a pergunta “O que é currículo?” Em realidade, currículo é uma construção marcada por relações de poder que disputam uma concepção de ensino, de acordo com interesses ideológicos e políticos, seja no âmbito da micro ou da macropolítica[10].

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