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A Adaptação Cinematográfica de Terra Sonâmbula

Por:   •  27/2/2018  •  Trabalho acadêmico  •  892 Palavras (4 Páginas)  •  598 Visualizações

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

Graduação em Letras – Tecnologias de Edição

Literatura Brasileira e suas Relações com Outras Literaturas

Adaptação Cinematográfica de Terra Sonâmbula

Gabriel Henrique de Castro Souza

Belo Horizonte

2017

Adaptação Cinematográfica de Terra Sonâmbula

O cinema tornou-se uma forma de linguagem altamente expressiva em nossa sociedade. Porém, é necessário ressaltar que seu aspecto didático muitas vezes é esquecido. Ele é visto, na grande maioria das vezes, apenas como uma forma de entretenimento e lazer, mas não se restringe somente a isso.

As adaptações, como sugere Contaminatio sobre a literatura romana, é a utilização de textos para criar um original. Dessa forma, a adaptação não é um plágio, e sim uma inspiração de um texto de outra pessoa, misturando contextos para formar um novo.

Um passo importante, e que deve ser o primeiro na adaptação, é a escolha do que será adaptado. Não se pode escolher uma obra qualquer; ela deve ser adaptável (já que não são todas as obras que o são).

Neste caso, trata-se do livro Terra Sonâmbula de Mia Couto. A dificuldade da adaptação se dá em sua grande parte simbólica, numa terra vazia. Nesta terra onde um autocarro (machibombo), queimado, cheio de corpos carbonizados pelo fogo que o destruiu, serve de asilo para as duas personagens principais do filme, Muidinga e Tuahir. À volta deste autocarro, ambos vivem com o sentido de sobreviverem às bombas que minam os campos, à fome e ao morticínio iminente. O papel escrito serve para fazer fogueiras, e não para ler ou mesmo para usar a imaginação e sonhar.

Estamos em presença de um road movie realizado pela diretora portuguesa

Teresa Prata, cuja história se passa em Moçambique. É o seu primeiro longa-metragem e conta com apenas dois atores profissionais no elenco: a moçambicana Ana Magaia e a portuguesa Laura Soveral. Todos os outros atores, incluindo o menino de 12 anos que protagoniza Muidinga (Niko Lauro), são amadores.

Duas histórias separadas pela guerra e unidas por um diário. Entre a Guerra

Civil e as histórias de um diário perdido, Muidinga e Tuahir são os heróis deste filme. Muidinga encontra um diário ao lado de um cadáver, que conta a história de uma mulher que encerrada num navio procura o filho. Ele convence-se de que é o menino procurado no diário. Então ele começa a procurar essa mulher, com Tuahir, um velho seco e cheio de histórias que o trata como filho.

Durante a viagem eles se movem por entre refugiados em estado de delírio. Para não enlouquecerem, eles buscam ajuda um do outro. A estrada por onde caminham, como sonâmbulos, tem um tom de magia. Ela entende os seus desejos e move-os de um lugar a outro, não os deixando morrer enquanto eles não alcançarem o tão sonhado mar. Os dias são duros, de fuga, da fome; as noites são de busca de uma história de aventuras.

O cartaz do filme traz a frase "O sonho faz andar a estrada". O longa é lírico e mágico de forma natural, assim como o livro, um tipo de fábula. A linguagem é poéticas, como se fosse pronunciada por crianças, ainda cheias de inocência na alma. Há duas histórias que se interceptam. O roteiro é inteligente, simples e extremamente competente com seus diálogos metafóricos. Um homem ensina a uma criança em crescimento a dura realidade da vida.

O roteiro do filme é muito fiel ao romance de Mia Couto, que já aprovou e elogiou a adaptação, mas isso acaba tornando o filme preso demais à literatura. A maioria das imagens é feita em transposição direta, a única tentativa fora disso está na tentativa de criação de atmosfera da neblina e os tons amarelados.

Um dos maiores destaques da adaptação cinematográfica é a importância dada aos antepassados para os africanos, ressaltada no momentos da pilhagem da venda do amigo de Kindzu, quando o próprio amigo diz que, é “índico”, portanto não possui antepassados, e assim ninguém o veio consolar pelo roubo; e quando o velho que captura Muidinga e o “tio” da armadilha na árvore frutífera fala tristemente da morte da árvore dos antepassados e teme que sua morte seja o fim de toda a sua cultura.

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