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A LITERATURA DE EXPRESSÃO AMAZÔNICA

Por:   •  4/10/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.731 Palavras (7 Páginas)  •  1.119 Visualizações

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A LITERATURA DE EXPRESSÃO AMAZÔNICA

Vertente que surgiu através do romantismo, para valorizar aspectos regionais e culturais da Amazônia indo de contraponto a cultura vigente exteriorizada (Cf. Airis, p. 1). Os leitores costumam ser bombardeado pela cultura que vem de fora, deixando de lado a beleza e importância de sua cultura que o cerca, existe uma discussão entre os valores locais e os universais que circundam a literatura de expressão amazônica, “a expressão literatura amazônica, além de ser acanhada demais, fere a universalidade, princípio básico a qualquer manifestação que se deseje artística” (Cf. Nunes, 2005).

Em torno da discussão dos valores universais e regionais, deve se levar em conta todo contexto que enquadra-se a relevância para a cultura local ou não, assim encontram-se alguns posicionamentos divergentes em opinião sobre a importância do local e o universal. Mesmo acreditando na discussão em torno do universal e o local, Nunes se contrapõe a ideia de Pantoja que acredita que se pode suprimir o regional a favor do universal (Cf. Bezerra, p. 2). Bezerra ainda salienta que sem o local, regional ou particular não se pode ter o universal.

Deve-se destacar que as duas concepções são pertinentes quando se aborda a literatura de expressão Amazônica. “Os valores regionais, hábitos, costumes, línguas, sempre estiveram em confronto com a busca de uma universalização da cultura. A aceitação das diferenças e da valorização dos diversos discursos que compõe as sociedades contemporâneas” (Cf. Bezerra, p. 3).

Segundo Nunes (2011) as obras paraenses que se encaixam na literatura de expressão amazônica apesar de retratar a realidade do povo da região transcendem as fronteiras que os rios paraenses delimitam rompendo as barreiras regionais universalizando-se. Este por sua vez devido a fragmentação da literatura brasileira denomina essas obras como literatura brasileira de expressão amazônica.

A Amazônia apesar de ter senários maravilhosos para histórias e obras como a de Benedicto Monteiro, é vista sob um olhar externo que só se preocupa com as matérias nela produzida e sua rica fauna e flora, o homem amazonense (paraense) fica como preocupação secundaria ou inexistente. “A tradição é a formação da continuidade literária, quando ocorrem as transmissões, e o artista produz a sua arte sem desatrelar-se à história que o colocou nesse espaço sociocultural (Cf. Bezerra, p. 3). No entanto, quanto mais o homem adentra neste mundo verde e labiríntico, vezes desconhecido por muitos, o cenário alegre e reconfortante passa a mesclar-se com um mundo ameaçador de crenças e mitos.

Mergulhado no ambiente pluvioso e fluvial da região amazônica, mais precisamente no estado do Pará, João de Jesus Paes Loureiro produz uma reflexão meditativa sobre a relação entre cultura e poiesis. Relação mútua e perpétua na qual o artesão da palavra incube-se de apossar-se para dar forma ao material primordial de seu labor: a linguagem (Cf. Ferreira, p. 3).

Paes Loureiro cita que o processo de criação das obras de literatura d expressão amazônica nesse caso as obras paraenses carregam muito da cultura e costumes do povo paraense, os mitos descritos nessas histórias deixam de lado as convenções sociais. “No caso do mito, a sua conversão em poesia acontece quando a dominante deixa de ser mágico-religiosa para tornar-se estética. Quando o mito deixa de ser o funcionamento de códigos sociais e passa a ser linguagem significante, ou uma prática significante” (Loureiro, 2009). Loureiro é referência quando se trata de literatura de expressão amazônica, aqui apresentado como literatura paraense suas ideias e a forma poética que trata a região em tela, sua contribuição para a visibilidade desta categoria literária é notória.

Objeto que espelha e reflete a cultura e os signos de dada região, a poesia é, para Paes Loureiro, imagem representativa da própria identidade do poeta. Não por acaso, para o autor, poesia é contemplação onírica do belo, tal como no ato de Narciso ao admirar sua beleza na água do rio (Cf. Ferreira, p. 4)

Já o professor doutor Fernandes em seu artigo utiliza de uma frase de Benedito Nunes que traduz muito do que é essa cultura e pelo que passa a literatura de expressão amazônica no campo desta pesquisa, mais precisamente na literatura paraense.

“A expressão literatura paraense, além de ser acanhada demais, fere a universalidade, princípio básico a qualquer manifestação que se deseja artística”, completando que a manifestação literária de autores nascidos no Pará não pode cair na fórmula fácil de designações que induzem a uma afirmação de nossa cultura como “exótica, regional, incapaz de difundir sentimentos universais” (Cf. Fernandes, p. 2)

Este diz que para se ter uma melhor visibilidade e melhor utilização deveria ter uma superfragmentação da literatura brasileira, pois assim muitos cantos perdidos no país seriam descobertos através da divulgação de sua cultura através de sua literatura, quantos heróis, estórias, mitos e lendas estão perdidos por não terem a visibilidade que merecem, quantas culturas foram deturpadas por não terem oportunidade de se expressar.

Não se pode, em nome do desejo de universalização, suprimir o regional. O universal não existe sem o particular, o nacional não existe sem o regional, de modo que, em nome do primeiro, não se pode ignorar o segundo. E muito embora concorde com Nunes quanto à postura simplória que leva alguns a “misturar palavras azedas que provocam estranhamento a olhos e ouvidos”, não vejo que haja, entre este tipo menor de literatura e a denominação pátria Literatura Paraense, uma relação necessária e exclusivista que autorize esta literatura de baixa qualidade a representar a “manifestação literária de autores nascidos no Pará”. (Cf. Fernandes, p. 4).

O saudoso Benedito Nunes via a literatura paraense como uma parte vibrante da literatura brasileira, onde é considerada de uma perspectiva global sendo também regional. Logo a literatura de expressão amazônica sendo parte da literatura brasileira trata de assuntos pertinentes a essa região, sob um olhar de dentro para fora e não sendo deturpada por visões exteriorizadas. Quando se usa a palavra regional, deve-se ter consciência que se trata de um local especifico.

O modo de produção continua o mesmo, mas as condições de produção do capitalismo são distintas, conforme a região e a cultura ali existente, ou resistente: a narrativa literária se distingue exatamente por isso, por ser a história de conflitos e acordos entre estas instâncias. E aqui podemos afirmar, que existe sim uma universalidade, mas a das diferenças. E essas diferenças são objetivadas na paisagem, um outro conceito não só da geografia, mas também presente nos estudos literários (Cf. Fernandes, p. 5).

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