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A SELVA - FERREIRA DE CASTRO

Por:   •  5/4/2017  •  Resenha  •  681 Palavras (3 Páginas)  •  2.272 Visualizações

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A Selva – Ferreira de Castro

Sabe-se que Ferreira de Castro, autor de “A Selva”, passou alguns anos de sua vida no Brasil, principalmente nos seringais da região amazônica, onde se passa a trama de sua obra. Por meio da história da personagem Alberto, uma das principais do livro, o autor retrata as amargas experiências vividas aqui, por isso, seu romance é considerado autobiográfico.

Alberto, europeu, monarca, estudante de direito, imigra para o Brasil com o pensamento de acumular riquezas e por seu posicionamento político ser divergente ao que se estabelecia em Portugal. Ao chegar, depara-se com uma crise no país, não consegue emprego, e o tio com quem morava o incentiva a trabalhar no seringal Paraíso, que de paraíso mesmo só tinha o nome.

O jovem europeu, que era acostumado com suas regalias, viaja até o seringal em um barco de péssimas condições com outros seringueiros, todos amontoados, sem nenhum conforto e higiene. A maioria desses seringueiros eram nordestinos, apenas homens, que saíam de suas casas deixando suas famílias, em busca de melhores condições de vida. Mas estes, já inciavam sua viagem contraindo dívidas, pois esta, saía as custas do patrão e seria paga com o trabalho.

Além de cobrar pela viagem até Paraíso, Juca Tristão cobrava um valor absurdo pelo material de trabalho para extração da borracha e pela comida que os seringueiros pegavam em seu armazém, criando assim, um ciclo escravagista em que os seringueiros jamais conseguiriam pagar tais dívidas, pois o que produziam não era suficiente para pagar por aquilo que precisavam. Todo dinheiro que saía do bolso do patrão, retornava para o mesmo lugar.

Ao chegar em Paraíso, Alberto choca-se com as condições de vida e trabalho das pessoas que ali viviam, comparada a sua realidade e sentimento de superioridade. Era um negócio miserável. Tudo ali era vendido, até a condição humana, pois não restava para os trabalhadores de paraíso nem a dignidade, eram como objetos, máquinas para lucro de um único homem.

Durante o enredo, Alberto diminui seu ego, provando o sabor amargo de sobreviver na selva, pois naquele lugar não se tinha vida. Todo o seu individualismo vai se desfazendo ao partilhar dos sofrimentos com os seringueiros. A Selva outrora talvez vista como a possibilidade de ser a “El Dourado”, mostra-se de forma cruel com os homens que ali estavam. Os ataques de animais selvagens, as doenças, a fome, cansaço e as pelejas com os nativos eram situações diárias travadas pelos seringueiros, nas quais muitos deles perdiam suas vidas.

A medida em que a história decorre, Ferreira de Castro descreve cenas cruéis em seu livro. Os homens do seringal já tinham aflorado seus piores extintos e estado mental. O sexo com animais era algo comum nesse cenário já que a presença feminina era totalmente ausente na narrativa, e uma das personagens, o seringueiro Agostinho, levado por seu desejo sexual doentio, deseja casar-se com uma menina de nove anos, ao ponto de tentar estuprá-la, não fosse impedido por um dos capatazes do patrão. O próprio Alberto, fantasia um romance proibido com a mulher do gerente do seringal, dona Yáyá, chegando a desejar a morte do chefe, mas nada sai de sua mente. A partir daí, ele observa que a única diferença que há entre ele e os outros é o grau de instrução,

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