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Analise do Conto Pai contra Mãe

Por:   •  17/9/2017  •  Relatório de pesquisa  •  3.141 Palavras (13 Páginas)  •  788 Visualizações

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FACULDADES INTEGRADA SANTA CRUZ DE CURITIBA - FARESC

ANÁLISE DA OBRA

PAI CONTRA MÃE

JOELCIO FERREIRA PEDROSO

ARAUCÁRIA/PR

2017

(...)"A abolição é a aurora da liberdade;

esperemos o sol; emancipado o preto,

resta emancipar o branco."

(Machado de Assis. Esaú e Jacó)


APRESENTAÇÃO

A proposta desse manual é fornecer uma análise do conto “Pai contra Mãe” as alunos das FACULDADE SANTA CRUZ que será  e apresentado na I Jornada de Iniciação Cientifica de Letras e Educação.

A qualidade desses trabalhos dependerá de alguns requisitos que precisam ser rigorosamente seguidos, entre os quais o a abordagem do enredo do conto, respeito a análise critica  das visões de Machado de Assis.

Por essa razão, os estudantes universitários devem estar familiarizados com a biografia do autor, Machado de Assis.

A Análise aqui apresentada, embora não seja exaustiva, fornecem os principais parâmetros para o entendimento e compreensão do conto e da visão do autor naquela época, que será observado que não é muito diferente da atual


"Pai contra mãe" conto de Machado de Assis,

O autor aponta nesse conto uma consciência dos problemas que atingiam a classe emergente de assalariados do final do séc. XIX, assim como uma preocupação da questão da escravidão.

“”..A ordem social e humana, nem sempre se alcança sem o grotesco e algumas vezes o cruel...”

O conto se inicia com quatro grandes parágrafos descritivos

A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido as outras instituições sociais..”

Percebe-se pelo uso do tempo verbal na primeira oração – Levou – essa informação nos fornece a ideia de que o assunto a que se tratara é passado. O narrador nos passa uma possível duvida da narração, posteriormente ao fim da escravidão no Brasil. Dá-se relevância a essa informação porque a ação da historia narrada ocorre dentro do Brasil escravagista.

“..Há meio século os escravos fugiam com frequência..”

É de se notar que esse “há meio século” remete a ação do conto para um momento anterior.

Outro dado interessante naquele primeiro período é o fato de vir ali expresso um possível assunto do conto: a escravidão seus ofícios e os aparelhos destes, ao mesmos, é a expectativa que se cria de imediato ao ler o período

Uma informação que chama a atenção é o reconhecimento da escravidão como uma instituição social, aquela inicia o período, esta o fecha. As duas são complementares e definidoras uma da outra. Será justamente a escravidão como instituição social que dará “status” de oficio a atividade que será apresentada no quinto parágrafo, e que será também o oficio do personagem principal, capturar escravos fugidos.

Na sequencia temos a descrição dos aparelhos que se ligam aquele oficio, o “ferro ao pescoço”, o “ferro ao pé” e “mascara de folha-de-flandres” são alguns desses aparelhos. As descrições são bem peculiares, o narrador não se limita a uma simples descrição do objeto

..”..a mascara de folha-de-flandres tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado..”

Também  descreve sua função e utilidade social.

“..a mascara fazia perder o vicio da embriaguez dos escravos, por lhes tapar a boca (...) com o vicio de beber, perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede e ai ficavam dois pecados extintos (...) era grotesca tal mascara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e algumas vezes o cruel..”

A esta afirmação que e dita ao leitor com a mesma ‘’naturalidade’ com que apresenta o assunto que encerra, como se o seu sentido fosse consensual porque natural, somam-se duas outra no segundo e terceiro peragrafo.ao falar sobre o “ferro no pescoço” afirma o narrador “pisava, naturalmente mas era menos castigo que sinal. E ao comentar a cerca das constantes julgas que ocorreram” no meio século “ e sobre as pancadas que sofriam os negros fujões

“...havia alguém em casa que servia de padrinho e o dono não era mau; além disso ,o sentimento da propriedade moderava a ação ;porque dinheiro também dói..”.

Esses três comentários ,com nítido teor irônico-porque fala de algo serio e grotesco num tom de fingida naturalidade-intercalados com descrição dos objetos e com a frequência das fugas, são bastantes significativos não só pelo obvio conteúdo critico, porque irônico, pois permitem do leitor inferir uma posição do narrador em relação do assunto aparente do conto, mas também porque esses comentários já adiantavam explicações acerca da ocupação da personagem principal do conto

O quinto paragrafo apresenta o oficio de pegar escravos fugidos “oficio do tempo´´ era também “instrumento de força com que se mantém a lei e propriedade”. Essa sucinta e clara descrição revela significativamente os porquês das afirmações anterior. Trata-se aqui de uma instituição não só social, mas também comercial, por isso a necessidade de leis que assegurem a propriedade. A força, já expressa pelos aparelhos descritos atrás, faz-se então necessária. Dai a um oficio que a aplique é um passo só

“A ordem social e humana” requeria esse tipo de oficio que “não seria nobre, mas por ser instrumento da força com que se mantém a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita nas ações reivindicadoras”. Esta “nobreza implícita” contém a mesma carga irônica das outras duas afirmações e a ela se liga na composição do quadro escravagista brasileiro da segunda metade do século XIX

Cabe ressaltar que esse discurso irônico, pode muito bem ser lido como um discurso conservador que busca assegurar o direito a propriedade. Direito para o qual o autor sempre chamou a atenção, principalmente porque via nele a mola propulsora e organizadora da sociedade. Ao se pensar em ironia, deve-se ao fato, do autor utilizar-se dessa mesma ironia, afirmando sua defesa pela liberdade humana e sua condenação ao processo escravagista, tanto a defesa quanto a condenação são feitas não veemente, mas através do discurso da dissimulação própria do autor. (Para análise de um possível discurso “conservador” em Machado de Assis cf. FAORO, 1976; e BOSI, 1982.)

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