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Análise Gregorio de Matos

Por:   •  18/5/2021  •  Monografia  •  573 Palavras (3 Páginas)  •  222 Visualizações

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[pic 1]IES en Lenguas Vivas “Juan Ramón Fernández”

Curso de formação de professores em Português

Literatura da língua portuguesa com ênfase em literatura brasileira.

Professor: Santiago Ure Dibar

Análise do poema "Não vi em minha vida formosura", de Gregório De Mato.

Não vi em minha vida a formosura

Não vi em minha vida a formosura,

Ouvia falar nela cada dia,

E ouvida me incitava, e me movia

A querer ver tão bela arquitetura.

Ontem a vi por minha desventura

Na cara, no bom ar, na galhardia

De uma Mulher, que em Anjo se mentia,

De um Sol, que se trajava em criatura.

Me matem (disse então vendo abrasar-me)

Se esta a cousa não é, que encarecer-me.

Sabia o mundo, e tanto exagerar-me.

Olhos meus (disse então por defender-me)

Se a beleza hei de ver para matar-me,

Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me.

        Para começar a análise do poema "Não vi em minha vida formosura", de Gregório De Mato, podemos dizer que é um soneto, já que está composto por quatro estrofes, as duas primeiras de quatro versos cada uma, os quartetos, e as duas últimas de três versos, cada uma, os tercetos.

        É um poema com características do período Barroco. Podemos verificar essa afirmação  no primeiro quarteto: temos um homem com sentimentos de angústia porque nunca tinha visto a formosura, somente ouvido falar dela “Não vi em minha vida a formosura, Ouvia falar nela cada dia”. Mas, quando finalmente consegue vê-la no segundo quarteto “Ontem a vi por minha desventura”, o leva a um estado de conflito marcado pela oposição do desejo carnal e a culpa que isso gerou nele, por isso diz que a viu pela sua desventura, dando começo ao seu conflito interior.

        Outra das características do período, é que coloca muita ênfase nas impressões sensoriais: “Não vi em minha vida a formosura, ouvia falar nela cada dia, e ouvida me incitava, e me movia A querer ver tão bela arquitetura.”, nomeia questões visuais, auditivas, que derivam em sensações corporais ante a beleza desse corpo feminino que tinha imaginado.

        Trata-se de uma lírica amorosa, amor por uma mulher formosa, que leva a esse homem a sentir desejos carnais “me incitava, e me movia”, mas ao mesmo tempo a via como um anjo “De uma Mulher, que em Anjo se mentia” pertencente  ao plano divino. Chamou a minha atenção as palavras “Mulher”, “Anjo” e “Sol” em maiúsculo, talvez por serem para ele entidades de um nível superior que vão além deste mundo, pela impressão que causaram nele.

        Essa oposição mulher-anjo é uma clara antítese, entre o terreno e o divino, o céu e a terra, o carnal e o espiritual, o sensual e o místico, o religioso e o erótico. Essa tentação o leva a sentir desejos sexuais dos quais se sente culpado ao ponto de pedir a morte “Me matem (disse então vendo abrasar-me) Se esta a cousa não é, que encarecer-me. Sabia o mundo, e tanto exagerar-me.”, para se livrar dessa culpa.

        Já no último terceto, expressa “Olhos meus (disse então por defender-me) Se a beleza hei de ver para matar-me, Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me”. Tão grande é esse sentimento que gerou essa mulher nele, que preferi ficar cego a se perder no inferno por seus pensamentos pecaminosos.

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