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Análise do "Filme do desassossego. de João Botelho

Por:   •  3/5/2018  •  Resenha  •  579 Palavras (3 Páginas)  •  1.037 Visualizações

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Filme do desassossego

        Obra cinematográfica escrita pelo diretor João Botelho, basaeda no "Livro do desassossego", obra central da literatura portuguesa, do autor Fernado Pessoa.

        O enredo decorre em um período de três dias e três noites, na rua dos Dourados em Lisboa, tendo como personagem principal Bernado Soares - o quase heteronimo que Pessoa criou para espelhar sua vida na cidade - um ajudante de guarda livros solitário e atormentado, que vai anotando seus pensamentos e angústias em um livro, intitulado como "Livro do desassossego". Um homem que "inventa sonhos e estabelece teorias sobre ele, onde a própria matéria dos sonhos torna-se palpável, visível."

        O filme tem início com a personagem principal declamando o poema chamado "Desassossego", escrito por Fernando Pessoa em 20 de janeiro de 1913. Logo em seguida, é feito uma descrição de Bernado: "Era um homem que aparentava 30 anos, magro, curvado exageradamente quando sentado e mais ou menos quando de pé, vestido com certo desleixo e não inteiramente desleixado. Na face pálida, demostrava um ar de sofrimento e era difícil definir que espécie de sofrimento ela indicava; parecia indicar vários: privações, angústias e até o sofrimento que nasce da indifrença, de ter sofrido muito." A construção desse personagem chama bastante atenção, visto que o filme consegue lhe dar vida, ao ponto de podermos pensar que ele existia.

        Botelho constrói o filme sob um viés abstrato, com índices de realidade e impossibilidades, exibindo uma Lisboa fora do tempo, que tanto pode ser do passado quanto do futuro. Feito de fragmentos, como a escrita de Bernado Soares, que está cada vez mais angustiado, e quando parece que atinge o sossego, retorna para o seu estado anterior.

        Os textos são retirados do livro e há partes quase integrais, como "Educação sentimental", porém apresenta algumas alterações para existir conexões.

"Para quem faz do sonho a vida, e da cultura em estufa das suas sensações uma religião e uma política, para esse primeiro passo, o que acusa na alma que ele deu o primeiro passo, é o sentir as coisas mínimas extraordinária — e desmedidamente. Este é o primeiro passo, e o passo simplesmente primeiro não é mais do que isto. Saber pôr no saborear duma chávena de chá a volúpia extrema que o homem normal só pode encontrar nas grandes alegrias que vêm da ambição subitamente satisfeita toda ou das saudades de repente desaparecidas, ou então nos actos finais e carnais do amor; poder encontrar na visão dum poente ou na contemplação dum detalhe decorativo aquela exasperação de senti-los que geralmente só pode dar, não o que se vê ou o que se ouve, mas o que se cheira ou se gosta — essa proximidade do objecto da sensação que só as sensações carnais — o tacto, o gosto, o olfacto - esculpem de encontro à consciência; (...)"

Educação sentimental, de Bernado Soares

        Durante o filme, Bernado imagina conversas, como, por exemplo, a de Rita Blanco e Miguel Guilherme sobre a literatura e a gramática. Ele diz: "Eles nunca falaram isto, inventei essa cena porque achei que deviam falar assim." É um filme cheio de perguntas sobre a forma e as situações. No final, o livro não é dele: Pessoa inventou uma personagem e Bernado Soares inventou as pessoas.

        

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