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ENSINO DE LITERATURA NA EDUCAÇÃO BÁSICA: FORMAÇÃO DE LEITORES E EXPERIÊNCIAS DE ESCRITA

Por:   •  20/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.075 Palavras (9 Páginas)  •  315 Visualizações

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unesp [pic 1] UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

       “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

Faculdade de Ciências e Letras

Campus de Araraquara - SP

  1. ENSINO DE LITERATURA NA EDUCAÇÃO BÁSICA: FORMAÇÃO DE LEITORES E EXPERIÊNCIAS DE ESCRITA

[pic 2]

Docente: Profa. Ma. Tais Matheus da Silva

Discente: Taís Regina Mesquita

ARARAQUARA – S.P.

2017

  1. O Ensino de Literatura nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio – Linguagens e Códigos (2006) e Projeto de formação de leitores

As Orientações Curriculares para o Ensino Médio detectaram falhas na disciplina de Literatura do Ensino Médio. Essas falhas consistem na pouca e insuficiente abordagem do repertório de obras consagradas, pertencentes aos cânones da Literatura, no Ensino Fundamental, pois, apesar de nesse ciclo se trabalhar bastante a leitura e interesse dos alunos a esta, tem maior utilização de livros infanto-juvenil, pertencentes ao mercado literário brasileiro, como best-sellers, para sua iniciação na formação literária e, quando passam para o Ensino Médio, têm seu primeiro contato com os cânones quase sem conhecimento deles, e esse contato já parte da metaleitura, ou seja, da história literária, do estilo, etc., sempre muito presos ao que materiais didáticos trazem e colocando a leitura dos textos estudados como secundária (o que deveria ser o contrário, a leitura tem que ser priorizada), substituindo-os por simulacros ou mesmo ignorando-os. Isso é problemático visto que, se os jovens ainda não se tornaram leitores dos textos analisados, eles não vão entender e nem se interessar pelas atividades de metaleitura direcionadas a estes textos.

Para solucionar essa problemática e fazer com que o ensino de Literatura tenha o efeito esperado no aluno, deve-se usar o material didático apenas como apoio e focar na leitura dos livros que contenham os textos a serem estudados, motivando-os com atividades que tenham finalidade imediata aos jovens, e não única e simplesmente finalidade escolar e, dessa forma, tornar necessárias as práticas de leitura. Assim, os alunos se tornarão, enfim, leitores desses cânones.

Umberto Eco classifica os leitores em dois tipos: o leitor vítima, que é aquele interessado em “o que” o texto conta (vítima do enunciado), e o leitor crítico, interessado em “como” o texto narra e no modo de enunciação. Ao introduzir a leitura de livros que o indivíduo ainda não conhece muito bem, partimos de formar um leitor vítima, que vai conhecer bem o conteúdo dos textos e se interessar por eles, para que afinal trabalhemos a fim de que ele se torne um leitor crítico, pois, dessa maneira, ele vai estar capacitado a se tornar um. Um leitor crítico entenderá e se interessará pelo estudo da metaleitura. Mas como tornar um leitor crítico sem antes ele ser um leitor vítima, conhecer e se interessar pelo o conteúdo dos textos literários?

Além disso, é importante o professor utilizar outras estratégias orientadoras dos procedimentos, sem fixar-se única e exclusivamente no que o material didático traz, como trabalhando com produções literárias que guiaram sua própria formação como leitor de obras de referência das literaturas em língua portuguesa.

Pode-se utilizar as escolhas anárquicas, ou seja, textos e livros que os jovens escolhem por gostos pessoais, fora do contexto escolar, para levar à formação do gosto e ao conhecimento dos gêneros literários, que é a base para a didática da Literatura na escola (segundo Bakhtin), além de contribuírem para o planejamento de atividades de reorientação da leitura, para que se possa cumprir a especificidade da escola.

Faz-se necessário também considerar a natureza dos textos e propor atividades que não sejam arbitrárias a essa natureza.

O professor, além de leitor, é também mediador no contexto das práticas escolares de leitura literária, pois ele escolhe os textos literários que serão trabalhados em sala de aula, de acordo com preferências pessoais e exigências curriculares dos projetos pedagógicos na escola. Dessa forma, alguns aspectos devem ser considerados: dos tempos escolares, que geram uma necessidade de organização sistemática (3 anos para o EM); dos gêneros (condição básica para inserção no mundo letrado); dos autores que serão lidos (deve ter uma sequência lógica, não necessariamente cronológica), com margem para leituras não previstas, podendo até ser leituras anárquicas.

O conteúdo base que deve ser trabalhado em Literatura no Ensino Médio é a Literatura Brasileira, mas podem ser trabalhadas obras de outras nacionalidades, se responder às necessidades do currículo da escola. É importante também adotar uma perspectiva multicultural, aliando à Literatura outros campos da Arte, principalmente artes plásticas e cinema, porém mantendo as especificidades de cada área.

As Orientações ainda sugerem uma reformulação no estudo de poesia nas escolas, explorando mais os efeitos de sentido produzidos pelos recursos poéticos, para que no Ensino Médio os alunos olhem para a arquitetura do poema nas suas diferentes dimensões. Para tal, é preciso que se amplie o circuito de poemas e poetas na escola, buscando diferentes formas de circulação social de poemas, como jornais revistas e recursos audiovisuais, que permitam enxergar a poesia como uma prática social cotidiana.

Outro erro detectado na escola é o fato de o cânone nela ser estático, devido à utilização exclusiva do material didático na construção das aulas, sendo eles muito adeptos à concepção cristalizada de história literária. O cânone, todavia, deve estar constantemente em mudança, incorporando e excluindo obras de acordo com certas variáveis. Para solucionar essas questões, deve-se alterar as orientações teóricas e metodológicas do material didático, além de investir na formação literária dos professores de Português, sobretudo em relação à proximidade com a pesquisa.

   É importante conhecer a tradição literária, porém as escolas têm feito com que os alunos decorem estilos de época, focando seus estudos na metaleitura, o que é problemático, visto que muitos autores importantes para a história da Literatura não escrevem de acordo com as convenções da época. Seguindo esse princípio, as escolas lidam com eles como se fossem transgressões ou até mesmo os ignoram. Outro fator que prejudica o estudo de Literatura e que é muito empregado nas escolas é a adoção de um cânone asséptico do ponto de vista moral para responder a exigências pedagógicas. O professor precisa ter o pensamento crítico necessário para olhar com coerência aos preconceitos didáticos. Também é importante saber lidar adequadamente com o tempo, não se prendendo tanto ao ritmo frenético que as escolas impõem, analisando atentamente o currículo e selecionar o que é essencial e o que não é.

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