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Ensaio Alfabetização e Letramento

Por:   •  19/9/2016  •  Ensaio  •  2.566 Palavras (11 Páginas)  •  263 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIDADE ACADÊMICA DE SERRA TALHADA

Alunas: Alana Santos e Emanuelle Lima

        O presente ensaio tem por objetivo discorrer acerca de quatro temáticas expostas e debatidas na disciplina Alfabetização e Letramento, são elas: Métodos tradicionais de alfabetização; Língua como um sistema notacional; Teoria da Psicogênese da Escrita (Hipóteses de Escrita) e, por fim, Consciência Fonológica. Esse ensaio pretende analisar as temáticas de acordo com os textos trabalhados na disciplina. Para isso, os principais pontos serão expostos de forma breve e objetiva, com o intuito de abarcar estudos relevantes para a construção do nosso conhecimento.

Para chegar ao que de fato são os métodos tradicionais de alfabetização e como são analisados, o autor Arthur Gomes de Moraes, no capítulo intitulado “Revisão De Antigas Formas De Alfabetizar” percorreu brevemente a trajetória do ensino de alfabetização na história da educação brasileira. Percebemos que a pouca educação de qualidade é dividida em dois eixos, o eixo que comporta a classe média e burguesia e o eixo que comporta as camadas mais pobres da sociedade, em que nota-se uma naturalidade em aceitar como “normal” o fato de que as crianças desse eixo cheguem ao final do ensino fundamental sem compreender o funcionamento do sistema alfabético, fazendo com que a história do fracasso na alfabetização brasileira seja atribuída às crianças pobres. Por isso, os índices de analfabetismo, como demonstrado no texto, por mais que tenham caído, ainda existem e em proporções gritantes em relação a outros países da América Latina, por exemplo. Sendo assim, é favorável que a escola além de se organizar em ciclos, estabeleça metas para cada ano, a fim de sanar a ausência de progressão desses alunos marginalizados pela educação. É nesse ponto que surge o tema inicial de nosso ensaio sobre o qual discorremos adiante, nesse momento, a problemática está em não saber o que ensinar e nem como ensinar, por isso justifica-se o surgimento de propostas didáticas de ensino ou como aponta MORAES “metodologias de alfabetização”.

Essa falta de métodos e a necessidade de “reinventar” a alfabetização faz com que muitos, equivocadamente, sejam a favor da volta dos métodos tradicionais de ensino. Nesse sentido, a maior preocupação dos métodos tradicionais está no questionamento: o que devemos ensinar primeiro: unidades linguísticas maiores ou menores? Por isso, temos duas vertentes: os métodos sintéticos e os métodos analíticos. Os métodos sintéticos defendem a perspectiva de que o aprendiz deve partir de unidades linguísticas menores (letras, silabas, fonemas) e ir “acumulando” ou “somando pedaços”, para assim codificar e decodificar as unidades maiores (palavras, frases, textos). Dessa forma, existem três correntes dentro dessa perspectiva: métodos alfabéticos: em que acredita-se que o aprendiz já compreende que as letras substituem sons e que, memorizando os nomes das letras, poderia ler sílabas, depois de aprender muitas sílabas, veria que, juntas, elas formariam palavras, e um dia leria textos; métodos silábicos: parte do pressuposto de que o aprendiz não só compreende que algumas poucas letras juntas substituem as silabas das palavras, mas também que duas letras isoladas podem ser lidas, nesse método, a criança começa a aprender as chamadas famílias silábicas (da-de-di-do-du); e, métodos fônicos: em que o aprendiz deve ser treinado a pronunciar fonemas isolados e a decorar as letras correspondentes a eles, para então juntar mais e mais correspondências fonema-grafema e em seguida poder ler palavras.

Ao passo que, os métodos analíticos acreditam que seria adequado começar o ensino da leitura e da escrita por unidades maiores, que contém significado (palavras, frases, histórias), e, aos poucos conduzir os alunos a “parti-las em pedaços menores” (sílabas, letras). Dentro desta perspectiva, temos a palavração, em que durante um longo período (um semestre, por exemplo), os alunos são ensinados a identificar e copiar um repertório de palavras, e, somente depois, começam a parti-las em silabas, e as silabas em letras ou fonemas; a sentenciação, que defende a noção de que em cada lição, os alunos memorizam frases completas, para depois analisarem as palavras em partes menores, e, assim, através de gêneros narrativos curtos, sem sentido literário, seguiriam os métodos anteriores: dividiriam em frases, selecionariam algumas palavras e então trabalhariam algumas silabas ou relações fonema-grafema.  

Posto isto, percebemos que os métodos mais utilizados no Brasil são o fônico e o silábico. Tanto em um quanto no outro, temos uma visão adultocêntrica, pois acredita-se que a criança enxerga o funcionamento da língua igual ao adulto. Esquecem-se de que, para a criança em fase inicial, uma ou duas letras isoladas ainda não podem ser lidas, visto que o efeito ao entrar em contato com algo maior que as palavras, por exemplo, é de confusão mental. Esses métodos são extremamente limitados e pouco reflexivos, seguem a perspectiva empirista, em que o indivíduo aprende copiando, sem refletir e sem possibilidade de erro. Esses dois métodos demonstram não acreditar que o aluno possa ler e produzir textos reais, com as palavras e não só com silabas e fonemas pré-estabelecidos.

O autor ainda apresenta outra crença dos antigos métodos que diz respeito a “prontidão”. Acreditava-se que a alfabetização só poderia funcionar se o aprendiz se encontrasse no “estado de prontidão” para receber os ensinamentos dos professores. Em virtude dessa ideia, surge a teoria da “carência cultural” e dos programas de educação compensatória. Assim, as crianças de camadas populares fracassariam, por serem “culturalmente carentes” e para evitar esse fracasso, a escola deveria compensar essas carências através de atividades em que as crianças eram treinadas a traçar linhas sinuosas, cobrir pontilhados, copiar letras soltas, separar figuras e objetos que estavam à direita ou esquerda, etc. Isso, segundo Morais (p.42) “pode nos ajudar a compreender por que os índices de fracasso permaneceram aterrorizantes, como vimos nos dados apresentados, no início deste texto.”.

Agora, percorreremos a vertente da Língua como um sistema notacional, em que a escrita alfabética é evidenciada como um sistema notacional que necessita ser compreendido como ferramenta simbólica e não como um código de transcrição da fala. As notações representam conceitos que formulamos em nossas mentes (significados) e as palavras ou suas partes (significantes). Por isso, MORAIS, utiliza-se da história e de exemplos com o intuito de desmistificar as expressões “código”, “decodificar” e “codificar”. No capítulo intitulado “Se a escrita alfabética é um sistema notacional (e não um código), que implicações isso tem para a alfabetização?”, o autor ainda defende que o enfoque da escrita alfabética como sistema notacional é necessário para se constituírem didáticas da alfabetização que, deixando de lado os velhos métodos, permitam o alfabetizar letrando.

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