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Infantil

Por:   •  18/8/2015  •  Dissertação  •  4.391 Palavras (18 Páginas)  •  206 Visualizações

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JUNTANDO OS RETALHOS

Tudo na vida tem uma beleza própria, sua, por isso todas as coisas têm uma beleza diferenciada, mas quando é fruto de uma construção nossa, aí sim  tem uma beleza especial diferente imagine eu confeccionado uma colcha de retalhos, se nem sei costurar. Mas graças à metáfora produzida pela professora Norinês Panicacci Bahia, publicado na Revista Educação e Linguagem (2005) e na atividade desenvolvida em grupo na disciplina: Natureza e Cultura, Conhecimentos e saberes. Assim decidi construir a minha própria colcha de retalhos, partindo da construção deste memorial vou escolhendo os retalhos para tecer a minha própria colcha.

Este memorial relata a história da minha vida pessoal, profissional, e de algumas influências que interferiram e mudaram a minha formação moral, social, intelectual, emocional e principalmente profissional. Faço alguns relatos sobre o que me levou a participar do curso de técnico em Desenvolvimento Infantil, o de Pedagogia Para Educação Infantil e depois do curso de Especialização em Docência na Educação Infantil, ambos ofertados pelo MEC em parceria com a UFMT e a SME, a importância desses conhecimentos na transformação do meu ser como pessoa e profissional.

ESCOLHENDO OS MEUS RETALHOS

Eu me chamo Adenilze Lara Araújo Carlos. Nascida no dia 23 de agosto de 1968, sou a terceira de uma família de oito filhos. Nasci em uma casa no bairro do porto em uma rua chamada Beco Sem Saída, em Cuiabá Capital de Mato Grosso. O meu pai era peão de boiadeiro, vivia levando gado de um lado para outro e a minha mãe lavava roupa de ganho, para completar a renda da família. Minha mãe sempre comprava uns tecidos estampados, chitão para a costureira fazer vestidos, e tergal para fazer bermudas, me lembro também que ela sempre comprava umas bonecas grandes que só mexia os braços, para as meninas e para os meninos uns carrinhos que só as rodas mexiam, pois assim todos tinham roupas novas e brinquedos para o natal. Quando eu tinha mais ou menos três anos de idade, meus pais se mudaram para a cidade de Várzea grande-MT bem no centro, na Rua Miguel Baracat, a casa era bem no final da rua e no meio da rua, era de adobe, tinha sala quarto e cozinha, o quarto ficava entre a sala e a cozinha. Moramos algum tempo ali, logo o meu pai resolveu mudar para Tangará da Serra. No final do ano de 1975 nos mudamos, no inicio do ano seguinte (1976), minha mãe matriculou meus dois irmãos mais velhos e eu em uma escola próxima a nossa casa, quando eu fui para a escola pela 1ª vez, fiquei encantada era tudo muito limpinho e colorido, não sei o nome da escola, só estudei este ano lá.

No dia 22 de novembro de 1976, meu pai faleceu, e minha mãe resolveu voltar para Cuiabá, ou melhor, para Várzea Grande-MT, no bairro da Manga, entrada do Cristo Rei. Durante cinco anos fiquei em casa cuidando dos meus irmãos menores, minha mãe precisava trabalhar, o meu irmão mais velho vivia carpindo quintal dos outros e a minha irmã mais velha foi trabalhar de cuidadora na casa de uma senhora bem idosa parente de uns conhecidos de minha mãe, que morava na Rua Miguel Baracat, lá no centro de várzea grande.

No inicio de 1982 reiniciei os meus estudos ingressando na 2ª série do ensino fundamental hoje chamado de 3º ano do 1º ciclo do ensino fundamental, na “Escola Estadual de 1º grau Deputado Emanuel Pinheiro” localizada no bairro da Manga, na Avenida Dom Orlando Chaves. Era uma escola pequena, tinha apenas cinco salas, o uniforme era saia azul marinho, uma camisa branca com botões na frente, com o bolso da escola. Lembro-me bem que todos os dias os alunos ficavam em fila e em pé no pátio e no sol quente para cantar o hino Nacional. Nessa escola tinha uma professora da 2ª série que fazia competição de tabuada quem errasse levava palmatória na mão, uma vez eu errei e um menino da sala que tinha acertado me bateu, minha mão ficou inchada e doía muito. A partir desse dia todos eu estudava tabuada diariamente. Nessa época meu irmão mais velho trabalhava de cobrador de ônibus ele comprava muitos livros de bolso com historias de “tex” e outros que não me lembro os nomes. Como eu já tinha levado a palmatória, eu pegava os livros do meu irmão para ler, ou melhor, soletrar e aprender a ler com medo de “apanhar” novamente. No ano seguinte (1983), fui para a 3ª serie do ensino fundamental (hoje chamado de 1º ano do 2º ciclo). Minha professora era um amor, o nome dela era Benedita Catarina, sempre que terminava uma atividade, ela corrigia os cadernos e escrevia frases de incentivos e estímulos, nesse ano desfilei como porta-bandeira, no dia 07 de setembro para inauguração da Avenida Gonçalo Botelho de campos no Bairro da Manga. Quando chegou o fim do ano a professora escreveu no meu caderno a seguinte frase “PARABENS!!! CONTINUE ASSIM QUE VOCÊ VAI LONGE”. Desse dia em diante comecei a sonhar em fazer faculdade de medicina, pois eu sempre via através dos jornais o sofrimento dos pobres nos prontos socorros públicos. No ano seguinte (1984) na mesma escola, estudei a 4 ª série só que foi à noite, um tipo de EJA, antigo MOBRAL, hoje no ensino normal é chamado de 2° ano do 2° ciclo. A minha mãe sempre falava “vocês tem que estudar para não ficar igual eu trabalhando dia e noite”, assim eu segui estudando.

 Em 1985 precisei trocar de escola, fui estudar na “Escola Estadual Manuel Gomes” situado a Travessa Barnabé Mesquita, s/n Bairro da Manga. Pois aonde eu estudava não tinha o ginásio a 5ª série do ensino fundamental (hoje chamado de 3° ano do 2° ciclo) fui para uma escola mais próxima ainda da minha casa, mas ficava meio escondida, pois não era na avenida. Nessa escola na 5ª série, no 1º dia de aula pedi para a minha professora de geografia explicar novamente o conteúdo, e ela me disse assim “você é burra eu já expliquei, e você não entendeu”? Desse dia em diante não tive mais coragem de tirar dúvidas com os meus professores. Terminei a 5ª série, no ano seguinte em1986 fiz a 6ªserie hoje chamado de 7º ano do 3°ciclo, e neste mesmo ano me casei. No ano seguinte em 1987 fiz a 7ª série, hoje é o 8º ano passei a estudar no período matutino, neste mesmo ano meu filho nasceu, um belo menino.

No final do ano me mudei para o bairro Serra Dourada e lá não tinha ônibus, ou melhor, não tinha nada (luz, água encanada rede de esgoto etc..). Em 1988 fiz a 8ª série, na mesma escola no bairro da Manga. Foi no bairro Serra Dourada que experimentei o gostinho de ser professora, pela 1ª vez, mesmo sem ganhar nada. O presidente do bairro precisava de alguém para dar aula de reforço às crianças do bairro, eu fui convidada para ser voluntária, pois era a única que tenha um grau de instrução maior no bairro. E assim fiquei estudando no período matutino e lecionando no período vespertino até terminar o ano e a 8ª série-hoje é o 9° ano do ensino fundamental. Foi este serviço voluntário que fez nascer o sonho de ingressar em uma faculdade, apesar de nunca ter sido influenciada a ser professora, pelo contrário, minha irmã mais velha durante o tempo que eu lecionei sempre me dizia, “Deus me livre, dar aula, não sei como você agüenta essas crianças”. Mesmo ouvindo sempre essa frase, no ano seguinte lá fui eu estudar magistério.

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