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O Ensaio Sobre a Terceira Margem do Rio de Guimarães Rosa

Por:   •  27/8/2020  •  Ensaio  •  746 Palavras (3 Páginas)  •  296 Visualizações

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Ana Paula Alves Lima RA: 166078

Ensaio sobre “A Terceira Margem do Rio” de João Guimarães Rosa

Publicado em 1962 no livro Primeiras Estórias, o conto “A Terceira Margem do Rio” é o relato em primeira pessoa de um acontecimento antigo que marcou a vida do narrador, o momento em que seu pai constrói uma canoa bastante resistente, embarca nela e passa a viver no meio do rio próximo à sua casa.

O conto expõe, então, toda a confusão do filho e dos que viviam na região gerada por esse ato aparentemente irracional do pai. O narrador parece querer encontrar o motivo dessa decisão, interpretando-a de diferentes maneiras. Para isso, esse se baseia em suas próprias visões, recordações e especulações, além das hipóteses das outras pessoas que presenciaram o evento.

Ele relata o fato, suas impressões e sentimentos, desde período anterior à construção da canoa até o momento em que, muitos anos depois, parou de ter notícias do pai. Logo no primeiro parágrafo conta que indagou a algumas “sensatas pessoas” sobre o comportamento e as características da sua figura paterna, o que sugere uma espécie de pesquisa para conseguir dar sentido ao seu relato.

O narrador não é o único a tentar compreender esses acontecimentos que alteraram a rotina de toda família. Ele menciona as várias interpretações que os moradores da vila deram para a decisão de seu pai. Cada um se guia por conceitos e juízos pré-estabelecidos, provenientes de trajetórias, vivências e crenças individuais.

(...) todos pensaram de nosso pai a razão em que não queriam falar: doideira. Só uns achavam o entanto de poder também ser pagamento de promessa; ou que, nosso pai, quem sabe, por escrúpulo de estar com alguma feia doença, que seja, a lepra, se desertava para outra sina de existir, perto e longe de sua família dele.

No conto de Guimarães Rosa, o narrador parece tentar interpretar o sentido da existência do pai em um tempo e espaço específicos. Entretanto, como é possível perceber, o comportamento pode ser discutido como o de um homem depressivo.

A depressão tem várias características, um dos principais fatores é a perda de interesse e prazer pela vida. O pai aparenta tomar a decisão de deixar de viver com a sua família, trabalhar e cuidar de seus filhos para se isolar completamente. Como se tivesse perdido seus planos e esperança para o futuro.

 O isolamento e o silêncio, a diminuição da fala são alguns aspectos presentes na passagem, comuns em indivíduos depressivos, antes mesmo do episódio da canoa, o narrador diz que seu pai era muito quieto. Tempo depois ele decide se isolar de tudo que conhecia para ficar sozinho em um rio, sem conversar ou chegar perto de qualquer outra pessoa.  "Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhuma parte. Só executava a invenção de se permanecer naqueles espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa, para dela não saltar, nunca mais.”. E ainda “Nosso pai passava ao largo, avistado ou diluso, cruzando na canoa, sem deixar ninguém se chegar à pega ou à fala.”  e “E nunca falou mais palavra, com pessoa alguma.” .  

Também é característico da depressão a perda de apetite: “O que consumia de comer, era só um quase; mesmo do que a gente depositava, no entre as raízes da gameleira, ou na lapinha de pedra do barranco, ele recolhia pouco, nem o bastável.”. A mudança de aparência também é uma consequência comum do transtorno, e o filho conta como o pai sofre com ela:  "Mas eu sabia que ele agora virara cabeludo, barbudo, de unhas grandes, mal e magro, ficado preto de sol e dos pêlos, com o aspecto de bicho, conforme quase nu, mesmo dispondo das peças de roupas que a gente de tempos em tempos fornecia.”

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