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O Letramento digital

Por:   •  8/5/2018  •  Artigo  •  3.077 Palavras (13 Páginas)  •  334 Visualizações

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  1. Letramento digital: uma exigência do mundo contemporâneo.

Outras situações em que o letramento situado – digital – pode ser observado e, conseqüentemente, em que os diferentes gêneros do discurso estão envolvidos nessa

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31 O PNLD/2004 avaliou e distribuiu coleções destinadas à Alfabetização e ensino de Língua Portuguesa da 1ª à 4ª séries do Ensino Fundamental, que estão, atualmente, em sala de aula.

32 Ver Mendes (2005), a respeito.


Especificidade de letramentos podem ser encontrados em Rojo, Collins & Barbosa (2005). Neste artigo e, ainda, em Thadei (2005) e Pedrosa (2005), podemos verificar exemplos específicos de gêneros que circulam na esfera digital e as práticas e eventos de letramento dos quais esses fazem parte. Nesses trabalhos, observamos ainda as transformações sofridas por estes gêneros ao circularem em esfera digital.

Assim como o Grupo de Pesquisas sobre o Letramento, conforme nos apresenta Taylor (2000), entendemos o letramento digital como um dos letramentos emergentes na contemporaneidade que, devido a suas especificidades e caráter ambíguo de inclusão e exclusão, merece ser discutido neste capítulo.

Transcender os limites da escola, pluralidade de práticas letradas, diferentes contextos sociais, conceito abrangente de leitura etc. são expressões comumente usadas no meio educacional que nos remetem às tecnologias da informação e da comunicação. Dentre essas tecnologias, destacamos a informática, devido ao impacto que a ferramenta computacional vem apresentando em diversos aspectos da vida do cidadão (no meio doméstico, no trabalho, na educação, enfim, no exercício da cidadania – votar, opinar, declarar imposto de renda, distribuir currículos, preencher cadastros etc.) e, conseqüentemente, na construção de novos tipos de letramentos.

Reconhecemos que abordar o letramento digital em um país que ainda apresenta altos índices de analfabetismo e baixa escolaridade como principais desafios educacionais pode parecer contraditório, principalmente se considerarmos as barreiras econômicas e tecnológicas que dificultam o acesso do cidadão brasileiro à ferramenta computacional. Entretanto, desconsiderar o uso do computador e, principalmente, da internet na transposição de barreiras escolares e ampliação do conhecimento de mundo e de outras formas de sua organização pode significar ignorar o mundo que acontece a nossa volta.

A informática vem se integrando cada dia mais aos ambientes sociais desde a individualização da ferramenta computacional, ocorrida a partir do desenvolvimento dos microcomputadores, computadores pessoais e do advento da internet e da comunicação digital. No entanto, vale questionar: para quem esse aparato tecnológico está disponível? Segundo Carneiro (2002), um relatório preparado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) informa que, embora o número de usuários da internet tenha aumentado de 150 para 700 milhões em um ano, cerca de 91% desses usuários


representam apenas 19% da população mundial, concentrados em 29 países que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDC). A autora avalia que, melhor instrumentalizados, alguns grupos podem usufruir de maior poder de ação e responsabilidade pelo percurso dos avanços tecnológicos e sociais da humanidade. Seria, portanto, uma ferramenta de exclusão de populações.

Nesse sentido, entendemos que a proposta dos PCNs (1997) de garantir  aos alunos os saberes lingüísticos necessários ao exercício da cidadania inclui o desenvolvimento de práticas que favoreçam a construção do letramento digital, de maneira a favorecer a inclusão. Entretanto, não perdemos de vista que, se por um lado o conhecimento tecnológico pode promover inclusão social, ao possibilitar, por exemplo, que se atinja ambientes pouco prováveis de se atingir presencialmente, por outro lado, pode reforçar a exclusão daqueles que têm os fatores econômico, tecnológico e até mesmo geográfico como barreiras para o acesso a esse tipo de ferramenta. Sob o risco de nos tornarmos repetitivos, apontamos a escola como a instituição propícia para promover o contato do aluno com as novas tecnologias da informação e da comunicação, no intuito de desencadear os letramentos digitais.

Porém, acreditamos que a viabilidade do letramento digital é bem mais complexa que a mera transposição das barreiras tecnológicas e econômicas. Consideramos que,  para não desenvolvermos apenas o que chamaremos aqui de alfabetização digital – entendida como o domínio da técnica de uso dos meios digitais – é preciso ter em mente  a educação como meio de emancipação, o que, no nosso entender, requer um posicionamento crítico diante dos conteúdos das mensagens veiculadas nas redes de comunicação, bem como dos modos de perceber o mundo e das novas capacidades que vão se desenvolvendo no contato com novas mídias.

O letramento digital inclui, mas não se esgota com a (na) alfabetização digital. Não se trata de utilizar novos instrumentos (tecnológicos) para velhas práticas de sala de aula, mas de promover interações não lineares entre diversas áreas do conhecimento, competências, informações e novos saberes. Nessas interações, a utilização do recurso tecnológico constitui um meio (rico e proveitosos para a melhoria e expansão do ensino), mas não uma finalidade educacional. As tecnologias da informação e da comunicação (TIC), especialmente a navegação na internet, quando trabalhadas sob uma perspectiva


de letramento, ultrapassam a dimensão tecnológica, atingindo uma dimensão cultural que tanto acrescenta novas formas de aprendizagem quanto exige mudança de percepção e/ou de re-significação dos conceitos de ensino e aprendizagem.

Conforme abordam Rojo & Moita-Lopes (2004), os usos da linguagem em práticas sociais contemporâneas exigem, cada vez mais, conhecimentos referentes aos múltiplos meios semióticos. Segundo eles, esta exigência torna o letramento tradicional (da letra), insuficiente aos usos da linguagem, constantemente modificados pelos avanços tecnológicos. Recursos como imagens, imagens em movimento, sons, cores, design requerem o desenvolvimento de um letramento multissemiótico, que dê conta da multimodalidade de textos e hipertextos que circulam socialmente.

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