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O Totalitarismo em Nineteen Eighty-Four: Manipulação da Realidade

Por:   •  9/10/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.989 Palavras (8 Páginas)  •  133 Visualizações

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O totalitarismo em Nineteen Eighty-Four: manipulação da realidade

Nineteen Eighty-Four, publicado em 1949, é uma obra distópica que retrata uma sociedade futurista, em 1984, que vive sob a repressão de um governo totalitário conhecido como Big Brother. Orwell, inspirando-se na sua experiência na Guerra Civil Espanhola e nos regimes ditatoriais na Alemanha e na URSS, evocou o seu ódio pelo totalitarismo ao retratar uma sociedade totalitária cujo intuito era tornar consciente os perigos do totalitarismo na era da tecnologia e a natureza abusiva dos governos autoritários, nomeadamente na manipulação da realidade.

A obra desenrola-se na Oceania, onde vigora a ideologia do Partido Ingsoc, cujo líder é o Big Brother. A sociedade encontrava-se dividida em três classes: os membros do Partido Interno, os membros do Partido Externo e os proles (classe trabalhadora). O Big Brother tem a capacidade de controlar a sociedade inteira através de telescreens que atuam tanto como câmaras como televisões, permitindo vigiar os cidadãos na rua e nas suas próprias casas. Desta forma, os cidadãos não tinham qualquer privacidade ou liberdade individual e deveriam agir conforme as regras do Partido: não podiam ter laços familiares ou relações sentimentais, uma vez que o casamento era apenas uma união formal e as relações sexuais eram vistas apenas como um método de procriação. Quem fosse contra as normas, eram denunciados e capturados pela thoughtpolice ou polícia do pensamento, sendo posteriormente vaporizados.

O governo totalitário consagra o seu poder ao controlar a cidade de Londres através de quatro estruturas: o Ministério do Amor está encarregue da lei e dos castigos; o Ministério da Paz controla a guerra; o Ministério da Abundância controla o racionamento dos alimentos; e o Ministério da Verdade produz a propaganda e tem controlo dos registos históricos. Destas estruturas referidas, o Ministério da Verdade é aquele que mais controlo tem na manipulação da realidade. Além disso, o Partido controla não só a história como a língua falada, forçando a implementação de uma nova língua chamada Newspeak, cujo objetivo é impedir a rebelião política. Os princípios sagrados do Ingsoc, ou o denominado socialismo inglês, são então o Newspeak, o doublethink, a mutabilidade do passado e a recusa da realidade objetiva. O doublethink pode ser definido como “to tell deliberative lies and genuily believing them” (Orwell,2008: 223), exposto nas inúmeras contradições do Partido, a começar pelos próprios nomes dos ministérios.

É possível entender, imediatamente, a manipulação da realidade em 1984 através da citação de abertura da obra: “It was a Bright day cold day in April and the clocks were stricking thirtheen” (Orwell, 2008: 1). Assim, entendemos que a obra se desenrola numa sociedade onde as leis naturais não se aplicam e onde a noção do tempo é percecionada de forma diferente, tendo sofrido modificações por parte do Governo.

Um dos principais slogans do Partido – “Ignorance is Strenght” – corrobora com toda manipulação feita na sociedade. Winston revela inicialmente que era impossível saber que o ano era de facto 1984, uma vez que não havia registos do passado: “To begin with he did not know with any certainty that this was 1984 […] it was never possible nowadays to pin down any date within a year or two” (Orwell, 2008: 9).

Como referido, o Ministério da Verdade, onde Winston trabalha, é aquele que mais poder tem sobre a manipulação da realidade, estando encarregue da propaganda do Partido, transmitida nas notícias, no entretenimento, na educação e na arte.  Assim, a função de Winston consiste em alterar os registros históricos para atender às necessidades do Partido, que controla todas as fontes de informação, reescrevendo os conteúdos dos jornais e das histórias.

Um dos principais exemplos é a constante mudança da guerra entre a Oceania e a Eurasia ou Eastasia, utilizada como forma de usar os recursos do país sem elevar o padrão de vida, mantendo a população num estado deplorável. O Partido alterava a potência com quem se encontrava em guerra, obrigando à modificação dos registos históricos para que corroborem com a sua história. Uma vez mais, existia a hipótese de que a Guerra, tanto com a Eurasia como com a Eastasia, era inventada pelo Partido, que bombardeava a sua própria população a manter com medo. Os consequentes massacres, deportações, tortura de prisioneiros de guerra e propaganda falsa tinham o mesmo objetivo.

Assim que todas as correções necessárias eram feitas no jornal Times, essa edição era reimpressa e a cópia original era destruída. Para tal, existia o Records Department cuja função era colher todas as cópias de livros, jornais ou documentos que precisassem de ser destruídos. Este processo era aplicado não só aos jornais, como aos livros, panfletos, posters, filmes, músicas, cartoons e fotografias, ou a qualquer outro tipo de literatura ou documentação que contenha significado político ou ideológico - “The past was erased, the erasure was forgotten, the lie became truth” (Orwell, 2008: 78).

Outro exemplo nesse sentido foi o facto de o Partido ter assegurado à população que não iria reduzir a ração de chocolate. Posteriormente, alteraram os registos como se tivessem afirmado que iria ser necessário reduzir essa mesma ração. O mesmo acontece com as frequentes estatísticas que bombardeiam a população através dos telescreens, que afirmam que a qualidade de vida aumentou 20% no último ano e que existe mais comida, roupa, casas, mobília, combustível e que os cidadãos estavam mais educados, inteligentes, felizes e saudáveis, quando na realidade a comida e a mobília era escassa, as pessoas usavam roupa com buracos, as casas não tinham aquecimento e a miséria proliferava. Tornava-se, assim, impossível traçar a história de um período inteiro ou dizer, com certezas, quem é que se encontrava em guerra ou se estavam a viver melhor do que no passado, uma vez que todos os registos anteriores eram apagados e esquecidos.

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