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Resenha da obra “A Menina que Roubava Livros”, de Markus Zusak

Por:   •  6/5/2019  •  Resenha  •  1.432 Palavras (6 Páginas)  •  360 Visualizações

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Universidade Federal de Juiz de Fora

 Práticas de Gêneros Acadêmicos

 Profa. Ana Paula El-Jaick

 Discente: Jaqueline Wenzel

 Juiz de Fora, 27 de Novembro de 2018

 

Resenha da obra “A Menina que Roubava Livros”, de Markus Zusak

 

   A obra resenhada A Menina que Roubava Livros (The Book Thief), do autor austríaco Markus Zusak, se passa no período da Alemanha nazista, mais precisamente entre 1939 e 1943, e cujo enredo relata a história de Liesel Meminger a ladra de livros que, após a mãe comunista, ser perseguida, ela é mandada junto com o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, na rua Himmel, onde um casal, os Hubermann, se dispõem a adotá-los por dinheiro.

    Zusak é filho de pai austríaco e mãe alemã, e sempre foi fascinado com a experiência que os pais tiveram com o nazismo em seus países de origem. Em suma, misturar a ideia de uma menina que roubava livros entrelaçada a um momento histórico onde a censura a livros que não transmitiam os ideiais da ditadura Nazista eram queimados em grandes fogueiras. Dessa forma, a protagonista encontra nos livros o amor à literatura para sobreviver à Guerra.

“ Quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler.” (Markus Zusak)

   A história contada em primeira pessoa, é narrada na obra por uma das personagens principais mais importante em meio a Segunda Guerra: a Morte. Onde ela própria mediante a sua narrativa, descreve seus sentimentos e certos descontentamentos acerca dos cuidados com almas exaustas e envenenadas pela dor e pela crueldade, e também sua indignação e revolta com a desumanidade da Guerra.

   A Morte passa a acompanhar de perto a trajetória da garota por quem se afeiçoou e lhe escapa em três oportunidades diferentes. Aliás, a morte tem um jeito bem peculiar de interpretar as lembranças da menina. Liesel nos anos em que viveu na rua Himmel, decidiu escrever uma autobiografia, no qual intitulou-se A Menina que roubava livros, e em um dos episódios finais da obra, esse livro é recolhe pela Morte e lida e relida por ela diversas vezes ao longo dos anos.

    Logo, Liesel fica gravada para sempre na memória da narradora. E é sobre ela que a atenção e o exercício da narrativa se debruça. Um dia, todos irão conhecê-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos. Tem que valer a pena. Desse modo, o autor nos mostra que, talvez além de sermos observados pela morte, ainda que ela possa nos assustar, podemos também surpreendê-la com nossas vidas. Zusak, através da Morte, usa e abusa dos trajetos narrativos e toda a riqueza decorrente a ele, como as reflexões inusitadas, os comentários e observações feitas pela narradora carregada de ironia, os recursos estilísticos, a prosa poética, a emoção e o humor inusitado que se revelam. Além das surpresas linguísticas, como falas mantidas em alemão (o livro utiliza esse recurso para destacar certas palavras que têm significados específicos ). A princípio, temas como o Nazismo e o Holocausto, que na maioria das produções ambientadas na Alemanha nazista, têm-se a tendência de serem compreendidos por meio da narrativa dos judeus, as principais vítimas de um dos episódios mais trágicos da história da humanidade. Nesse sentido, contradizendo essas produções Zusak emprega da cruel realidade da época, somada a inocência e da alegria infantil dos personagens, principalmente a protagonista, e pretender assim, intrincado à obra, dar mais passos ao trazer alemães como personagens centrais da história, para induzir o seu leitor a reflexão sobre os dois lados acometidos pela guerra. Pois, se existiam aqueles que marchavam em prol a Hitler, existiam também os rebeldes, as que esconderam judeus e os civis mais pobres em suas casas. Portanto, talvez a principal força da obra seja mostrar o outro lado da Alemanha Nazista. Ele usa do recurso de narrar a crueldade e a tragédia com leveza, com pura ironia lírica e abusar do humor sardônico, para perpassar na mente do leitor como um filme preto-e-branco, destituído das cores da vida. Daí o resultado: uma obra sincera e ímpar. Assim, A menina que roubava livros poderia ser fadado a se tornar um clássico. Zusak faz com que nos deixemos levar pela perspectiva de uma criança inocente, mas sua abordagem não é ingênua: Liesel sofre com ações diretas e indiretas da guerra em muitas partes da obra. Assim como no pequeno e memorável O Menino do Pijama Listrado (2008), de Mark Herman, o protagonismo infantil não diminui a intensidade da destruição da guerra no filme. Estamos diante de um romance que se constrói como relato de vida da pequena, ela que desde cedo conheceu a dor da tragédia e todas as suas causas. Na sua cruzada pela compreensão da vida, Liesel Meminger é guiada pelas palavras, que coincidentemente ou não a perseguem desde sua primeira perda. E é justamente a companhia das histórias que dão à menina, no centro do medo, do autoritarismo e das destruições provocadas pela guerra, um sentido para sua existência, e via como uma oportunidade de fugir daquilo tudo que a perseguia. Em uma época onde havia a incerteza do próximo amanhecer, a protagonista, encontra nas palavras, o seu refúgio e sua força para todo o medo e insegurança presente no seu cotidiano. A partir dos desafios na nova vida em meio à Guerra – dentre eles manter-se viva, insuspeita e aprender a ler. Liesel adentra no mundo literário, a revelia da escola cujo ensino radical forjava leituras doutrinadas. O peso da guerra transformam Liesel numa menina que anseia pela vida e por coisas melhores. E o que começa como uma tentativa ingênua e inconsciente de retomar o controle em um mundo que está desabando ao redor, acaba se revelando um inestimável porto seguro emocional. Desde o primeiro livro roubado, como também, os momentos e as pessoas que marcaram a vida da protagonista no decorrer da sua história como: o judeu-alemão Max Vandenburg, um dos personagens mais marcantes na vida da menina e que mudaria e lhe ensinaria o valor das palavras. O pai adotivo, Hans Hubermann, foi um pai sobre todas as coisas. Com a dificuldade de Liesel com a leitura e os pesadelos que lhe aterrorizam as noites, acalmados pela presença de Hans, e lhe auxilia na leitura, pai e filha aprenderam a ler os livros roubados por ela. Cores, desenhos, palavras, livros, aventuras vividas por Liesel e Rudy seu vizinho, uma amizade construída sobre a dor, a miséria, e a luta pela sobrevivência. Temos a frágil e quieta mulher do prefeito: Ilsa Hermann, que lhe mostra sua biblioteca particular, onde ela então passaria muitas das suas tardes lendo no chão dessa biblioteca, e mais tarde passaria a entrar pela janela para roubar alguns livros. Além dos vários momentos na rua onde morou, na rua Himmel, e seus moradores, até o fim da sua própria história. Portanto a menina que roubava livros encontra na leitura o alento para suportar as dificuldades da guerra, e da sua gradual compreensão de que apenas a leitura forma seres com pensamento crítico, constatando que, em mãos erradas, o poder da linguagem pode ser usado para a destruição, como o fez a propaganda nazista. Estas reflexões que a levariam a questionar o homem e o poder e, principalmente, a ser uma nova pessoa. A leitura a salva pois, para ela, texto e vida têm muito em comum. Dessa forma, fica claro para o leitor o quanto a força das palavras têm na vida de Liesel Meminger. Tanto as ditas, como as simplesmente sentidas. Os perigos e desafios da menina para ler estão presentes em praticamente todo o romance de Zusak. Vemos primeiramente no percurso de Liesel como leitora, afinal são poucos os leitores que constroem esse percurso roubando livros. Assim, a menina desafia esse contexto da Alemanha nazista em guerra, roubando livros, que eram censurados pelos nazistas, para lêlos, relacionar-se com um judeu e ler para ele, ler em voz alta - são alguns exemplos dos riscos que Liesel correu pela sua experiência de leitura. Com isso, podemos concluir que A Menina que Roubava Livros transcende seu gênero, uma obra incrível sendo muito mais do que uma simples ficção que se passa na Segunda Guerra, é tem o vislumbre de como a literatura pode amenizar o sofrimento humano. Mais do que um inusitado romance histórico, uma narrativa sobre o amor à literatura. É o tipo de livro que pode mudar a vida.

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