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Trabalho de Estudos Literários

Por:   •  10/5/2019  •  Ensaio  •  969 Palavras (4 Páginas)  •  148 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Letícia Protasiewicz Martins – nºUSP:
 10702252

INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS LITERÁRIOS I
Profº. Dr. Anderson Gonçalves

Paráfrase e análise de “O Poema das Sete Faces” de Carlos Drummond de Andrade

Paráfrase – “O poema das Sete Faces”:

Quando nasci, um anjo mau
desses que vivem em meio a escuridão
disse: Vai, Carlos, seja desajustado na vida.

Das casas, é possível ver os homens,
correndo atrás de mulheres.  
O dia talvez fosse mais claro, o mundo talvez melhor,
não fossem tão intensos os desejos dos homens.

O bonde passa cheio de pessoas
das mais diversas etnias,
Eu me pergunto: meu Deus, para que tanta gente,
Mas os meus olhos
permanecem inexpressivos, só observando.

O homem atrás dessa máscara
se encontra em um isolamento.

Socializa muito pouco.
Atrás do meu bigode e óculos,

Há um homem que não tem muitos amigos.

Deus, por que me abandonou
se sabia que eu não era forte,
se sabias que eu era incapaz de enfrentar o mundo.

Mundo, que mundo intenso,
se meu nome fosse Raimundo,

isso só serviria como rima, não como uma solução.
Mundo, que mundo intenso,

mas meu coração é mais intenso ainda.


É um segredo,
mas a lua no céu atrás de mim,
e o conhaque que eu bebi,
provocam extremo sentimentalismo.

“O poema das Sete Faces” do consagrado poeta Carlos Drummond de Andrade possui esse título pois é composto em sete estrofes, sete partes, ou seja, sete faces. No primeiro verso, o poeta retrata uma figura do mal – segundo as palavras dele, um “anjo torto”. No terceiro verso, é possível ver que esse anjo torto trata-se de um mau conselheiro, que lhe disse: “Vai, Carlos! ser gauche na vida”. Em tal verso, o poeta se utilizou de outro idioma, o francês, no termo “gauche”, que em português significa “esquerda” e está no poema no sentido figurado, com a conotação de que Carlos foi aconselhado a ser torto, desajustado e desajuizado na vida. A colocação do próprio nome no poema, aliás, é um forte indício de que se trata de um texto autobibliográfico.

Para além do “eu” de Drummond, na segunda estrofe, ele mostra a observação dos homens em geral, a busca deles por mulheres e diz que “a tarde seria azul/não houvesse tantos desejos”, querendo dizer que o dia seria mais claro, o mundo seria um lugar mais leve de se viver, se não fossem os desejos tão ardentes do homem para escurecê-lo, para corrompê-lo.

Na terceira estrofe, o poeta segue observando a cidade, ao retratar um bonde passando, segundo ele “cheio de pernas” mostrando que havia muitas pessoas no local, e “pernas brancas pretas amarelas” reforçando a diversidade de pessoas que estão por ali, a diversidade brasileira de etnias. “Para que tanta perna meu Deus”, diz o poeta no terceiro verso da terceira estrofe, mostrando o incômodo causado por tamanho tumulto e agitação. Mas, ao mesmo tempo, ele mostra um olhar distante e indiferente de fora, nos dois últimos versos da segunda estrofe: “Porém meus olhos/Não perguntam nada”. Nesse sentido, o coração é um agente de sentimentos, de julgamentos, enquanto os olhos permanecem frios, apenas analisam, não refletem o sentimento demonstrado pelo coração.

 Na quarta estrofe, Drummond aborda “o homem por trás do bigode”, como se estivesse escondido atrás de uma máscara, em um isolamento que faz com que ele tenha sempre esse olhar distante do mundo, em que praticamente não se expressa, não se comunica, quase não constrói laços com outras pessoas.

Na quinta estrofe, é possível ver o poeta questionando Deus, atribuindo ao Criador uma certa culpa de tê-lo deixado nesse caminho desacerto, ele questiona o porquê Deus permitiu que ele fosse o que já havia dito no terceiro verso da primeira estrofe: “ser gauche na vida”.

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