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VARIAÇÃO FONOLÓGICA NA LIBRAS

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Por:   •  10/10/2013  •  Tese  •  1.246 Palavras (5 Páginas)  •  542 Visualizações

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VARIAÇÃO FONOLÓGICA NA LIBRAS: UM ESTUDO DA ALTERNÂNCIA NO NÚMERO DE ARTICULADORES MANUAIS ENVOLVIDOS NA PRODUÇÃO DOS SINAIS

André Nogueira XAVIER1

RESUMO: O objetivo central deste artigo é tratar de casos de variação na pronúncia de sinais da libras (língua brasileira de sinais) com relação ao número de articuladores manuais empregados em sua produção. Embora de acordo com o trabalho de Xavier (2006) há sinais na libras que podem ser classificados como sendo normalmente produzidos com uma ou com duas mãos, discutem-se aqui casos em que certos sinais, tipicamente realizados com uma mão, são articulados com duas, e vice-versa. Além disso, discutem-se os fatores que regem essa variação. Antes disso tudo, no entanto, apresentam-se os parâmetros de análise sublexical propostos para as línguas de sinais, objetivando, em primeiro lugar, contextualizar o número de mãos como sendo um deles e, em segundo lugar, evidenciar que a variação na pronúncia dos sinais decorre das diferentes manifestações que um dado parâmetro, entre eles o número de mãos, pode ter.

Palavras-chave: libras; variação fonológica; número de mãos.

ABSTRACT: This paper aims at discussing the variation in the pronunciation of signs of libras (Brazilian Sign Language), regarding the number of manual articulators used in their production. Although according to Xavier (2006) there are signs in libras that can be classified as one or two-handed, it is discussed here cases in which certain signs typically realized with one hand are rendered with two and vice-versa. In addition, the factors that govern this variation are also discussed. Before that, however, the parameters for the sublexical analysis of signs are presented, so as to, firstly, contextualize the number of hands as one of those parameters and, secondly, evidence that the variation in the pronunciation of signs results from the different manifestations that a parameter, among which is the number of hands, may have.

Keywords: libras, phonological variation, number of hands.

1. Introdução

O presente artigo trata de um caso de variação fonológica2 ocorrente na libras (língua brasileira de sinais): a alternância no número de articuladores manuais envolvidos na realização de alguns sinais, ou itens lexicais, dessa língua. Mais precisamente, neste trabalho, são analisados sinais que, apesar de serem normalmente produzidos com uma mão, são, por vezes, realizados com duas e vice-versa.

1 Doutorando em linguística (IEL-Unicamp). Agradeço ao CNPq pelo apoio financeiro (Processo 151395/2010-1).

2 Pode parecer estranho falar de variação fonológica, ou mesmo usar termos como fonética, fonologia, pronúncia, entre outros, para tratar de línguas que não se manifestam através de sons. Entretanto, tais termos vêm sendo empregados na literatura sobre as línguas de sinais, em primeiro lugar porque se entende que os conceitos expressos por eles não estão necessariamente atrelados ao som e, em segundo lugar, porque se defende que o uso de uma terminologia diferente para tratar de fenômenos nas línguas de sinais semelhantes aos das línguas orais obscureceria a observação de paralelos entre esses dois tipos de línguas.

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Entretanto, antes de tratar desses casos propriamente, são apresentados os parâmetros de análise sublexical dos sinais que vêm sendo postulados na literatura sobre a fonética e a fonologia das línguas sinalizadas, de maneira a contextualizar o número de mãos como sendo um deles.

Em seguida, são discutidos alguns casos de variação fonológica na libras caracterizáveis como sendo resultantes das diferentes manifestações que cada uma das unidades de análise sublexical dos sinais pode apresentar. Distinguem-se entre esses casos, aqueles cuja variação parece independer do contexto fonético-fonológico, daqueles que, ao contrário, têm sua alternância determinada ou influenciada pelos sinais adjacentes.

Por fim, focaliza-se a variação que acontece em alguns sinais da libras no que diz respeito ao número de articuladores manuais com que são produzidos e ilustra-se que os fatores que regem essa alternância podem ser de naturezas diversas, envolvendo desde expressividade até aspectos gramaticais/lexicais ou fonético-fonológicos.

2. As unidades de análise sublexical dos sinais

Stokoe (1960) foi o primeiro linguista a defender o estatuto de língua natural das línguas de sinais, ao apresentar evidências de caráter linguístico de que a língua de sinais americana, doravante ASL (do inglês American Sign Language), exibe princípios estruturais semelhantes aos apresentados pelas línguas orais.

Como a argumentação do autor se concentrou em aspectos da fonologia da ASL, os princípios estruturais elencados por ele diziam respeito (1) à decomposicionalidade dos itens lexicais dessa língua, normalmente chamados de sinais, em unidades menores, (2) à finitude e consequente recorrência dessas unidades sublexicais na constituição de outros sinais e, (3) ao caráter distintivo que estas podem assumir.

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