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A BASTA TÁ DO LADO

Por:   •  31/5/2019  •  Resenha  •  755 Palavras (4 Páginas)  •  287 Visualizações

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Resenha CECCHETO, Fátima Regina. MUNIZ, Jaqueline de Oliveira, MONTEIRO, Rodrigo de Araujo. “BASTA TÁ DO LADO” – a construção social do envolvido com o crime. Caderno CRH, Salvador, v. 331, n. 82, p. 99-116, Jan./Abr. 2018.

Taynara Xavier Telles

O artigo resenhado foi escrito por Fátima Regina Cachetto do Instituto Oswaldo Cruz, Jacqueline de Oliveira Muniz pesquisadora no Departamento de Segurança Pública, na Universidade Federal Fluminense e Rodrigo de Araujo Monteiro, pesquisador no Departamento de Ciências Sociais, também na Universidade Federal Fluminense. Trata-se de uma pesquisa etnográfica feita entre 2016 e 2017, realizada no Complexo do Alemão e Morro do Falet, ambas favelas cariocas. Os artigo resenhado é intitulado “BASTA TÁ DO LADO” – a construção social do envolvido com o crime, discorre acerca do termo “envolvido-com”, bem como discursos e ações que visam associar o jovem favelado a criminalidade, impondo uma necessidade criada de vigilância, controle e correção.

Os autores dividem o artigo em duas partes, as quais são fundamentais para a compreensão da análise feita sobre a expressão envolvido-com, evidenciada, sobretudo, nas falas dos jovens entrevistados, bem como em outros meios sociais, apontando discursos que caracterizam e, por consequência, consolidam imagens que objetificam jovens pertencentes a determinadas comunidades/espaços, reduzindo-os a uma categoria necessária para a manutenção social da pobreza, vulnerabilidade associada ao crime ou “bandidagem”, reforçando estereótipos de desigualdade social, intervenção policial, vigilância e criminalização.

Na primeira parte do artigo chamada “SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO VIGIADO: controles itinerantes, vigilâncias ampliadas e desconfianças recíprocas”, os pesquisadores narram sua trajetória para conseguir chegar as comunidades de pesquisa, sendo que os dispositivos que viabilizam locomoção não aceitam viagens até as favelas, pela reputação do medo, gerado a partir da disseminação de notícias atemorizantes de ocorrências em tais locais, sendo, portanto, melhor “prevenir do que remediar”.

Tais narrativas são resultado direto da manutenção discursiva do aspecto inseguro e inóspito das favelas, assegurando assim a propagação do temor, do medo e perigo que associa moradores das favelas à pobreza e violência, justificando, portanto, a vigília necessária de órgãos de segurança. Assegura-se assim o controle dos indivíduos e grupos, criando barreiras e fronteiras que os retém em seus “lugares sociais”, que não os de ascensão social, pois basta estar dentro – no mesmo espaço – que, comumente se vê, se fala de, e “pega bandido”, para que possam estar envolvido com.

A vigilância se mantém dentro da própria favela também entre os próprios moradores, por condição espaço-geográfica ou por precaução, afinal, se entende que é preciso vigiar quem vigia, ou vigiar é mais garantido que ser vigiado. Gerando um efeito cumulativo de controle, descrito pelos autores, no qual as relações de vigilância ocorrem verticalmente e horizontalmente potencializando a constituição de espaços de convivência atravessados por suspeições mútuas.

Ora, se você está sob vigilância constante, é potencial criminoso por sua condição social, logo, estar envolvido

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