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A Didática Tecnicista

Por:   •  17/5/2021  •  Trabalho acadêmico  •  15.364 Palavras (62 Páginas)  •  181 Visualizações

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TECNICISMO

Nos anos 70 desenvolveu-se acentuadamente  o que se chamou de "tecnicismo educacional", inspirado nas teorias behavioristas da aprendizagem e da abordagem sistêmica do ensino, que definiu uma prática pedagógica altamente controlada e dirigida pelo professor, com atividades mecânicas inseridas numa proposta educacional rígida e passível de ser totalmente programada em detalhes. A supervalorização da tecnologia programada de ensino trouxe conseqüências: a escola se revestiu de uma grande auto-suficiência, reconhecida por ela e por toda a comunidade atingida, criando assim a falsa idéia de que aprender não é algo natural do ser humano, mas que depende exclusivamente de especialistas e de técnicas. O que é valorizado nessa perspectiva não é o professor, mas a tecnologia, o professor passa a ser um mero especialista na aplicação de manuais e sua criatividade fica restrita aos limites possíveis e estreitos da técnica utilizada. A função do aluno é reduzida à um indivíduo que reage aos estímulos de forma a corresponder às respostas esperadas pela escola, para ter êxito e avançar. Seus interesses e seu processo particular não são considerados e a atenção que recebe é para ajustar seu ritmo de aprendizagem ao programa que o professor deve implementar. Essa orientação foi dada para as escolas pelos organismos oficiais durante os anos 60, e até hoje está presente em muitos materiais didáticos com caráter estritamente técnico e instrumental.

2 - OS CONTEÚDOS E A TEORIA EDUCACIONAL

Os conteúdos estão relacionados com a escola desde sua criação, quando  esta surgiu como “remédio” contra a ignorância e o analfabetismo, tendo a escola o papel de difundir a instrução e transmitir conhecimentos acumulados  pela humanidade e sistematizados logicamente.

A questão dos conteúdos será anlisada através da relação com a teoria educacional, adotando-se os cinco enfoques utilizados por VEIGA (1989) para caracterizar a Didática: Tradicional, Escola Nova, Tecnicista, Crítico-Reprodutivista e Histórico-Crítica (Dialética). Será feita uma breve colocação destes enfoques, detendo-se mais especificamente na visão Histórico-Crítica, na qual está inserida a proposta inicial deste artigo.

 

2.1 - A Didática Tradicional

A Didática Tradicional, onde a escola é marcada pelo conservadorismo cultural, inspirando-se no passado para resolver os problemas do presente, enfatiza muito a experiência social e cultural que é transmitida. O Saber (conteúdo) já produzido é muito mais importante do que a experiência que o sujeito venha a possuir.

A ênfase na acumulação de conhecimento de todas as descobertas da humanidade torna fundamental a transmissão desse conhecimento, que é determinado pelo professor e assimilado pelo aluno, tornando a prática pedagógica estática, sem que haja questionamento da realidade e das relações existentes, sem pretender qualquer transformação da sociedade.

O trabalho pedagógico, neste enfoque, mostra grande desvinculação da educação com a sociedade. A educação em nada contribui para a mudança social, ao contrário, evita todo processo de mudança por enfatizar o aspecto humanístico, que se desloca da realidade.

Os conteúdos, nesse enfoque, são selecionados a partir da cultura universal, do saber acumulado e sistematizado e da acumulação do saber enciclopédico. O importante é a quantidade de conhecimentos colocada e passada ao aluno, e não a qualidade dos mesmos. O aluno passa a dominar o conteúdo cultural e universal, transmitido pela escola. A didática tradicional é vista como “conjunto de normas e regras para ensinar a dar aula, que leva a centralização no método de ensinar(...). Os conteúdos, a prática pedagógica são neutros e completamente desvinculados de nossa realidade”. (VEIGA, 1989).

LIBÂNEO (l985:23) coloca que na tendência liberal tradicional, os conteúdos

“são os conhecimentos e valores sociais acumulados pelas gerações adultas repassados ao aluno como verdades. As matérias de estudo visam preparar o aluno para a vida, são determinadas pela sociedade e ordenadas na legislação”.

Pelas idéias colocadas acima, se observa que a questão dos conteúdos no enfoque tradicional restringe-se apenas à forma, à quantidade e à maneira pela qual é transmitido, sem que ao menos se questione que conteúdos são esses e por que estes conteúdos devem ser transmitidos.

 

2.2 - A Didática da Escola Nova

Nesse enfoque, o ponto central  da prática educativa é o aluno, sua vida e atividade no meio em que se insere (no caso a escola), não levando em conta a realidade na qual a escola está inserida; considera os problemas que ocorrem na educação como sendo da escola e não da sociedade. O caráter neutro é acentuado e o contexto político-social ignorado. A prática pedagógica é vista em si mesma, sem desvinculação com o caráter mais amplo.

O papel da escola é atender às diferenças individuais, às necessidades e interesses dos alunos, enfatizando os processos mentais e habilidades cognitivas em detrimento aos conteúdos organizados racionalmente. A cultura geral, ao invés de vir do acúmulo do conhecimento do passado, passa a se basear na função das experiências que o aluno vivencia frente a um problema. O mais importante é “o processo de aquisição do saber do que o saber propriamente dito”. (LIBÂNEO, 1985:25).

A ênfase no processo faz com que os conteúdos sejam desconsiderados. Não é preciso saber e sim aprender a fazer, o que reduz o conhecimento a simples “receitas de bolo”, cada vez menos relacionado com a realidade social na qual se insere.

 

2.3 - A Didática Tecnicista

Os princípios da racionalidade, eficiência e produtividade e a neutralidade científica produzem uma enorme distância entre o planejamento e a prática educativa. O Planejamento é feito por especialistas e técnicos de educação e o professor e aluno são meros executores de atividades prontas.

Os meios e os recursos passam a ser o centro da prática educativa. O conteúdo se torna insignificante, abstrato e instrumental, sendo centralizado na organização racional do processo de ensino. O mais importante são os objetivos a serem alcançados e é a partir desses objetivos que todos os conteúdos são estruturados e ordenados numa sequência lógica e psicológica que atenda aos princípios de eficiência, racionalização e produtividade.

 

2.4 - A Didática Crítico-Reprodutivista

O enfoque crítico-reprodutivista enfatiza o aspecto político em detrimento da técnica, denunciando o caráter reprodutor da escola, enfocando o discurso pelo discurso. GIROUX (1988:55) afirma que a escola é reprodutora porque

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