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A HISTÓRIA TRÁGICO-MARÍTIMA DAS CRIANÇAS NAS EMBARCAÇÕES PORTUGUESAS DO SÉCULO XVI

Por:   •  5/3/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.640 Palavras (7 Páginas)  •  1.511 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE EDUCAÇÃO – CEDUC

CURSO DE PEDAGOGIA

LEANDRO RAFAEL SALOMÃO AQUINO

FICHAMENTO: A HISTÓRIA TRÁGICO-MARÍTIMO DAS CRIANÇAS NAS EMBARCAÇÕES PORTUGUESAS DO SÉCULO XVI

Boa Vista, RR

2016


RAMOS, Fábio Pestana. A história trágico-marítima das crianças nas embarcações portuguesas do século XVI. In: PRIORE, Mary Del. História das crianças no Brasil. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2007.

Palavras Chaves

Citação

Comentários

Descoberto

Brasil

“É de conhecimento geral que, apesar de o Brasil ter sido “descoberto” oficialmente em 1500, suas terras só começaram a ser povoadas a partir de 1530 […]” p. 19

Infelizmente muitos livros de histórias do ensino fundamental e médio, num passado bem recente, sempre abordaram o tema “descobrimento do Brasil” como algo natural, sem desvendar como foram realizadas essas viagens nas Naus. O mesmo pode-se dizer do processo de povoamento.

Crianças

a bordo

Brasil

“As crianças subiam a bordo somente na condição de grumetes ou pagens, como órfãs do Rei enviadas ao Brasil para se casarem com os súditos da Coroa [...]”p.19

“Em qualquer condição, eram os “miúdos” quem mais sofriam com o difícil dia a dia em alto mar [...]” p.19

Ao ler o texto do autor Ramos, percebemos que as crianças sempre foram vistas como adultas. Na época em questão, numa Portugal “pobre” muitas dessas crianças a maioria órfãs eram levados às Naus para trabalhos pesados que até mesmo adultos tinham dificuldade de executar. Outro momento cruel eram que as famílias mais pobres vendiam suas crianças em prol das grandes navegações, porém, não tinham garantia alguma se suas crianças chegariam ao destino. Na leitura em questão percebemos que as crianças eram exploradas de toda e qualquer forma, seja nos trabalhos pesados de sol a sol e também de cunho sexual. A verdade é que essas crianças do passado sofreram muito.

Vida

Crianças

Trabalho

Morte

“[…] A expectativa de vida das crianças portuguesas, entre os séculos XVI e XVII, rondava os 14 anos, enquanto “cerca da metade dos nascidos vivos morria antes de completar sete anos” [...]” p.20

“Isto fazia com que principalmente entre os estamentos mais baixos, as crianças fossem consideradas como pouco mais que animais, cuja força de trabalho deveria ser aproveitada ao máximo enquanto durassem suas curtas vidas [...]” p 20

Sarampo, caxumba, fome e entre outros fatores favoreciam que a expectativa de vida das crianças fosse em um tempo curto. E os que passavam dos quatorze anos tinham que lidar com os deveres de sobrevivência da época. Como as crianças tinham pouco tempo de vida, eram “extraídos” ao máximo de seu trabalho, seja na capital Lisboa, seja nas Naus.

Recrutamento

Crianças

Judias

Embarcações

“Outro método de recrutamento de grumetes para servirem a bordo das embarcações portuguesas era o rapto de crianças judias arrancadas à força de seus pais [...]”p.22

Não menos importante, mas com uma certa diferença, as crianças judias eram separadas de suas famílias para as viagens ultramarinas. Historicamente os judeus sempre foram detentores de comércio e riquezas, isso fazia com que os raptores exigem certas quantias de dinheiro para o resgate, porém, grande parte das crianças judaicas eram levadas aos Naus para às carreiras na Índia e no Brasil.

Falta

Profissionais

Adultos

“[…] cabe notar que a partir do século XVII e, principalmente, de meados do século XVIII, o número de marinheiros e, algumas vezes, até superior devido à falta de profissionais adultos [...]” p.23

Fome, doenças, pragas e outras mazelas faziam com que a taxa de mortalidade em Portugal dessa época fossem altos. Todavia existiam pessoas que não queriam migrar para as colônias, e por isso fugiam. É bom lembrar que em alguns casos, a mão de obra de negros alforriados eram um pouco mais caro se comparado às crianças. Percebe-se que tudo de ruim recaia à criança da época.

Grumetes

Piores condições

“De todos os embarcados, os grumetes eram os que tinham as piores condições de vida. Além de enfrentar como todos os outros, incluindo passageiros, um espaço disponível de pouco mais de cinquenta centímetros quadrados [...]” p.24

“Enquanto cada marujo tinha, ao menos, direito a um catre – uma cama de viagem – e um baú para guardar seus pertences [...]” p.24

As distinções em alto-mar existiam, enquanto os grumetes tinham que dormir no relento, pegando sol, chuva (esses também eram fatores de morte no mar) os oficiais tinham um “canto” para dormir e guardar seus pertences. As Naus levavam novecentas pessoas, e dividir um pequeno espaço para dormir, sem nenhum conforto ou privacidade, tornava essas embarcações desumanas. Aliás, a vida humana cessava para alguns que entravam nos barcos de carreira.

Consciência

Perigos

Mar

Crianças

“Apesar de todos a bordo, inclusive os oficiais, terem plena consciência de que “os acontecimentos e perigos do mar” eram sempre “súbitos e estranhos”, e de “que a todas as horas e momentos” estavam a eles “sujeitos”, não havia hesitação em colocar as crianças para os trabalhos mais arriscados [...]” p.24

Em alto-mar ocorriam muitos momentos tristes. Quando uma criança morria, seja do trabalho pesado ou de “acidentes” os oficiais “engrandeciam” o pobre coitado que morreu, caso não fizessem, temiam uma provável rebelião.

Grumetes

Biscoito

Fétido

Baratas

Doenças

Diarreia

“[…] os grumetes tinham direito a uma ração de “uma libra e meia de biscoito por dia (…) e um pote de água, uma arroba de carne salgada por mês e alguns peixes secos, cebolas e manteiga [...]” p.26

“[…] o fato da ração ser extremamente restrita, a sua qualidade era sempre péssima; o “biscoito era bolorento e fétido, todo roído pelas baratas”. A carne salgada encontrava-se, constantemente, em estado de decomposição. A água potável, igualmente podre, exalava um incrível mau cheiro por ser armazenada em tonéis de madeira, onde, em poucos dias, proliferavam inúmeros micro-organismos, responsáveis por constantes diarreias [...]” p.26

As chamadas viagens de “carreiras para o Brasil” demoravam entre quatro semanas a três meses, se em terra firme já era difícil preservar os alimentos, imagine em alto mar, em que a todo o momento o ambiente era úmido e com presença de baratas e ratos. Logo, o alimento não duraria muito, e se durasse, seria nessas condições conforme relatado pelo autor. Se essas viagens ao Brasil já era trágico e deprimente, agora pense como eram as “viagens de carreira para Índia”?

Com o alimento deteriorado, muitas crianças morriam de fome extrema, quando não, sofriam da falta de vitamina C, suas gengivas começavam a apodrecer. Para a infelicidade das crianças, as embarcações não possuíam médicos, e sim, barbeiros, que faziam a chamada sangria. Muitos sobreviviam a esse procedimento, outros não.

Pagens

Crianças

Tarefas

Bem mais leves

“[…] as crianças embarcadas como pagens da nobreza tinham um cotidiano um pouco menos árduo, e muito mais chances de alcançar os melhores cargos da Marinha, sobretudo servindo a algum oficial da embarcação [...]” p.29

“Aos pagens eram confiadas tarefas bem mais leves e menos arriscadas do que as impostas aos grumetes, tais como servir à mesa dos oficiais, arrumar-lhes as câmaras(camarotes) e catres(camas) e providenciar tudo que estivesse relacionado ao conforto dos oficiais da nau [...]” p.30

Como já abordado, mesmo em alto-mar, os títulos de hierarquia não mudavam. Os pajens estavam acima dos grumetes, essa categoria tinham suas tarefas “menos” pesada que os outros. Os pajens também eram retirados das famílias pobres, porém, isso não os impediam de um pouco de “poder” sobre os grumetes. Isso ocorria, porque os pagens ficavam servindo a nobreza nas embarcações. Logo, tinham mais chances de conseguir de forma rápida cargos na marinha portuguesa, diferentemente dos grumetes, que demoravam mais tempo para alcançar tais cargos, salienta-se que, poucos conseguiam.

Falta

Mulheres

Meninas

Pobres

“Dada a falta de mulheres brancas nas possessões portuguesas, a Coroa procurou reunir meninas pobres de “14 a 30 anos” nos “orfanatos” de Lisboa e Porto, a fim de enviá-las sobretudo à Índia – no Brasil a pratica de amancebar-se com as nativas suavizava o problema da constituição de famílias – prática comum principalmente a partir da segunda metade do século XVI. Eram estranhamente consideradas como órfãs até mesmo as meninas que tinham o pai falecido. Assim podemos supor que existiu uma espécie de sequestro de meninas pobres, principalmente menores de 16 anos, em Portugal [...]” p.32-33

Entre as categorias de crianças que as Naus levavam em “carreiras” os grumetes, pagens e crianças judias, as órfãs do Rei eram meninas que não tinham família, as mesmas, ficavam em orfanatos de Lisboa. Nas embarcações alguns religiosos cuidavam das mais novas e virgens para que pudessem se casar em terra firme com os nobres, mas, a maioria não tinha essa sorte. Com a quantidade de homens da pior escória de Portugal e “sedentos” em alto-mar, o grau de estupro era grande.

Órfãs do Rei

“Para além dos grumetes, dos pagens e das órfãs do Rei, outra categoria de crianças embarcadas nas naus do século XVI era justamente a dos miúdos que acompanhavam seus pais ou parentes na condição de passageiros [...]” p.35

Completando a lista de passageiros, as crianças também eram vistas acompanhadas de seus pais ou parentes. Os mesmos não tinham tratamento diferenciado, eram sujeitos a mesma situação que os grumetes, no que diz respeito à alimentação, trabalho e outros tipos de violência que ocorriam nos navios.

Jogar

Mar

Crianças

Religiosos

“É curioso ainda notar que quando se fazia necessário jogar ao mar, mesmo que fossem uma inocente criança, os religiosos dificilmente se intrometiam, temendo ser eles lançados à água em seu lugar [...]” p.43

As mazelas nas Naus não paravam por aí, a tripulação sofriam constantemente com a fome, falta de água, periodicamente com trabalho pesado, violência sexual, sem o conforto na hora de dormir ou descansar, pegava-se sol o tempo todo, as crianças ainda podiam ser submetidas ao acidente de caírem ao mar. Caso caíssem, os poucos que sabiam nadar voltavam à embarcação, porém, a maioria esmagadora não sobreviviam, seja por não saber nadar, seja porque as Naus não voltavam para o resgate. E os relatos eram que muitas Naus seguiam em frente, sem ter o que fazer. E finalizando, aqueles que se diziam trabalhar em nome de Deus, não faziam nada, mais valia sua vida do que a das crianças. Curiosa e triste parte da história das grandes navegações que a coroa portuguesa em alguns momentos  não os relatava.

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