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A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA

Por:   •  15/8/2020  •  Resenha  •  2.873 Palavras (12 Páginas)  •  170 Visualizações

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA

CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA

ADIL DE SOUZA OLIVEIRA JUNIOR

RESENHA 2 – PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA

DIDÁTICA GERAL

CAMPO MOURÃO

2018

Pedagogia Histórico-Crítica

        A pedagogia histórico-crítica começou a ser elaborada e difundida durante a ditadura militar, entre as décadas de 1970 e 1980. Em 1968 foi decretado o Ato Institucional nº 5, tornando a ditadura ainda mais rígida, abolindo direitos e fechando o congresso. Neste mesmo ano, movimentos estudantis tomaram proporções mundiais, tendo como epicentro Paris (SAVIANI, 2014, p.11-12). Esse fato é importante, pois é a partir das consequências do movimento estudantil que nascem as teorias crítico-reprodutivistas, que mais tarde deram base para as teorias não-reprodutivistas, como a histórico-crítica.  

        Os movimentos levantados para manutenção dos direitos estudantis e de toda população acabou não surgindo o efeito esperado, isto é, não ocorreu a propalada revolução social pela revolução cultural. E a partir daí surgiram as teorias crítico-reprodutivistas. Essas teorias defendiam que a cultura e a educação, com ênfase na escola, acabam tornando-se instrumentos de reprodução da ordem, da manutenção da sociedade existente, e assim não podem fazer revolução. Talvez o grande erro dessa teoria seja a falta de alternativa, ou seja, mostra o problema, mas não apresenta a solução. Além de desacreditar a escola como instrumento de transformação social, uma vez que para a mesma a escola é condicionada a sociedade onde está inserida (SAVIANI, 2014, p.13-14).

        Outras manifestações pedagógicas que foram amplamente difundidas são as denominadas não-críticas, isto é, a pedagogia tradicional, a pedagogia nova e a pedagogia tecnicista. Essas teorias são denominadas de não-críticas justamente porque em lugar de reconhecer a determinação da sociedade sobre a educação, conferem a educação o poder de determinar a forma da sociedade. Ademais, essas teorias não estão preocupadas em mudar a sociedade, mas sim em ajustar a educação a sociedade, legitimando as diferenças, e acima de tudo, as desigualdades (SAVIANI, 2014, p.15).

        Foi buscando superar as limitações lógico-formal das teorias supracitadas, que Saviani elaborou a pedagogia histórico-crítica. Deste modo, buscou-se construir uma nova ordem que superasse os anseios capitalistas, e que garantisse os interesses e direitos dos trabalhadores, para que houvesse de fato uma libertação da dominação (SAVIANI, 2014, p.17). Fazendo então uma revolução social no âmbito da própria sociedade por meio das lutas sociais, e assim mudando a superestrutura dominante (SAVIANI, 2014, p.14).

        Para elaborar a pedagogia histórico-crítica Saviani utilizou como fundamentação o materialismo histórico dialético de Karl Marx, isto é, a não negação a lógica formal, mas a superação por incorporação. Nas palavras de Saviani (2014):

Na lógica dialética a contradição não é sinônimo de inverdade como na lógica formal. A lógica formal trabalha com exclusão das contradições e a lógica dialética por inclusão das contradições. E é só a partir daí que podemos entender o movimento e as transformações, porque não é possível pensar nessa sociedade, que está aí instalada, e supor que se possa construir um modelo de outra sociedade para depois remover essa e colocar a outra no lugar. Não é assim que as coisas acontecem. A história não se desenvolve dessa maneira. A história se desenvolve por contradições. É do seio da velha sociedade que surgem os elementos que contestam essa ordem e, portanto, apontam na direção de uma nova ordem (p.17-18).

        E é por esse viés dialético que se faz possível entender o movimento que se desenvolve pelas contradições. A educação está inserida na sociedade, sendo assim por ela determinada, mas ao mesmo tempo participa desse movimento contraditório. Na sociedade capitalista em que vivemos, o saber converteu-se em propriedade privada, como um meio de produção, que não estende-se para todos. Desta maneira, a possibilidade de estender o saber para todos passa pela mudança da sociedade, isto é, o meio de produção passa a ser socializado, o que implica na formação de uma sociedade com características socialista que supera a ordem capitalista (SAVIANI, 2014, p.24).

        Nesse âmbito, procurando entender o significado da educação e da escola, analogicamente Saviani (2014, p.28) descreve que a anatomia da escola é a chave da anatomia da educação. A escola por ser uma forma mais desenvolvida, permite compreender a educação a partir dela, todavia, o contrário já não é possível. É nítido a valorização da escola pela pedagogia histórico-crítica, isto porque a mesma entende que a escola é um elemento chave para que ocorra uma transformação social, pois a instituição de ensino é a forma mais desenvolvida, e é a partir dela que compreenderemos as demais.

        É nessa circunstância que a pedagogia histórico-crítica busca recuperar a autoestima da escola, e sua função de oferecer o acesso ao saber elaborado. Isto porque, a escola diz respeito ao conhecimento elaborado e não ao conhecimento espontâneo; à cultura erudita e não à cultura popular, e de mesmo modo, a escola deve propiciar o conhecimento científico e não com o conhecimento cotidiano. Se definirmos o saber popular mais importante que o saber científico, estaremos por definição desvalorizando e descaracterizando a função da escola (SAVIANI, 2014, p.29).

        É importante salientar, que se a população não tiver acesso ao saber elaborado ela não irá domina-lo, pelo contrário, irá relaciona-lo de maneira estranha e desarmada. O que acaba por reafirmar a condição de dominação, quer dizer, as elites têm acesso ao saber elaborado e também ao não elaborado, o que lhes permitem estar na condição de dominantes (SAVIANI, 2014, p.30). É nessa tendência que afirma-se que “O dominado não se liberta se ele não vier a dominar aquilo que os dominantes dominam. Então, dominar aquilo que os dominantes dominam é condição de libertação” (SAVIANI, 2012, p.55).

        Na pedagogia histórico-crítica o método pedagógico tem como ponto de referência a prática social. A educação é vista como a mediação no interior desta prática social. Logo, constitui-se como ponto de partida e chegada da educação. Todavia, a prática social do ponto de chegada não é a mesma do ponto de partida. Isto porque a qualidade da intervenção agora é outra, já que foi mediada por instrumentos que a educação permitiu que fossem incorporados (SAVIANI, 2014, p.30-31).

        Enfim, a pedagogia histórico-crítica busca incorporar os conhecimentos pedagógicos articulando-os com os modos de produção da existência humana. Apoiando-se na escola de Vygotsky, que distingue entre as funções psicológicas inferiores, que os homens têm em comum com os animais, e as funções psicológicas superiores, que são especificamente humanas. Vygotsky apresenta que as crianças aprendem em contato com adultos. Deste modo, o adulto é representado pela figura do professor, que tem o papel de desenvolver as funções psicológicas superiores dos alunos. Uma vez que, o verdadeiro desenvolvimento não é aquele que segue as tendências da criança, mas sim aquele que as antecipam (SAVIANI, 2014, p.35).

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