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As Brincadeiras de Meninas

Por:   •  6/9/2020  •  Artigo  •  2.018 Palavras (9 Páginas)  •  151 Visualizações

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Brincadeiras de Menina

Resumo:  

O presente trabalho está estruturado a partir de entrevistas realizadas com 5 crianças na faixa etária dos 6 anos de idade que tem por objetivo tecer uma discussão sobre gênero e brincadeiras. Entendendo que essa temática faz parte do cotidiano das crianças desde seu nascimento e a acompanham durante a infância, porque elas têm que se adaptar a certos padrões de comportamento pré-determinados? 

Palavras chave: brincadeira de menina, gênero, pesquisa com crianças.

Introdução:

        O mundo começa a inventar papéis de gênero desde cedo. Adichie (2017, p.23). Ao descobrir o sexo da criança, seus familiares já decidem qual será a cor da roupa, quarto e acessórios dela. Educam-na e cuidam-na atendendo a padrões estabelecidos de gênero que as identifiquem em meninas e meninos. Porém, essas determinações não se restringem apenas ao âmbito familiar, mas também são vivenciadas em instituições de Educação Infantil.

        A família é o primeiro lugar de socialização e também de diferenciação de gênero, na qual as meninas aprendem desde cedo a brincarem de determinados brinquedos como bonecas, imitarem suas professoras brincando de escolinha, a serem gentis, obedientes, que possuem o dom da tarefa doméstica e precisam ser salvas por um principie.

        Pensar em Infância é entender as crianças como sujeitos históricos-sociais que produzem cultura e que durante a infância aprendem sobre questões que perpassam no seu cotidiano como: valores, comportamentos, cultura e principalmente sobre gênero.

        Ao pensar a criança e a produção da cultura infantil, encontrei na brincadeira uma de suas múltiplas formas de expressão: a forma como a criança se manifesta culturalmente. Finco (2003, p. 90)

A brincadeira é uma linguagem das crianças, diante disso, brincar é muito importante principalmente na infância. As crianças utilizam diversas formas para se expressarem e a brincadeira é a mais importante. Pois segundo Vigotsky (1998, p.126) é enorme a influência da brincadeira no desenvolvimento de uma criança.

Diante disso, esse trabalho teve como principal objetivo escutar as crianças sobre o que elas pensam sobre o tema e também compreender e conhecer como as crianças constroem relações entre si, seus brinquedos e brincadeiras e as questões de gênero.

Este texto discorre inicialmente a metodologia utilizada, seus desafios, depois sobre a entrevista com as crianças e por último sobre fundamentação teórica.

Como fundamentação teórica, temos os estudos realizados por: Daniela Finco (2003), Lev Vigotsky (1998), Chimamanda Adichie (2017), Míria Isabel Campos, Magda Sarat e Ediliane de Mello Macedo (2016).

Metodologia:

Com o tema em mãos, a dúvida que mais me atormentava seria como chegar nas crianças e se eu levaria as perguntas previamente. O que de fato não se concretizou pois na hora eu não segui um roteiro de perguntas, o que foi bastante legal e dinâmico. Pois a partir da resposta daquela criança eu ia formulando perguntas e descobri que não existem respostas certas ou erradas.

Tive como objetivo por meio das entrevistas com as crianças, compreender como as questões de gênero estão presentes em suas brincadeiras e como a educação sexista já começa a ser reforçada em crianças pequenas.

As entrevistas foram realizadas no período de Estágio em uma Escola Municipal localizada no Bairro das Laranjeiras, por ser possível encontrar crianças reunidas e por este tema ser bastante presente no cotidiano delas.

As entrevistas foram feitas em diferentes momentos, preferi fazê-las perto do período de encerramento do estágio, pois já estaria com mais intimidade e conhecendo melhor cada um.

Além disso, a pesquisa realizada com as crianças dessa escola foi bem interessante pois nas relações entre elas e com a professora estava sempre permeada por uma visão sexista. Ou seja, meninas brincam de boneca e meninos brincam de carrinho.

As entrevistas foram realizadas com 5 crianças todas da mesma faixa etária com 6 anos de idade, sendo elas: Bella, Nina, Theodoro, Sofia e Vitória.

Quanto a autorização foi solicitada com as crianças, fazendo uma exposição sobre o tema e elas prontamente aceitaram e sentiram à vontade para conversar. Também perguntei a professora da turma e ela aprovou.

Em relação aos brinquedos as crianças poderiam trazê-los de casa em qualquer dia e também tinham a sua disposição: bonecas, carrinhos, lego, brinquedos oriundos do Mcdonalds no qual as crianças ganham do mc lanche feliz.

Especificamente em relação às brincadeiras, pude observar que as meninas estão sempre brincando entre elas e brincam de cabeleireiro, Barbie, boneca, mãe e filha e muitas brincadeiras que envolvam beleza e moda. Diante disso, podemos observar como as crianças socializam com a cultura na qual estão inseridas e também correspondem às expectativas de uma educação sexista que aprendem pelas famílias e pela escola.

Foi bem gratificante fazer as entrevistas com as crianças da educação Infantil para eu poder melhor conhecer como e com quem as meninas brincam e quais os brinquedos que elas usam em suas brincadeiras e participam de uma educação sexista desde cedo.

Para começar a entrevista, perguntei do que elas mais gostavam de brincar.

Crianças e suas brincadeiras:

Entrevista Nina:

Eu: Você gosta de brincar de boneca?

Nina: Eu odeio brincar de boneca.

Eu: Do que você gosta de brincar?

Nina: Eu gosto de brincar com os meninos porque eles brincam de avião, carro e massa de areia.

Eu: Legal!! Quem escolhe seus brinquedos?

Nina: Eu, as vezes minha mãe ou a amiga dela.

Eu: Quando você escolhe um carrinho de presente, sua mãe briga?

Nina: Não, ela gosta. Ela me dá carrinho e olho de pirata de presente.

Durante as aulas, ela sempre dava sugestão para a Professora de que meninos e meninas deveriam brincar juntos.

Durante a entrevista, uma outra criança interrompeu dizendo:

Menino: Tia, a Nina ela é metade menino e menina

Eu: Porque?

Menino: Porque ela só brinca de coisa de menino, esses bonecos de Pokémon.

Eu: Mas tem algum problema de ela brincar com esses brinquedos?

Menino: é estranho, nenhuma menina brinca assim, só ela

Eu: mas quem disse pra você que só meninos podem brincar com esses brinquedos?

Menino: ninguém

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