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Coesão e coerência

Por:   •  7/4/2016  •  Artigo  •  3.734 Palavras (15 Páginas)  •  489 Visualizações

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COESÃO TEXTUAL: ANÁLISE DE PRODUÇÕES DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVAS DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

Talita Aparecida da Costa Duarte [1]

Resumo: O objetivo desse trabalho é a análise de redações dissertativo-argumentativas de alunos do Ensino Médio de uma escola da rede particular de ensino da cidade de Cáceres-MT, redações essas que foram produzidas durante uma oficina preparatória para o ENEM 2013, proposta a tal escola para a realização da prática de regência da disciplina Estágio Supervisionado II, do Curso de Letras. O enfoque da análise é a verificação do modo como os equívocos de ordem coesiva comprometem o sentido nos textos analisados.

Palavras-chave: Redações – Coesão – Análise

        

Este texto tem como objetivo analisar textos dissertativo-argumentativos de alunos do Ensino Médio da rede particular de ensino de Cáceres-MT, verificando como funcionou o procedimento textual da coesão nestes textos. As redações que serão analisadas foram produzidas durante a oficina de Língua Portuguesa preparatória para o ENEM 2013, oficina proposta à escola como prática de regência do Estágio Supervisionado II, do curso de Letras, da Universidade do Estado de Mato Grosso. A oficina teve por objetivo possibilitar um momento de prática de leitura e escrita, com o fim de preparar os alunos dessa escola para a realização do Enem. As redações foram solicitadas para que se compreendesse as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos e pudesse redirecionar este trabalho na tentativa de solucioná-las.

Para a realização do objetivo a qual me propus, foi utilizado como base teórica a Linguística Textual, de acordo com o que aponta Ingedore Koch. Segundo a autora (2004, p.11), a Linguística Textual toma o texto como objeto de investigação, considerando-o como “a unidade básica de manifestação da linguagem”. Nessa perspectiva, analiso as redações dos alunos um dos fatores determinantes para que um texto seja de fato considerado um texto: a coesão textual. Considerando, pela teoria a qual me filiei, que coesão e coerência textual, apesar de serem elementos distintos, são inseparáveis em um texto, me propus a apontar de que modo os equívocos de ordem coesiva podem interferir no sentido dos textos analisados.

De acordo com Halliday & Hasan (apud Koch, 2004, p. 16) a coesão textual “é um conceito semântico que se refere ás relações de sentido existentes no interior do texto e que o definem como um texto”, ou seja, essas relações ao contribuir para a continuidade das ideias presentes no texto, pela interligação dos elementos presentes nele, são fundamentais na constituição de seu sentido.

Para Koch (2000, p.35) a coesão textual é conceituada como “o fenômeno que diz respeito ao modo como os elementos linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados, por meio de recursos também linguísticos, formando sequências veiculadas de sentido”. Desse modo, entende-se que a interligação dos elementos de um texto, que os coloca em uma relação de interdependência de sentido, se realiza através de elementos linguísticos presentes no próprio texto. Conforme Platão & Fiorin (1995, p. 279)

“o que se coloca como mais importante no uso desses elementos de coesão é que cada um deles tem um valor típico. Além de ligarem parte do discurso, estabelecem entre elas um certo tipo de relação semântica: causa, finalidade, conclusão, contradição, condição, etc.”

Sendo cada elemento coesivo responsável por estabelecer determinado tipo de relação de sentido, a escolha de qual deles utilizar não deve ser feita de forma aleatória, ou seja, tais elementos devem ser escolhidos levando em conta o sentido que se queira atribuir ao texto como um todo. Ainda segundo Platão & Fiorin (Idem), os elementos coesivos “não são formas vazias, não podem ser substituídos entre si, sem nenhuma consequência, pelo contrário são formas linguísticas portadoras de significado” e por esse motivo não podem ser utilizadas sem nenhum critério. A utilização equivocada dos elementos de coesão, sem que se considerem as relações de sentido que estabelecem no texto, pode criar contradições no interior do mesmo.

        Koch (2004, p.27) considerando a função dos mecanismos coesivos na construção da textualidade, propõe a existência de duas grandes modalidades de coesão, são elas a coesão remissiva ou referencial e a coesão sequencial, que serão explicadas a seguir.

A coesão referencial é entendida por Koch (2004, p.31) como “aquela em que um componente da superfície de um texto faz remissão a outro (s) elemento (s) nela presentes ou inseríveis a partir do universo textual”, o primeiro elemento é denominado pela autora como forma referencial ou remissiva e o segundo, como elemento de referencia ou eferente textual. Os elementos de referência segundo Fávaro & Koch (1983, p.38) são itens que não são interpretados semanticamente pelo seu sentido próprio, mas na relação estabelecida com outros elementos, esses elementos podem ser representados por um nome, um sintagma, um fragmento de oração, uma oração ou todo um enunciado. Kallmeyer (apud Koch, 2004, p.32) diz que “a relação de referência (ou remissão) não se estabelece apenas entre a forma remissiva e o elemento de referência, mas também entre os contextos que envolvem a ambos”, ou seja, a partir dessa relação entre os elementos, o sentido do texto pode ser totalmente modificado. A relação coesiva referencial pode ser caracterizada como pessoal, demonstrativa ou comparativa, e acontecer por meio de anáforas – na qual a interpretação de um item é possibilitada pela relação estabelecida com algo que precede no texto – e de catáforas, quando a interpretação de determinado elemento é dependente de outro que se segue no texto.

De acordo com Fávaro & Koch (1983, p. 40) “a referência quer anafórica, quer catafórica, quando estabelecida de maneira inadequada pode dar margem á ambiguidade e prejudicar a inteligibilidade do texto”, evidenciando dessa forma a necessidade de se atentar ao uso dos elementos coesivos, para que não se estabeleça relações de sentido contrárias ao que se deseja.

A segunda modalidade de coesão textual apontada por Koch, a coesão sequencial ou sequenciação, “diz respeito aos procedimentos linguísticos por meio dos quais de estabelecem, entre segmentos do texto (enunciados, partes de enunciado, parágrafos e sequências textuais), diversos tipos de relações semânticas e/ou pragmáticas, á medida que se faz o texto progredir” (Koch, 2004, p.53), dessa forma, entende-se que o texto tem seu sentido construído a partir da interdependência dos elementos que o constituem, estabelecida por elementos que garantem a continuidade textual. Ainda de acordo com Koch, a progressão do texto pode acontecer através da sequenciação parafrástica ou da sequenciação frástica. A primeira ocorre quando são utilizados procedimentos de recorrência (recorrência de termo, recorrência de estruturas, recorrência de conteúdos semânticos, entre outras) na progressão do texto; a segunda acontece quando a progressão do texto se realiza através “de sucessivos encadeamentos, assinalados por uma série de marcas linguísticas através das quais se estabelecem entre os enunciados que compõe o texto, determinados tipos de relação” (Koch, 2004, p.60).

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