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DESVENDANDO LINGUAGENS A PARTIR DO BRINCAR

Por:   •  18/9/2020  •  Artigo  •  3.654 Palavras (15 Páginas)  •  85 Visualizações

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DESVENDANDO LINGUAGENS A PARTIR DO BRINCAR[1]

Jorrayce Dálleti de Lima Fernandes[2]

Marcília Rinaldes Rocha dos Santos Neto[3]

1. INTRODUÇÃO

Atualmente há uma preocupação dos pais para que os filhos cheguem à escola já sabendo algumas letras, números ou até mesmo escrevendo o próprio nome, pois assim acham que a criança sobressairá das demais que ainda não possuem o domínio dessa linguagem. Mas será que a criança que chega sem apresentar essas habilidades não tem o seu próprio jeito de se comunicar?

Ao longo dos séculos, a criança é vista de diversas maneiras. A ideia de infância que temos hoje é diferente, por exemplo, daquela construída na Idade Média. Desse modo, um novo conceito sobre a educação na infância vem sendo pensada com base em um olhar mais voltado para a criança, analisando os aspectos culturais e socias de importância no desenvolvimento e formação dessa criança.

A criança traz consigo determinadas linguagens, como apontar, gesticular, já sabendo imitar e repetir alguns sons. No convívio de sala de aula o professor passa a compreender estes gestos e por meio deles cria uma forma de comunicação, socializando entre a turma essas múltiplas linguagens. Assim o processo ensino aprendizagem se dá nas trocas dos saberes e fazeres e não mais com o professor como o único detentor do conhecimento.

No que tange à Educação Infantil, a BNCC estabelece habilidades e competências que tem o lúdico como parte do processo de aprendizagem e a linguagem como o fator importante para o desenvolvimento infantil, uma vez que possibilita diferentes formas de expressão e torna a criança como parte na construção dos saberes.

A educação infantil é “construída” com base na interação e na brincadeira. Enquanto a criança brinca, imagina, aprende, amplia seu conhecimento e no convívio com o outro, utiliza e aperfeiçoa diferentes linguagens. Desse modo, o brincar e o interagir são eixos estruturais da BNCC, pois na interação durante o brincar, a criança desenvolve habilidades para o próprio crescimento, experimentando assim, diversas aprendizagens, seja por meio da música, da dança, das brincadeiras, da imagem, do teatro, aprimorando não só a linguagem corporal, mas também aprendendo a conviver melhor com as emoções e estabelecendo relações saudáveis  e autônomas para se expressar.

A criança percebe o mundo através do que e com o que brinca. O brincar é uma linguagem capaz de fazer com que a criança interaja não só consigo e com o outro, mas também com o mundo, promovendo a aprendizagem ao longo do seu desenvolvimento.

É sabido que os pais não têm tempo para brincar com os filhos e não percebem a importância desses brincar para o crescimento dos mesmos. Muitas vezes, a TV e agora o celular ou tablet fazem o papel dos pais de entreter ou ensinar os filhos a brincarem. Enquanto o lógico é despertar nessa criança o fascínio para o mundo mágico que o brincar proporciona na expressão de ideia, imaginação, interação e construção de significados.

Então, o objetivo desse trabalho é discutir a infância e abordar algumas linguagens no âmbito escolar e a maneira que os professores da pré-escola interagem e socializam essas linguagens, especificamente o brincar na educação infantil como um enriquecedor de construção de sentidos no processo do aprender.  Como objetivos específicos, busco compreender o brincar como uma forma prazerosa de aprender e também perceber o que o brincar é capaz de despertar na criança. Para isso, parto de uma pesquisa bibliográfica com uma abordagem explorativa.

2. POR QUE BRINCAR?

De acordo com Bechara (2011), infância é o período da vida que vai do nascimento a puberdade e linguagem é a faculdade que os seres humanos dispõem de se expressarem por meio de sons vocais ou sons não vocais, tais como gestos, imagens, sons musicais, sinais gráficos, cores, etc..

Segundo o historiador francês Ariès (1981, p. 134), a infância é uma construção social histórico e não um dado natural, construído “a partir de interesses sociais, políticos culturais e econômicos em uma sociedade”, num dado tempo e lugar.  Para o autor, a infância foi uma invenção da modernidade (período que vai de 1453, com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos até a Revolução Francesa, em 1789).

Ainda de acordo com Ariès (1981), no final do século XVII a escolarização fez com que a família se organizasse em volta da criança. Assim, a família viu a escola como a responsável de preparar os filhos para a vida. Desse modo, a criança começou a ser vista “como um ser a ser educado”. Com a modernidade no século XVIII, a criança começou a ser pensada como seres dotados de liberdade, autonomia e independência até culminar, no século XIX, com o “adulto em miniatura”.

No decorrer do século XX, a criança já ocupa o centro da dinâmica social. Agora, segundo o autor acima discutido, a infância é vista como uma fase em desenvolvimento carregada de direitos

De acordo com Gonçalves e Costa (2018), tanto a concepção de criança quanto o brincar sofreram alterações ao longo do tempo. Hoje esse “adulto em miniatura” é um sujeito histórico de direitos e o brincar não deve ser considerado uma perda de tempo e sim um direito da criança assegurado na Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, aprovada em 1996, indicava:

As propostas pedagógicas da Educação Infantil deverá considerar que a criança, centro do planejamento Curricular, é sujeito histórico e de direitos que nas interações, nas relações e práticas cotidianas, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo Cultura (BRASIL, 2013, p. 97).  

        Com a brincadeira percebe-se que a criança se apropria do mundo, constrói saberes, interage consigo e com as outras pessoas e assim desenvolve e compreende o mundo ao seu redor.

        Vygotsky (1998) relata que a criança quando brinca equilibra as tensões trazidas de seu mundo cultural, constrói não só sua individualidade, sua marca e sua personalidade, revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, mas principalmente desenvolve o aspecto emocional e social. Para ele brincar é uma atividade que estimula a aprendizagem.

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