MÉTODOS CLINICOS DE PIAGET

PSICOLOGIA CONSTRUTIVISTA

Método Clínico de Piaget- Provas Operatórias

SOROCABA

2014

• INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo demonstrar através de uma prova operatória (Lápis e varetas) o método clínico de Piaget e sua importância para a observação do desenvolvimento infantil. A criança entrevistada tem seis anos de idade, é uma menina e está no 1º ano do ensino fundamental de uma escola particular.

• O QUE É O MÉTODO CLÍNICO DE PIAGET?

        É um conjunto de técnicas e de estratégias que, numa dupla vertente terapêutica e de investigação, visam compreender de forma global, qualitativa e aprofundada casos individuais (um indivíduo ou um pequeno conjunto de indivíduos).

        A atenção do método incide na psicobiografia do indivíduo, na sua história pessoal. A compreensão de cada comportamento parte da idéia de que este é o resultado de uma evolução, de um processo. Por isso, compreender um determinado comportamento de forma global e aprofundada exige que se dê atenção ao resultado final (ao comportamento atual) e também à gênese e ao modo como se desenvolveu.

Usado por Piaget, em 1926, este método foi uma das mais importantes contribuições para a investigação na área da psicologia do desenvolvimento que, nesta época, valia-se da observação pura dos comportamentos infantis ou do experimentalismo das técnicas psicométricas.
Interessado na análise do conteúdo do pensamento infantil, ou seja, "no sistema de crenças da criança, de tendências, de orientações do pensamento, do qual a própria criança jamais toma consciência e de que nunca fala" (Piaget, s/d) o autor concluiu que a forma e o funcionamento
do pensamento se mostram cada vez que a criança interage socialmente, mas o conteúdo do pensamento só se libera em função dos objetos de representação.
Sua primeira tentativa, para captar este conteúdo, foi através do uso de testes que demonstraram um defeito essencial, para o propósito de suas investigações, que era falsear as perspectivas. Percebeu que os testes desviavam a orientação do pensamento das crianças ao introduzir perguntas que elas não se colocam ou que passavam à margem de questões
essenciais, dos interesses espontâneos e dos processos primitivos.
Outra abordagem experimentada por Piaget foi a observação pura, o estudo das perguntas espontâneas das crianças. Examinando o conteúdo destas perguntas identificou, não só, os interesses que elas têm nas diferentes idades, mas também as soluções implícitas que davam a si mesmas uma vez que, na formulação das perguntas, ou na maneira de formulá-las, Piaget (1926/1947) em seu clássico trabalho sobre método clinico indica cinco reações principais, valorizando duas delas como representativas de uma conduta significativa da aprendizagem ou desenvolvimento da criança.

As reações indicadas por eles são:

a) Não-importismo,

b) Fabulação,

c) Crença sugerida,

d) Crença desencadeada,

e) Crença espontânea.

Não- importismo:

Quando a pergunta feita aborrece a criança ou, de maneira geral, não provoca nenhum esforço de adaptação, a criança responde qualquer coisa e de qualquer forma, sem mesmo procurar divertir-se ou construir um mito.(p.12)

Fabulação:

Esta reação, ainda que primitiva e insuficiente á aprendizagem escolar é mais positiva que a interior. È assim que Piaget (1926/1947) a caracteriza;

Quando a criança sem mais refletir responde á pergunta inventando uma história em que não acredita, ou na qual crê, por simples exercício verbal, dizemos que ocorre fabulação.

Crença sugerida:

Para Piaget (1926/1947, p.16):

Quando a criança esforça-se para responder a uma questão, sem que esta lhe seja sugestiva, ou quando a criança busca simplesmente contentar o examinador, sem considerar sua própria reflexão, dizemos que há crença sugerida.

Crença Desencadeada:

Quando a criança responde com reflexão, extraindo a resposta de seus próprios recursos, dizemos que há crença desencadeada.

Mas ela é contudo um produto original do pensamento da crença. A crença desencadeada não é, portanto, nem espontânea nem propriamente sugerida. Ela é produto de um raciocínio feito sob comando. Há troca e complementaridade de funções.

Crença espontânea:

Essa é a última e mais importante das crenças da criança, segundo Piaget; aquela em favor da qual vale qualquer esforço ou investimento nosso. O que avaliamos é agora patrimônio da conduta da criança, a qual não podemos tirar dela, é com isso que ela cria, reinventa, redescobre e interpreta o mundo, opera as transformações, reconhece e mantém as invariâncias.

Nas cinco reações consideradas, lembramos aspectos que, para Piaget, são fundamentais quando se interroga a criança sobre o que pensa dos fenômenos da natureza ou de sua própria vida, por exemplo. São reações fundamentais também para se ter um critério mais seguro do valor das respostas nas famosas provas operatórias de Piaget. Nestas, contudo, prevalece a crença desencadeada, uma vez que é o experimentador quem coloca sobre as ideias dela ou sobre as hipóteses de trabalho dele.

• PROVA OPERATÓRIA INFRALÓGICA- LÁPIS E VARETAS

[pic 1]

1) Três canetas do mesmo tamanho dispostos sobre a mesa,de modo que seus extremos coincidam. Chamar a atenção da criança para que ela perceba que todos são igualmente longos.

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