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Música Na Escola

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Por:   •  5/5/2014  •  Seminário  •  1.587 Palavras (7 Páginas)  •  288 Visualizações

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Quando o ensino de música voltou a ser obrigatório no Brasil e sua efetiva implementação definida para agosto de 2011, nos deparamos com uma inquietante pergunta: qual o sentido da música na escola?

Lançamo-nos ao desafio de tentar respondê-la reunindo profissionais da área de música e da educação que também se sentiram desafiados e, em uma atitude generosa, decidiram compartilhar seus pensamentos e fazeres.

A experiência de ouvir estes diferentes educadores,músicos,educadores musicais;de perguntar,pensar juntos sobre a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas brasileiras,remeteu-me ao trabalho das fiandeiras. Ao fiar e desfiar fios constituindo um tecido...Nossa vivência também foi de fiar,de (com) fiar!

O tecido é produto de uma tensão – a urdidura e a trama – na educação,a referência e o movimento respectivamente. Tecemos a educação nesta tensão de uma relação assimétrica entre adulto-jovem. Tecer os fios da educação requer paciência, assim como Penélope que tecia o manto à espera de Ulisses, trabalho interminável... A Educação como um tecido,uma trama feita por múltiplos fios que vão,a cada segundo,conferindo uma nova textura,um novo desenho...

A educação passa pela questão de ser,de se tornar humano.Educar,portanto,não se restringe a determinados assun- tos, muito menos em abordar temas específicos ou em ser estabelecido como um processo realizado de modo fixo, nem tampouco a ser realizado,apenas,por instituições específicas.

É nesta perspectiva que revisitei o que foi dito e escrito sobre a música na escola ao longo deste projeto, apontando, de alguma forma, as possibilidades e desafios que foram apresentados.

Se,como afirma Carvalho (2007:21),em conformidade com o pensamento de HannahArendt,o papel do professor é ensinar: iniciação deliberada e sistemática nas linguagens, procedimentos e valores referentes tanto a sua área de conhecimento quanto à cultura e aos valores da escola. Qual o papel do educador de música? Quem é ele? Qual sua formação?

Outro aspecto a ser considerado é que também existem, como lembra o autor (2007:20), várias instituições forma- tivas e maneiras de acolher os novos,no entanto,em cada caso,variam-se os procedimentos e os objetivos.

Nesse sentido,ensinar na “escola de música” é diferente de se ensinar na “escola convencional” onde a matéria músi- ca irá conviver com todas as outras que já fazem parte do currículo educacional. Como será esta convivência? Defende- mos uma interrelação profunda e significativa, isto é, que todos os fazeres educacionais dialoguem entre si para um co- nhecer melhor o mundo, para melhor estar no mundo...

Vou me valer de uma afirmação de HannahArendt em seu texto Sobre a Educação para fomentar tais reflexões:

A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabi- lidade por ele, e, com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renovação e a vinda dos no- vos e dos jovens.A educação é, também, onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo e abandoná-las aos seus próprios recursos e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós, preparando-as em vez disso com antecedência para a tarefa de renovar o mundo comum. (2001: 247)

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Adriana MiritelloTerahata

Acredito que nesse inquietante pensamento de Hannah Arendt, residem alguns aspectos fundamentais de serem pensados ao se propor o ensino de música nas escolas.

Ao nos indagarmos se amamos o mundo o bastante...,pergunto:a que mundo estamos nos referindo? E,no mesmo sentido:de que criança estamos falando?

Pensar a educação é nos debruçarmos amorosamente sobre essas questões e,por se tratar de uma relação de se ensi- nar e se aprender,respondermos,de alguma forma,a elas:que mundo queremos apresentar para as crianças e que crian- ças queremos educar?

Hannah Arendt (2001) afirma que não podemos deixar as crianças entregues aos seus próprios recursos, isto é, temos responsabilidade em ensinar o maior número possível de recursos para que as crianças tenham condições de lidar com o maior número de possibilidades. Isto não significa dizer que “doutrinaremos” os pequenos prevendo situa- ções e simulando reações, mas implica dizer que as crianças, ao experimentarem uma diversidade de situações no âmbito protegido da escola,poderão desenvolver tais recursos.

Isto também significa por à disposição das crianças os saberes acumulados pela humanidade, fazê-las circular den- tro do discurso corrente e,talvez o mais importante,ouvir atenciosamente os sentidos atribuídos a tais experiências.

No mesmo sentido, nesse projeto, um discurso comum a todos os colaboradores foi a defesa de um mundo mais solidário,ético e a educação de crianças autônomas e que consigam,ao longo de sua trajetória educacional,construir e constituir uma rica variedade de recursos para lidar com a diversidade do mundo.

A partir do exposto, considero que a música como conhecimento humano tem que ser disponibilizada, tanto como apreciação quanto pelo fazer musical, para os pequenos que chegam ao mundo, aliás, eles chegam a um mundo musi- cal, sonoro.

Considerando que conhecer o mundo também é saber da necessidade que ele tem do novo, o fazer do educador não poderá ser construído sem respeito ao jovem, que o traz consigo. Daí se reconhecer a necessidade de diálogo, de escuta mútua.Todos devem falar e ouvir, com a liberdade e o espaço que seus papéis demandam e permitem, daí a necessidade de uma educação aberta ao diálogo.

Este texto também tem essa perspectiva de abertura, por se completar na maneira de ler, de ser acolhida pelo leitor que se sentir desafiado a pensar o ensino de música a partir desse ponto de vista:ele só será possível se percebido como direito fundamental de todas as crianças e jovens. Ele só será possível em um ensino sem preconceito e discriminação.

Para tanto, acredito que as ações coletivas devam ser priorizadas e norteadas por princípios como tolerância, res- peito e, principalmente, pelo diálogo em vez de ações que mantenham a lógica vigente do consumo e do isolamento.

No entanto, essas ações coletivas não devem ser confundidas com homogeneização dos envolvidos. É importante respeitar a individualidade de cada pessoa e cada ação ser estudada,

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