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O PAPEL DO GESTOR NA EDUCAÇÃO DE UMA NOVA SOCIEDADE

Por:   •  11/5/2017  •  Monografia  •  16.948 Palavras (68 Páginas)  •  338 Visualizações

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DÉBORA APARECIDA FERREIRA DE MELO

O PAPEL DO GESTOR NA EDUCAÇÃO DE UMA NOVA SOCIEDADE

ARARAS / SP

2004

O PAPEL DO GESTOR NA EDUCAÇÃO DE UMA NOVA SOCIEDADE

Monografia apresentada ao ISE – Instituto Superior de Educação da UNIARARAS, para obtenção do título de Licenciado em Educação, sob a orientação do Profª. Drª. Cláudia Cristina Fiori Guilherme.

ARARAS / SP

2004

TCC – O papel do gestor na educação de uma nova sociedade

1. Considerações a respeito da gestão da unidade escolar.

Para superar os problemas crônicos da organização do trabalho na escola, é preciso levar em conta a natureza do trabalho pedagógico e suas relações com a administração escolar. É disso que cuida o presente texto.

• A base teórica dos estudos recentes:

Os estudos recentes têm abordado a questão da administração escolar sob o ponto de vista da organização do trabalho na sociedade capitalista. Tal organização sustenta-se na divisão do trabalho, na racionalização do processo de produção e na desqualificação do trabalhador. Esses Três fatores, transpostos para a realidade escolar, seriam os culpados pelas mazelas do ensino e de sua gestão.

A escola, engendrada numa sociedade injusta e desigual, tende a reproduzir e perpetuar estas características.

Essa observação está na essência da crítica reprodutivista. Tal crítica é necessária. Ela porém, não produziu alternativas, já que seu objetivo era somente denúncia.

Pretende-se aqui sugerir algumas idéias que estão além da crítica reprodutivista, numa tentativa de superar a atual desorientação teórica e prática. Seria, então, o caso de elaborar uma abordagem histórico-crítica, e assim apontar caminhos para a transformação da realidade da escola. Essa abordagem tem em Saviano seu maior expoente.

• A perspectiva histórico-crítica:

No Brasil, segundo Saviano (1992/93), a crítica da Educação sempre se baseou na evidência de seu caráter reprodutivista. Para ele, esse tipo de análise não oferece proposta pedagógica, e ainda combate qualquer uma que se apresente.

Sob a orientação de Saviano, surgem, na década de 80, dois textos que convergem para a idéia da administração escolar como resultante do processo capitalista e que apontam a necessidade de superação do modelo existente, mas não pregam o extermínio da função de direção das escolas.

Surge, então, a tendência histórico-crítica, no momento em que se empreende a crítica reprodutivista e se busca compreender a questão educacional a partir de condicionantes sociais. A perspectiva histórico-crítica é dialética, pois aceita que a Educação é sim determinada pela sociedade (capitalista), mas acredita também que a Educação interfere na sociedade e pode contribuir para sua própria transformação. É um ação recíproca.

Essa nova visão permite a articulação de propostas pedagógicas, visando à transformação social e defendendo a função específica e educativa da escola.

Para Saviano (1992), era “preciso resgatar a importância da escola e reorganizar o trabalho educativo, (...) e compreender o grau em que as contradições da sociedade marcam a Educação, (...) para perceber claramente qual é à direção que cabe imprimir à questão educacional”.

• A especificidade e a materialidade da Educação:

Saviano aponta a questão da materialidade da ação pedagógica como um dos principais desafios desta linha de pensamento. Ele caracteriza a Educação como sendo da ordem de produção não-material, isto é, seus resultados não são materiais; mas afirma também que a ação desenvolvida pela Educação tem visibilidade, ou seja, só é exercida a partir de um suporte material e se realiza num contexto de materialidade.

A administração escolar deve, então, criar condições materiais necessárias para a realização da ação pedagógica, condições essas que configuram o âmbito da prática.

• “Curvando a vara” da administração:

Saviano enuncia a “teoria da curvatura da vara” dizendo que para endireitar uma vara torta não basta colocá-la na posição correta; é preciso curvá-la para o lado oposto, em um movimento rigoroso e radical. Saviano denunciava que, na década de 70 início dos anos 80, a “vara da Educação” pendia para uma exacerbada preocupação com os métodos pedagógicos, com o tecnicismo. A “vara” apontava para o lado da chamada Escola Nova, que julgava “as pedagogias novas como portadoras de todas as virtudes, enquanto as tradicionais eram portadoras de todos os defeitos (...)” (Saviano, 1993). Para o crítico, era necessário não recuar ao ensino tradicional, mas chegar a um equilíbrio.

Contrapondo-se à administração tradicional, surge, na década de 80 (sob influência da redemocratização no Brasil), a gestão democrática, com suas variantes gestão compartilhada, gestão participativa, etc., mais diferentes no nome que no conteúdo.

E na década de 90, para que lado aponta a “vara da Educação”? Para o participacionismo, seria a primeira resposta. Ela encontra-se, entretanto, retorcida por modismos, patrocinados por aventuras e descontinuidades da política educacional oficial. Ela não está torta, apenas tombada no chão.

A sociedade pluralista e tolerante, na qual convivem diversas tendências, tem um ritmo tão rápido que acaba por confundir pluralismo com ecletismo e síntese com justaposição. O resultado é uma gestão escolar disforme, “que é tudo e nada ao mesmo tempo” (Machado, p.78).

Embora algumas experiências de gestão participativa tenham obtido sucesso, o modelo não se multiplicou. Na prática, surgiram formas de reconcentração do

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