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Para aprender não tem idade

Por:   •  15/6/2016  •  Projeto de pesquisa  •  3.219 Palavras (13 Páginas)  •  312 Visualizações

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1 – A MULHER E A EDUCAÇÃO

        Nos dias atuais as diferenças entre homens e mulheres, ligando o gênero ao trabalho, ao poder e ao sexo  se tornaram um foco de pesquisas  e uma realidade social importante.

Tanto as mulheres como os homens ocupam os mais diferentes papéis, que por sua vez, se constituem num conjunto de interrelações que pode servir como objeto de investigação.

De acordo com que a história da evolução relata, a mulher, desde sua origem, ocupou um papel de subordinação e opressão, era tida como um mero objeto. A mulher era um ser destinado à procriação, ao lar, para agradar o outro.

Durante o desenvolvimento das sociedades, a história registra a discriminação homem-mulher, principalmente em relação à educação. Ao atribuir aos homens a condição de donos do saber e às mulheres o papel feminino, subordinado ideologicamente ao poder masculino, a história vem salientar as desigualdades.

A mulher era instruída pela mãe sobre bordar, cozinhar, costurar e outros afazeres, em sua maioria ligada ao cotidiano doméstico. Conforme nos relata Aries,

a ausência da educação feminina pode ser explicada pela exclusão da mulher do processo educativo pelo menos até o final do século XVII, quase dois séculos de diferença em relação aos homens”. Além da aprendizagem doméstica as meninas não recebiam, por assim dizer, nenhuma educação. Nas famílias em que os meninos iam ao colégio, elas não aprendiam nada”. (ARIES, 1981, p. 190)

Entretanto, a educação das mulheres percorreu uma trajetória árdua e lenta. Com a existência de escolas separadas para meninos e meninas, acentuavam-se as diferenças. Segundo Louro (1994) “as mulheres deveriam ser mais educadas do que instruídas”, ou seja, as principais habilidades deveriam ser adquiridas tendo em vista o domínio do lar e o ensino de bons princípios aos filhos. Somente no século XIX é que as mulheres puderam frequentar escolas mistas, o que forçava um ensino mais igualitário.

Segundo Carvalho (1999), no Brasil, somente nos últimos trinta anos que a mulher vem se beneficiando da lenta expansão e democratização do acesso à escola, que se principiou nas camadas mais altas da sociedade.

Podemos constatar no decorrer da história que, a mulher teve o acesso restrito à escolarização devido a uma sociedade marcada pelo modelo patriarcal que a conduziu à invisibilidade e ao espaço privado. Segundo Coutinho (1994) além de a mulher ter tido um processo de escolarização tardia em relação aos homens, recebeu uma educação de má qualidade e pôde frequentar quase que unicamente o ensino elementar.

Louro (1994 p. 54) afirma que “a escola que nos foi legada pela sociedade ocidental moderna começou por separar adultos de crianças, católicos de protestantes. Ela também se fez diferente para ricos e para pobres e ela imediatamente separou meninos e meninas.”

Perrot (2007, p. 93) afirma que estes “saberes” atribuídos ao papel da mulher fazia parte dos currículos escolares, sendo comum a todas as entrevistadas, variando segundo as épocas e os meios, assim como os métodos utilizados para ensiná-lo.

Assim, as mulheres de classes sociais pobres trabalhavam nos afazeres domésticos sem remuneração. O trabalho remunerado veio com a carência da renda do marido e a promoção da industrialização que exigia mão de obra barata.

Assim as mulheres foram lançadas para o mercado de trabalho, tendo a remuneração vista como complemento da renda familiar, o que gerou dúvidas quanto ao fato de como receber uma remuneração individual e deixar a casa e o lar que é seu ponto de apoio e sua utilidade (PERROT, 2007, p. 95).

Nestas circunstâncias ao encarar o trabalho fora dos muros de casa, as mulheres passaram por situações de preconceito, tendo que defender com unhas e dentes a moral de ser mãe, esposa e trabalhadora.

Embora as mulheres tenham alcançado conquistas significativas ao longo dos anos, elas ainda experimentam uma situação de maior vulnerabilidade e desvalorização que os homens, pois ainda pesam sobre elas as restrições advindas das responsabilidades reprodutivas, ou seja, toda a carga das tarefas relativas ao cuidado da casa e dos filhos, o que muitas vezes dificulta sua inserção e permanência no mercado de trabalho, fator que é especialmente significativo no caso das mulheres mais pobres. Além disso, entre aquelas que trabalham, ainda há uma diferença salarial significativa entre seus salários e os de homens que exercem as mesmas funções.

Na sociedade brasileira, a escola sempre foi um campo reprodutor das relações sociais, ou seja, predominantemente um espaço branco e masculino. Desse modo, a escola, como espaço social para a formação de homens e mulheres, é um ambiente por onde passam as representações de gênero.

A escola é uma caricatura da sociedade. Por ela passam, como não passam por nenhum outro lugar, limitadas por diminutivos, todas as ideias que uma sociedade  quer transmitir para conservar, tudo aquilo em que se acredita ou quer que se acredite (MORENO, 1999).

        Apesar de uma sociedade diversificada, a escola não modificou sua essência, perpetuando os processos de hierarquização e desigualdades sociais, em vez de constituir-se como um espaço democrático e igualitário. E é dentro desse contexto que a mulher vai buscar educar-se como meio de transpor uma condição social que não lhe é nada favorável.

Isso poderá levar ao (re)conhecimento de que a escola também constrói novas relações, produz identidades de classe, de raça, de gênero, fixa comportamentos, posturas, jeitos de ser e de pensar, reconstrói a cultura, os valores, reproduz ou transforma hierarquias; e se constrói, ao mesmo tempo, de forma dinâmica no tempo e no espaço (LOURO, 1997).

Nos dias atuais, mais da metade da população brasileira é composta de mulheres e a proporção de pessoas analfabetas já é significativamente menor entre as mulheres do que entre os homens. Segundo Nogueira, 2005,  as mulheres ainda encontram obstáculos de todo tipo à sua escolarização. Especialmente no caso das mulheres de famílias pobres, essas dificuldades vão desde o fato de assumirem desde cedo boa parte das tarefas domésticas, passando pela ideia de que não é preciso estimular ou investir em sua educação, pois seu destino é o casamento e os cuidados com a família, até a gravidez precoce, são inúmeros os fatores que afastam essas meninas da escola. Muitos desses motivos as mantêm longe da sala de aula mesmo depois de adultas.

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