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Resenha: A escola na ótica dos Ava Kaiowá: impactos e interpretações indígenas.

Por:   •  16/6/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.052 Palavras (5 Páginas)  •  352 Visualizações

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Universidade Federal Fluminense- UFF[pic 1]

Professor: Rita Santos

Disciplina: Antropologia e Educação II

Turma: P1 2016.2 – Noturno

Aluna: Larissa da Silva Fonseca

Resenha: A escola na ótica dos Ava Kaiowá: impactos e interpretações indígenas.

Tonico Benites, nome de registro formal de Avá Verá Arandú, pertence à etnia Kaiowá, da aldeia Jaguapiré, município de Tacuru. É graduado em Pedagogia pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e concluiu o doutorado na mesma instituição. Benites foi professor de Psicologia da Educação na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul.

A dissertação tem como objetivo central mostrar e analisar os conflitos, divergências e algumas dificuldades entre a educação Kaiowá e a escola formal. Logo na introdução de sua obra Tonico revela o motivo pelo qual se deu a sua pesquisa: “muitos fatores significativos incentivaram-me a desenvolver esta pesquisa e a buscar descrever o modo de ser e viver dos Kaiowá. Alguns dos fatos mais determinantes na minha vida foram observar a forma como eram tratadas as famílias kaiowá pelos agentes do Estado, missionários e fazendeiros (...). Foram estas questões e as discussões marcantes que me incentivaram a enveredar para o campo da Antropologia”.  (p.15)

A sua produção é dividida em três capítulos: No primeiro, "Tradições de conhecimento e história das formas de dominação", que o autor apresenta inicialmente seu instrumental teórico e pontua as tradições de conhecimento nas aldeias e a história de formas de dominação, desde a conquista europeia até a Guerra do Paraguai. No segundo capítulo, "Organização social e transmissão de conhecimentos entre os Ava Kaiowá", o foco é sobre a família extensa, a base da organização social dos Kaiowá do Mato Grosso do Sul. Benites descreve detalhadamente o processo de educação tradicional indígena, ressaltando a função pedagógica das atividades cotidianas para as crianças; a importância do território e o valor do espaço doméstico, como a casa da avó, centro de encontro diário entre os familiares e no último capítulo, "Os Ava em face da educação escolar", vemos como a educação ocidental, com métodos e práticas contrastantes com a lógica educacional kaiowá, permeou esse universo e quais foram seus impactos. Dessa forma, as incongruências entre as duas formas de educar tornam-se acentuadamente explícitas. (Caballero, Indira.2013)

No artigo da Claudia Fonseca, Quando cada caso não é um caso, traz a apropriação do método etnográfico para várias áreas, além de retratar equívocos de métodos etnográficos que se fecham em técnicas e orientações teóricas. Na qual podemos citar: a diminuição do método a entrevistas e ao diário de campo, isolamento do individuo ao seu grupo social, sujeitos ahistórico, etc.

Contudo na dissertação do Tonico não encontramos esses equívocos, pois na sua introdução ele declara: “Inicialmente quero registrar a minha história, como Ava Kaiowá (...)”. Isto é, ele tem um contato direto com o seu objeto de estudo, pois faz parte do povo Guarani Kaiowá, vemos com clareza em outro trecho “(...) obtive apoios e incentivos muito importantes para estudar e compreender metodologias de pesquisa em antropologia. Tais fatos me estimularam a não limitar-me a ser meramente um informante, assumindo efetivamente a função de observar, analisar, refletir e criticar as teses e artigos que abordam o meu povo kaiowá. Prossegui, como observador participante, a minha pesquisa empírica nas aldeias, observando o modo de ser e de viver do meu próprio povo, à luz de metodologia antropológica”. (p.11-13) 

Fabian em uma entrevista diz que a investigação empírica fundamenta-se, de modo crucial, não somente em observação e coleta de dados, mas em interação comunicativa, e esta última só é possível com base no compartilhamento do tempo. (Fabian, 2006) Com isso o autor se beneficia de sua vivência como Guarani Kaiowá, pois tem coisas que só um integrante da tribo iria notar, como por exemplo, a separação entre irmãos e primos e a junção de não-indígenas e indígenas nas escolas e como isso afeta a educação familiar.

Ao longo do texto é nítida a presença de contextos históricos e de dados específicos tendo como exemplo a população Guarani, eliminando desse jeito, outra critica feita pela Cláudia em seu artigo, sujeitos ahistoricos. Com esse mesmo sentido, Peirano em Além da “discrição densa” fala que o objetivo de Fischer era situar categorias culturais historicamente, analisar sociologicamente e explicar sua mudança através do tempo que por meio disso a descrição densa seria salva da futilidade. Por isso que os dois primeiros capítulos estão voltados para a história e organização social dos Ava Kaiowá.

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