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Resenha do Livro História das Ideias Pedagógicas no Brasil

Por:   •  22/4/2019  •  Resenha  •  5.697 Palavras (23 Páginas)  •  2.564 Visualizações

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Nome: Evandro Cesar Azevedo da Cruz

Turma: 05-Juiz de Fora

Módulo: 01

Texto:

História das ideias pedagógicas no Brasil

Dermeval Saviani

        Este é um livro que retrata um longo esforço de pesquisa do autor Dermeval Saviani e de uma equipe de bolsistas que trabalhou dezessete anos sobre o seguinte problema: compreender o pensamento pedagógico brasileiro a partir da identificação, classificação e periodização das principais concepções educacionais. Nesta investigação o autor começou construindo uma periodização distribuída em oito períodos, no entanto, no decorrer do aprimoramento da pesquisa, esta distribuição passou a abranger quatro períodos distribuídos nas seguintes fases. (Saviani, 2013, p.19 e 20)

        1º Período: (1549 - 1759): Monopólio da vertente religiosa da pedagogia tradicional:

        Fase 1: Uma pedagogia brasílica ou período heroico (1549 - 1599)

        Fase 2: Institucionalização da pedagogia jesuítica ou o Ratio Studiorum (1599 - 1759)

        2º Período (1759 - 1932): Coexistência entre as vertentes religiosa e leiga da pedagogia tradicional:

        Fase 1: Pedagogia Pombalina - ideias pedagógicas do Despotismo Esclarecido (1759 - 1827)

        Fase 2: Desenvolvimento da pedagogia leiga: ecletismo, liberalismo e positivismo (1827 - 1932)

        3º Período (1932 - 1969): Predominância da pedagogia nova:

        Fase 1: Equilíbrio entre pedagogia tradicional e pedagogia nova (1932 -1947)

        Fase 2: Predomínio da influência da pedagogia nova (1947 - 1961)

        Fase 3: Crise da pedagogia nova e articulação da pedagogia tecnicista (1961 - 1969)

        4º Período (1969 - 2001): Configuração da concepção pedagógica produtivista:

        Fase 1: Predomínio da pedagogia tecnicista, manifestações da concepção analítica de filosofia de educação e concomitante desenvolvimento da visão crítico-reprodutivista (1969 - 1980)

        Fase 2: Ensaios contra-hegemônicos: pedagogias da “educação popular”, pedagogias da prática, pedagogia crítico-social dos conteúdos e pedagogia histórico-crítica (1980 - 1991)

        Fase 3: O neopodutivismo e suas variantes: neoescolanovismo, neoconstrutivismo e neotecnicismo (1991 - 2001)

Tamanho esforço de pesquisa objetivou a criação de condições para introduzir maior coerência e consistência na ação educativa por meio da tomada de consciência da maneira como se articulam na prática pedagógica as ideias educacionais que circulam em nosso meio.

Primeiro Período

As ideias pedagógicas no Brasil entre 1549 e 1759:

Monopólio da vertente religiosa e da pedagogia tradicional

Capítulo I: Colonização e Educação.

        Refletindo sobre o Brasil, disse Dom João III: “Porque a principal coisa que me moveu a mandar povoar as ditas terras do Brasil foi para que a gente delas se convertesse a nossa santa fé católica” de modo que os gentios “possam ser doutrinados e ensinados nas coisas de nossa santa fé” (Dom João III, 1992, pp145 e 148). Nesse intuito, o Rei conferiu a Manoel da Nóbrega a missão de converter os gentios. Para tanto, em 1549, o governador geral do Brasil, Tomé de Souza, chega de Portugal trazendo consigo um grupo de quatro Padres Jesuítas e mais dois irmãos. A partir daí, escolas, colégios e seminários jesuítas foram se espalhando pelas diversas regiões do território, marcando assim o início da história da educação brasileira e a “inserção do Brasil no chamado mundo ocidental, por meio de um processo envolvendo três aspectos intimamente articulados entre si: a colonização, a educação e a catequese.” (Saviani, 2013, p26)

        Buscando identificar uma raiz etimológica comum à colonização, educação e catequese, o autor parte do verbo latino Colo, está tanto em eu moro, quanto em eu cultivo, distinguindo-se, portanto, dois processos: o simples povoamento e o que conduz à exploração do solo. “Colônia” significa, pois, espaço que se ocupa mas também terra ou povo que se pode trabalhar ou sujeitar.” (Saviani, 2013, p.26)

        Significando igualmente tomar conta de, querer bem a, mandar, proteger, o verbo Colo aplica-se também, tanto ao cultivo da terra, quanto ao trabalho de formação humana, manifestando, portanto, uma raiz comum com a educação “conjunto de práticas, das técnicas, dos símbolos e valores que se devem transmitir às novas gerações para garantir a reprodução de um estado de coexistência social” (Bosi, 1992, p.16) Este processo de auto-elaboração social por meio da educação, segundo Manacorda (1989, p.6), pode ser sintetizado em três pontos básicos: “na inculturação nas tradições e costumes (ou aculturação, no caso de procederem não do dinamismo interno, mas do externo), na instrução intelectual em seus dois aspectos, o formal instrumental (ler, escrever, contar) e o concreto (conteúdo do conhecimento), e, finalmente, na aprendizagem do ofício”.

        Finalmente, Saviani aponta que Colo também significa honrar, venerar. Disto temos o cultuar, forma primeira de religião, o que irrompe a dimensão religiosa que no contexto do início da colonização brasileira foi implantada pela prática da catequese. Essa raiz comum entre a colonização, a educação e a religião na história da educação no Brasil pode ser percebida, concretamente na:

posse e exploração da terra subjugando seus habitantes; na educação enquanto aculturação, na inculcação nos colonizados das práticas, técnicas, símbolos e valores próprios dos colonizadores; e na catequese entendida como difusão e conversão dos colonizados à religião dos colonizadores. (Saviani, 2013, p.29)

No Brasil colônia, a educação como fenômeno de aculturação tinha na catequese a sua idéia-força. Para Luís Felipe Baeta Neves, a catequese “é um esforço racionalmente feito para conquistar homens; é um esforço feito para acentuar a semelhança e apagar as diferenças.” (Baeta, N. 1978, p.45)

Concluindo o capítulo, o autor salienta que a educação colonial no Brasil compreende etapas distintas: a primeira correspondente ao chamado “período heroico”; a segunda etapa marcada pela organização e consolidação da educação jesuítica centrada no Ratio Studiorum e a terceira etapa correspondente a fase pombalina, que inaugura o segundo período da história das ideias pedagógicas no Brasil.

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