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A Criança E Seus Questionamentos

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Por:   •  16/12/2014  •  1.200 Palavras (5 Páginas)  •  252 Visualizações

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A criança e seus questionamentos

Certo dia, eu estava na escola onde trabalho, quando uma criança me fez uma pergunta, que eu não soube responder. Espantada com o fato, a criança me diz “Como assim você não sabe? Você sabe de tudo!”.

Este fato me fez pensar no papel que o professor (e suas variações) exerce na vida da criança. Para elas, o professor é detentor de todo o conhecimento, ele não pode falhar, afinal, ele é um adulto e adultos sabem de tudo, principalmente os professores.

Esta certeza vem do fato de a criança desconfiar que existe algo na sua origem que ele não sabe, mas tem certeza que o adulto sabe. De certa forma, a criança está certa. Ao perguntar alguma coisa, a criança está mais interessada, muitas vezes mais em saber se você vai conseguir responder aquela pergunta e se você está interessado em sanar a dúvida dela do que na resposta em si.

Freud tem uma explicação para a sede de saber que as crianças têm. De acordo com ele, quando a criança percebe que ela, em algum momento, não existiu, ela automaticamente pensa que haverá um dia em que ele não existirá mais e isso causa uma angústia, chamada ferida narcísica. Associado a isso, vem a questão da sua origem. Ela não sabe quase nada sobre a sua origem, mas sabe que é algo relacionado com os seus pais, e que os adultos sabem, mas não vão contar a ela. É daí que vem o interesse dessa criança sobre a sexualidade dos pais. Não é algo intencional e nem direto, mas existe esse interesse de acordo com o autor.

Com o questionamento interno sobre a sua origem, a criança começa então fazer uma sondagem. Ela tenta primeiramente saber se os adultos estão interessados em responder as perguntas que ela faz, para em seguida tentar descobrir, através delas de onde ela veio.

Depois de um tempo, ela descobre que o seu órgão genital é algo importante e desconfia que tem algo a ver com a origem, mas não faz ideia de como. É quando ela descobre que o seu órgão genital é importante que ela descobre que uma das diferenças das meninas para os meninos é essa.

Outro fato importante é que a criança descobre que se ela existe, é porque alguém quis, e então, se ninguém a quiser, talvez ela não exista mais. Por esse motivo, a criança tem tanta preocupação em ter a atenção do adulto e de ser querida por ele. Ela acha que se ele não der atenção, significa que ele não a quer, então ela pode deixar de existir, por isso ela tenta desesperadamente conseguir a atenção e o carinho do adulto, para garantir a sua existência.

Vemos isso claramente na escola, quando algum professor elogia uma criança. Assim que as outras crianças percebem o elogio, elas fazem o mesmo para também serem elogiadas e queridas. Além disso, há a incessante busca por aprovação em todas as atitudes, como fazer a lição, ser aparentemente estudiosa, não conversar em momentos indevidos, fazer um desenho para presentear, enfim, a tentativa de ser sempre a criança boazinha, amável, que todos gostariam de ter por perto.

Isso embasa, também, a teoria do estádio do espelho, que diz que o olhar do outro é a base para a constituição do sujeito, isto é, se o outro, no caso o adulto, disser para a criança que ela é boazinha, ela sempre vai fazer de tudo para cumprir esse papel, sempre ser assim. Por outro lado se o adulto disser que a criança é desagradável, ela vai ser desagradável sempre, ela vai assumir o papel que o adulto impôs a ela, pois o olhar do adulto é o que a criança utiliza para a constituição da sua identidade.

Apesar de essa imagem especular ser ilusória e falsa, formando uma identidade virtual e alienada, contornada pelos desejos alheios, a criança assume essa identidade, justamente por não tê-la concretizado, o que ocorre somente quando ela é mais velha e percebe que ela também pode ter participação, que ela pode querer não ser o que querem que ela seja.

Outro ponto importante é que as crianças tentam eliminar o outro para serem queridas. É o que acontece quando a criança percebe que existe outra pessoa além dele e da mãe, que é o pai e ela percebe que ele está “competindo” com ela pela atenção da mãe, pois ela percebe que existe uma relação da qual ela não participa. Isso angustia, pois ela percebe que não é o centro

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