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A PSICOLOGIA SOCIAL E O ESTUDO DE GÊNERO

Por:   •  10/12/2022  •  Artigo  •  3.377 Palavras (14 Páginas)  •  72 Visualizações

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PSICOLOGIA SOCIAL E O ESTUDO DE GÊNERO

SOCIAL PSYCHOLOGY AND THE STUDY OF GENDER

Beatriz Aparecida Lopes Maciel

RESUMO

Este artigo explica como a psicologia social constrói o discurso de gênero, de modo que a concepção e as teorias explicativas que o cercam produzem novos significados. Isso é de relevância atual para o estudo do gênero em si, incluindo a influência de várias correntes do feminismo. Na psicologia social de influência feminista, várias abordagens para estudos de gênero foram propostas. A psicologia empirista feminista e o pós-empirismo feminista desafiam o estudo das diferenças de gênero e enfatizam a construção social do gênero. Essas novas perspectivas permitem direções e possibilidades atuais de pensamento, transformando a disciplina do "normativo e autoritário" em uma nova forma de ação local e situacional que não é centrada no homem.

Palavras-chave: Psicologia social; Feminismo; Gênero;

ABSTRACT

This article explains how social psychology constructed the gender discourse, so that the conception and explanatory theories that surround it reached new meanings. This is current follow-up to the study of gender itself, including the influence of various streams of feminism. In feminist-influenced social psychology, several approaches to gender studies have been proposed. Feminist empiricist psychology and feminist postempiricism challenge the study of gender differences and emphasize the social construction of gender. These new perspectives allow and possibilities for thinking, involving the discipline of the "normative and authoritative" in a new form of local and situational action that is not man-centered.

Keywords: Social psychology; feminism; genre;

  • INTRODUÇÃO

Ao longo da história vários discursos, teorias e perspectivas surgiram em relação ao que diz respeito sobre gênero. Esta razão é a base de todas as tentativas de compreender e descrever a "natureza" das mulheres. A mulher, porém, sempre foi colocada no lugar de ‘desvalorizada’, e sua relação com o homem era vista, nos termos de Platão e Aristóteles, como "uma aberração, uma relação imperfeita". Como observa Lígia Amâncio (1998), “Embora os mitos sobre as diferenças de gênero sejam antigos, essa persistência no espaço não explica, muito menos legitima, as desigualdades atuais." (pág. 80).

Devido à sua função (Scott, 1995), o conceito contemporâneo de "gênero" abrange diferentes áreas do conhecimento. No entanto, nem todas as áreas do conhecimento científico compreendem, analisam e aplicam as complexidades desse conceito, e as ciências sociais se destacam tanto pela quantidade quanto pela qualidade de seus trabalhos nos estudos de gênero.

A psicologia social tem produzido conhecimento sobre gênero em suas possibilidades, embora tenha se firmado como um campo de referência, com atenção especial às interações e expectativas de relacionamento entre homem e mulher (RODRIGUES, ASSMAR & JABLONSKI, 2003), e também em outras ciências, por conter uma unidade de análise que tem como foco o indivíduo, esse recurso encontra respostas para questões que outras ciências, ou mesmo a própria psicologia, não costumam fazer (LANE & CODO, 19841).

Desde as suas primeiras manifestações e produções, o feminismo possui uma feição embaraçosa e emancipatório e se construiu a ir-se do experimento de tirania e distinção das mulheres e do desejo de trato sociais emancipatórias, livres de dominação, distinção e exclusão. Essa atividade visa à problematização dos eixos de tirania que marcam as sociedades ocidentais, contribuindo para a edificação de trato de maior igualdade.

  • DESENVOLVIMENTO

Ainda que a categoria gênero, desde os primórdios, tenha sido definida com fundamento em sua oposição ao sexo, é muito frequente encontrar em textos acadêmicos uma substituição do segundo pelo primeiro, inclusive quando se quer dar conotações biológicas. Tal como, tem sido comum encontrar pesquisas que, ao perguntarem pelo sexo dos entrevistados, substituem tal categoria por gênero. O problema desse tipo de prática está ligado ao potencial analítico da categoria gênero, que passa a ser neutralizado por um uso eufemístico muito mais relacionado ao campo do politicamente correto do que a um campo de estudos que poderia analisar a constituição de identidades, subjetividades, relações interpessoais, institucionais, simbólicas materiais a partir das lentes do gênero, identificando, sobretudo, efeitos de poder e também potenciais de transformação.

Na década de 1970, foi Gail Rubin quem conceituou o gênero / sistema de gênero como um conjunto de arranjos pelos quais a sociedade transmuda a sexualidade biológica em produtos humanos e se concentrou na relação entre essas duas categorias. Refere-se às normas sociais que influenciam e moldam cada gênero (1975, p. 2). Essa definição pode ser considerada, assim como foi por Judith Butler (2003), como um dos pontos de partida fundamentais para a transmutação de perspectivas dentro do movimento teórico feminista. No entanto, apesar dos avanços das pesquisas feministas utilizando o conceito de sistema sexo / gênero, a definição ainda mantém um conflito entre os dois termos, e para Teresa de Lauretis (1994): isso acabou se tornando uma limitação ou deficiência do pensamento feminista. Porque se trata de conflito universal e limitado (mulheres versus homens), tornando-se difícil pensar em conceitos disciplinares constituídos no campo linguístico e suas locuções culturais.

De contrato com Judith Butler (2003), a categoria de gênero foi concebida, originalmente, em objeção a sexo, a intuito de arrochar essa divisão do que a biologia e o que é culturalmente construído. Scott (1988) conceitua gênero em quatro pilares: 1) símbolos culturais disponíveis (da tradição cristã do Ocidente) – quão evocam representações múltiplas e contraditórias, por exemplo, Eva e Maria, símbolos de mulher; 2) conceitos normativos – quando colocam em mostra interpretações do entristecido dos símbolos, limitando e contendo suas possibilidades metafóricas; 3) inserção do conhecimento do político – quanta narração às instituições e organizações sociais; e 4) equivalência subjetiva – referenciada pela psicanálise lacaniana.

Na mesma guita de Joan Scott (1988), atualizando e ampliando o conceito, Teresa de Lauretis (1994) propõe considerar a categoria como elemento constitutivo das relações sociais fundadas sobre diferenças percebidas entre os sexos, implicando quatro elementos relacionados entre si: simbólico, normativo, político e subjetivo.

Com o crescimento nos estudos sobre gênero, autoras feministas também começaram a compreender que falar de gênero também é falar de violência do patriarcado, que está radicado politicamente no campo linguístico e suas locuções culturais, tendo em aspecto que as diferenças entre os sexos se pautam em construções simbólicas hierárquicas que associam o homem como superior.

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