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A Psicologia do Desenvolvimento II

Por:   •  30/9/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.362 Palavras (10 Páginas)  •  186 Visualizações

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Introdução

O presente trabalho tem como objetivo uma análise do filme 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você (10 Things I Hate About You 1999), sendo observado as fases do desenvolvimento biopsicossocial da adolescência. Sobre a luz das Teorias de Jean Piaget do desenvolvimento cognitivo da função operacional formal, também no trabalho de Erik Erikson sobre o desenvolvimento psicossocial da construção da identidade. O trabalho contará com a análise e discussão teórica preferivelmente juntos, para contrastar a observação com à teoria de forma mais objetiva.

Sinopse do filme: A popular e bonita Bianca Stratford (Larisa Oleynik) está em dilema. A regra da família a proíbe de namorar até que sua irmã mais impopular, rebelde e odiadora de meninos Kat (Julia Stiles) consiga um pretendente. Na tentativa de conquistar Bianca, um namorado em potencial (Andrew Keegan) tenta desesperadamente apresentar Kat para Patrick Verona (Heath Ledger), outro rebelde que talvez consiga conquistar o coração de Kat. (rottentomatoes.com).

O Filme começa no universo dos adolescentes americanos, o High School, vulgo Ensino Médio no Brasil, interessante a escolha do lugar, pois a escola é um espaço de real construção psicossocial dos adolescentes, onde desempenham suas skills (habilidades) sociais. E para situar o novo aluno (Cameron) na escola, ele é apresentado a um colega (Michael) que está encarregado de realizar com ele uma espécie de “tour” (passeio) pela escola. E aqui podemos notar que, ao invés de ser mostrado para ele lugares físicos da nova escola como, a estrutura, salas de aula, refeitório, ginásios entre outros espaços, não, o tour é feito pelos grupos ou tribos que ali constituem a escola.

De acordo com a teoria psicossocial de Erikson, a tarefa mais importante da adolescência é a construção da identidade. Segundo sua teoria o adolescente tem uma grande necessidade de pertencer a um grupo social, normalmente formado por pessoas de sua idade. Ser parte de tais grupos ajuda o indivíduo a encontrar sua identidade no contexto social.

Sim, eu sugiro que nesse estágio ele tem capacidades cognitivas para buscar seus interesses sociais. Agora, ele quer saber onde se encaixa nessa cultura. Você encontra isso nas culturas primitivas, nos rituais de puberdade que lhe dizem primeiro qual o seu lugar. Que ele pertence a uma certa tribo, a um certo clã, e por aí vai. Claro que quanto mais temos escolhas livres em uma cultura, na qual um adolescente pode decidir quem será, você também tem mais conflitos em relação a isso. (Interview with Erik Erikson, June 1964 – Richard Evans – University of Houston).

É feita uma categorização dos grupos e suas respectivas atribuições durante o tour, como por exemplo Michael fala para Cameron:

 -Esses são os Rastafaris[1], brancos de Dreads[2] que acham que são negros, são politizados, porém preguiçosos e fumam muita erva.

Esses resumos sobre os grupos que existem na escola, aparentemente são feitos, para que o Cameron possa se situar das identidades existentes, e com isso ele a partir das características que ele foi adquirindo de amigos, pais e professores, durante seu desenvolvimento, ele possa encontrar seu lugar social.

Michel quando passa por um grupo dos “Futuros Administradores” diz que até ontem era o Deus deles, mas agora não fazia mais parte por causa de um boato sobre onde ele comprava as roupas dele. Aqui aparece o tecido social e hierárquico dos adolescentes. Segundo Harari compartilhamos esse comportamento com os nossos primos chimpanzés que vivem em pequenos grupos de dezenas de indivíduos, ele diz:

Eles (chimpanzés) formam fortes laços de amizade, caçam juntos e lutam lado a lado contra babuínos, guepardos e chimpanzés inimigos. Sua estrutura social tende a ser hierárquica. O membro dominante, que quase sempre é um macho, é denominado “macho alfa”. Outros machos e fêmeas demonstram sua submissão ao macho alfa curvando-se diante dele enquanto emitem grunhidos, de modo não muito diferente de súditos humanos se ajoelhando diante de um rei. (p.31)

Quando dois machos estão disputando a posição de alfa, eles normalmente fazem isso formando grandes coalizões de apoiadores, tanto machos quanto fêmeas, dentro do grupo. Os laços entre os membros da coalizão se baseiam em contato íntimo diário – abraçar, tocar, beijar, alisar e fazer favores mútuos. Assim como os políticos humanos em campanha eleitoral saem por aí distribuindo apertos de mão e beijando bebês, também os aspirantes à posição superior em um grupo de chimpanzés passam muito tempo abraçando, dando tapinhas nas costas e beijando filhotes. O macho alfa normalmente conquista essa posição não porque seja fisicamente mais forte, mas porque lidera uma coalizão grande e estável. (p.32) - Sapiens Uma Breve História da Humanidade - Yuval Noah Harari.

Gosto de utilizar o trabalho historiográfico feito por Harari, por sintetizar milhares de anos da espécie humana, e observando como alguns dos nossos comportamentos hoje são derivados de processos genéticos e ambientais antropológicos primitivos.

Seguindo com o filme, em um momento na sala o professor pergunta como foi a leitura do romance proposto como atividade para casa, e Kat[3] não mensura suas palavras para se opor a opinião de uma colega que aparentemente gostou da leitura do romance. Ela contrapõe com uma resposta carregada de sentimentos de insatisfação e com muita convicção sobre seu ponto de vista. E em seguida sugere autoras feministas, enfatizando sua opinião e ideologia.

No período das operações formais da teoria de Piaget há sempre os questionamentos dos adolescentes no âmbito escolar e familiar. Nesse período o adolescente está se perguntando o sentido das coisas que o circundam, nas palavras do Piaget:

A primeira característica das operações formais consiste em poderem elas realizar-se sobre hipóteses e não somente sobre os objetos – é essa novidade fundamental cuja aparecimento por volta dos 11 anos foi notado por todos os autores. Mas implica uma segunda novidade igualmente essencial: não sendo as hipóteses objetos mas, proposições, seu conteúdo consiste em intraproporcionais de classes, relações e etc., de que se poderia fornecer a verificação direta: o mesmo ocorre com as consequências extraídas por via inferencial: em contrapartida, a operação dedutiva que conduz as hipóteses às suas conclusões já não é do mesmo tipo, mas sim interproporcionais, consistindo, portanto, numa operação efetuada sobre operações, ou seja, uma operação à segunda potência” (Piaget, 2002, p.48 e 49)

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