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A Psicologia e a Diversidade

Por:   •  9/8/2022  •  Dissertação  •  1.516 Palavras (7 Páginas)  •  70 Visualizações

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A Psicologia e a Diversidade

Maureen Lizabeth dos Reis[1] CRP 08/05902

Você já deve ter visto muito por aí a palavra “diversidade”. Mas você sabe o que de fato ela significa?

Passo a tecer algumas considerações e reflexões sobre esse tema. Primeiro se faz necessário, deixar nítida algumas definições e diferenças que sempre aparecem quando se aborda esta temática, tais como: diversidade, inclusão, racismo, preconceito, discriminação, sexualidade, gênero, etc

Comecemos com a racismo. Racismo é a crença na superioridade inerente de uma raça sobre todas as outras e, deste modo, o direito de dominância; manifestado ou subentendido. É uma relação de Poder.

Já o termo preconceito é uma forma de conceito ou juízo estabelecido sem qualquer aviso prévio do assunto tratado, enquanto que a discriminação é o ato de separar, excluir ou diferenciar pessoas ou objetos.

Essas definições são necessárias aqui pois tenho acessado vários textos e até vídeos de profissionais renomados, profissionais brancos da área da psicologia, e percebo que muitas vezes, acabam por não nomear corretamente cada uma das situações tratadas aqui. E isso pode estar ocorrendo por algum receio interno do profissional, por falta de informação ou, ainda pela percepção alienada acerca do sistema racial brasileiro, ou melhor, por estar tão inserido no sistema social marcado por mais de 500 anos de privilégios e, por consequência mergulhado no racismo estrutural e/ou institucional que se faz presente no dia-a-dia de quem tem mais melanina, que não consegue visibilizar as pessoas que não as tem.

O movimento do feminismo negro abre a teoria do lugar de fala, o qual não se trata de calar o outro, mas sim; de abrir espaço para que diversas vozes sejam ouvidas e levadas a sério.

Segundo Djamila Ribeiro[2], numa sociedade como a brasileira, de herança escravocrata, pessoas negras vão experienciar racismo do lugar de quem é objeto dessa opressão, do lugar que restringe oportunidades por conta desse sistema de opressivo. Pessoas brancas vão experiência-lo do lugar de quem se beneficia dessa mesma opressão.  Logo, ambos os grupos podem e devem discutir essas questões, mas falarão de lugares distintos. Estamos dizendo, principalmente, que o que se quer e  se reivindica é que a história da escravização no Brasil seja contada pela perspectiva do escravizado, e não somente pela do colonizador. E parafraseando Walter Benjamin, em “Teses sobre o conceito de história” estamos aponto para a importância de quebra de um sistema vigente que invisibiliza essas narrativas.

Continuando minha reflexão; o senso-comum no campo da sexualidade, é o título que se recebe do médico obstetra ao nascer, de acordo com as características fisiológicas como a genitália, os hormônios e os cromossomos que se carrega. Fica então padronizados os indivíduos na certidão de nascimento, como feminino ou masculino.

Já a questão de gênero é mais intrincada que o simples uso do termo sexo, pois inclui papéis e expectativas sociais sobre os comportamentos, pensamentos, e características que acompanham o sexo atribuído a uma pessoa. O gênero não necessariamente acompanha o sexo.

A concepção de gênero tem por base, o comportamento, a vestimenta, a forma de falar. Existe uma forma prévia de como a sociedade espera que se deva agir de acordo com o sexo.

O sexo atribuído e a identidade de gênero de algumas pessoas são praticamente os mesmos ou estão alinhados, são as pessoas cisgênero. Outras pessoas sentem que o sexo que lhes foi atribuído no nascimento é diferente da sua identidade de gênero, são as transexuais ou transgêneros. Há também aqueles não se identificam com sexo ou gênero. Essas pessoas podem escolher rótulos como "genderqueer", não binárias ou de gênero fluido.

Não podemos deixar de fora, ao falar em diversidade as pessoas portadoras de necessidades especiais que são aquelas que apresentam, em caráter permanente, perdas completas ou irregularidades de suas funções psicológicas, fisiológicas ou anatômicas, e que acabam gerando incapacidade para a execução de certas atividades, dentro do padrão considerado “normal”. As várias deficiências podem ser: visuais, mentais, auditivas e cerebrais.

No mundo corporativo, as organizações e empresas perceberam o quanto aumenta a rentabilidade quando o ambiente de trabalho se espelha na diversidade social; o que não deixa de ser uma ação afirmativa, mesmo que muitas empresas ainda pensem que seja caridade incluir pessoas diversas, saindo da lógica hegemônica.  No mundo do trabalho, a inclusão da diversidade consiste em ratificar o cumprimento da responsabilidade social diante da pluralidade existente na sociedade.

Sabe-se que a diversidade e Inclusão promovem ambientes corporativos mais criativos, mais inteligentes, mais engajados, mais inovadores e por consequência que produzem melhores experiências para os consumidores finais e melhores resultados para os negócios. Mas quando pensa em inclusão da diversidade, é melhor que seja em todos os setores das empresas, circulando pelos espaços, e não simplesmente para reproduzir o que muitas vezes a sociedade faz...manter as pessoas nos lugares já pré-estabelecidos. Como exemplo: - não é porque a mulher é negra, que necessariamente está atrás de uma vaga de cozinheira, sem desmerecer as pessoas que ocupam essa função.  Mas após a que sabemos que foi falsa, tipo pra inglês ver, as mulheres negras somente conseguiam empregos em cozinhas, e em serviços de limpeza.

Como mulher negra e psicóloga, não posso deixar de pensar no quanto, ainda nossa ciência precisa avançar, pois ela foi pensada, estudada, definida e conceituada a partir do pensamento eurocêntrico e colonizador. As psicoterapias em seu início, foram moldadas no modelo eurocêntrico e cisgênero, para atender traumas pós-guerras. Não foram pensadas para cuidar da alma e de trauma de pessoas descendentes de escravizados ou de pessoas transgêneros.

O racismo brasileiro é baseado numa lógica perversa que tem um sistema subjetivo, onde o branco não quer perceber os privilégios sesquicentenários que o seguem. Obviamente não todos, mas alguns já compreendem o que seja branquitude.

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