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A RESENHA CRÍTICA FILME ELENA

Por:   •  14/5/2020  •  Resenha  •  1.910 Palavras (8 Páginas)  •  226 Visualizações

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FILME: ELENA

Sinopse: Elena viaja para Nova York com o mesmo sonho da mãe: ser atriz de cinema. Deixa para trás uma infância passada na clandestinidade dos anos de ditadura militar e deixa Petra, a irmã de 7 anos. Duas décadas mais tarde, Petra também se torna atriz e embarca para Nova York em busca de Elena. Tem apenas pistas: filmes caseiros, recortes de jornal, diários e cartas. A todo momento Petra espera encontrar Elena caminhando pelas ruas com uma blusa de seda. Pega o trem que Elena pegou, bate na porta de seus amigos, percorre seus caminhos e acaba descobrindo Elena em um lugar inesperado. Aos poucos, os traços das duas irmãs se confundem, já não se sabe quem é uma, quem é a outra. A mãe pressente. Petra decifra. Agora que finalmente encontrou Elena, Petra precisa deixá-la partir.

RESENHA CRÍTICA

O documentário trata de um assunto que ainda nos dias de hoje é considerado um tabu, e, portanto é pouco discutido, o suicídio. Além do suicídio na perspectiva da própria pessoa que tira sua vida, não é muito falado os efeitos que o suicídio gera na vida dos familiares. E é exatamente essa atmosfera que o documentário traz, o luto da família e o impacto nas vidas dos familiares. O documentário trata de um retrato poético de Petra sobre a perda da irmã Elena.

O filme se inicia a partir de um sonho:

“Elena, sonhei com você essa noite. Você era suave, andava pelas ruas de Nova Iorque com uma blusa de seda. Procuro chegar perto, encostar, sentir seu cheiro, mas, quando vejo, você está em cima de um muro, enroscada no emaranhado de fios elétricos... Olho de novo, e vejo que sou eu que estou em cima do muro. Eu mexo nos fios buscando tomar um choque, e caio de um muro bem alto e morro.”

Segundo Freud o sonho é um fenômeno psicológico no qual revela muitos desejos e temores inconscientes. Para o autor, os sonhos não possuem caráter místico, são na verdade representações do inconsciente do indivíduo.

Elena é a irmã mais velha de Petra, falecida em 1990 aos 20 anos de idade, por suicídio, quando Petra tinha apenas 7 anos. Então, a partir daí Elena passa a viver dentro de Petra "sinto você dentro de mim, diz Petra. Petra sente a irmã morta dentro dela.

Uma coisa interessante no documentário é que Elena sonhava em ser atriz, sonho que a princípio era de sua mãe, e que de forma quase hereditária, sua mãe também pensou em suicídio quando jovem, no qual pensa que se não encontrar sentido para sua vida até os 16 anos, preferia morrer. A mãe das meninas ao conhecer o pai de suas filhas, um homem recém chegado dos EUA, encontra para si um sentido para viver.

Elena é filha de um casal de militantes do PC do B, Li An e Manoel, que sobreviveram ao regime militar no Brasil nos anos 1960. Quando estão se preparando para combater a ditadura militar na Guerrilha do Araguaia, a mãe é impedida de viajar, pois, está grávida de seis meses. Quase todos que lá estiveram foram assassinados pelos militares. "Elena, você salvou a nossa mãe".

Elena nasceu e viveu sua infância em meio à clandestinidade por conta do sistema político vigente na época. Petra nasceu na abertura política, quando sua família sai da clandestinidade, na época do nascimento de Petra, Elena tem 13 anos. O documentário mostra vários vídeos caseiros das duas irmãs, assim como o carinho e o cuidado de Elena com a irmã. Elena ensina Petra a cantar e a encenar.

Após a separação dos pais, Elena muda seu comportamento, se afasta da irmã e busca no teatro uma saída da situação angustiante que vivia. Elena se profissionaliza como atriz aos 14 anos, e a atuação que antes era uma brincadeira entre ela e Petra se torna um sonho a perseguir.

Quando Petra completa 7 anos, Elena lhe comunica que irá para Nova Iorque para ser atriz de cinema, e como se adivinha-se, diz à irmã que aquela idade seria uma das mais difíceis de sua vida e que ela precisaria ser forte para aguentar sua ausência.

Em Nova Iorque Elena mora sozinha por meses, faz aulas de canto, dança, atuação e diversos testes. Entretanto, mostra sinais de depressão e a ausência de perspectiva para o futuro. Elena se entristeceu diante das dificuldades encontradas em uma grande cidade estrangeira e por não conseguir realizar seu grande sonho.

Ao retornar para o Brasil, recebe a noticia de que foi aprovada em uma universidade em Nova Iorque. Sua mãe vendo o estado frágil de sua filha, a acompanha juntamente com Petra e ambas vão morar em Nova Iorque. Elena se suicidaria meses depois, após uma profunda depressão.

Uma das contribuições mais importantes da psicanálise à psicopatologia foi a afetividade. A angústia é fundamental na teoria freudiana dos afetos. Freud compreende a angústia como um afeto básico que surge do conflito eterno do sujeito, suas pulsões, seus desejos e necessidades. No qual as exigência comportamentais sociais e restrições impostas pela cultura, provocam mal estar. Dessa forma, a angústia seria segundo o autor, uma a libido não descarregada, isto é, a energia sexual que por algum motivo não foi adequadamente expressa, ficando retida, represada no aparelho psíquico, gerando como subproduto a angústia (DALGALARRONDO, 2019).

A depressão, ou melancolia como é chamada em psicanálise, se caracteriza por uma dinâmica narcísica conflituosa entre o Ego e o Superego, onde o objeto de amor, perdido, fica introjetado no Ego, por meio de um processo de identificação narcísica com o objeto amado, tornando o sujeito incapaz de romper os laços com esse objeto. Surgindo então, os sintomas melancólicos: autoacusações, sentimentos de culpa e de fracasso, autopunição em forma de descuido consigo mesmo, perda de apetite e comportamentos suicidas (DALGALARRONDO, 2019).

Ao não conseguir seu objeto de desejo que no caso era o sonho de ser atriz, Elena diz: “Arte para mim é tudo, sem a arte eu prefiro morrer... Se eu não consigo fazer arte, melhor morrer.” O desejo de Elena se transforma em angústia por não poder satisfazê-lo, essa energia não expressa, se manifesta na forma de melancolia profunda.

A neurose em conformidade com a psicanálise é caracterizada por conflitos intrapsíquicos e interpessoais que mantém o indivíduo em estado contínuo de sofrimento, estando associado à frustração, angústia, rigidez emocional e sentimentos de inadequação (DALGALARRONDO, 2019). Elena sempre perfeccionista e exigente ensaiava obsessivamente para os testes, se frustra diante das dificuldades que encontrou ao perseguir o sonho hollywoodiano.

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