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A SEXUALIDADE E O ENVELHECIMENTO UMA ANÁLISE BASEADA NO FILME "SIMPLESMENTE COMPLICADO"

Trabalho Universitário: A SEXUALIDADE E O ENVELHECIMENTO UMA ANÁLISE BASEADA NO FILME "SIMPLESMENTE COMPLICADO". Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  2/11/2014  •  2.551 Palavras (11 Páginas)  •  736 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A sexualidade é uma condição inerente ao ser humano, mas que muitas vezes é tratada com muitos tabus e preconceitos, não somente pelas gerações mais antigas, mas também, frenquentemente, por parte dos mais jovens, apesar do contato precoce, constante e, muitas vezes, até apelativo que eles tem com ela, imposto insistentemente por parte da mídia.

Quando o exercício dessa sexualidade está relacionado a idades mais avançadas, a dimensão do preconceito se torna ainda mais evidente, principalmente nesses jovens. Por vezes, o sujeito na fase adulta avançada ou já em sua senilidade é visto como um ser “assexual”, incapaz de querer ou desejar sexualmente, assumindo somente o papel de cuidador de seus filhos e netos.

Segundo Risman (2005), muitas dessas concepções errôneas, bastante difundidas em nossa sociedade, advém da ignorância acerca do processo de envelhecimento e do que vem a ser a dimensão da sexualidade, em toda a sua extensão.

No senso comum, sexo e sexualidade são frequentemente confundidos, muitas vezes tomados até como sinônimos. Todavia, essa compreensão é equivocada, pois temos que

O que a psicanálise chama de sexualidade não é, em absoluto, idêntica à união sexual entre homem e mulher ou tem o sentido exclusivo de sensações prazerosas através dos órgãos genitais. Como o seu próprio fundador esclarece, tem ‘muito mais semelhança com Eros, que tudo inclui e tudo preserva ...’(Freud, 1925). Nessa visão, a sexualidade concebida como energia, libido, caracteriza-se por uma capacidade de se ligar a pessoas, objetos, idéias, ideais, à vida, enfim. Inclui a atividade sexual, mas não se resume em sexo. (Negreiros, 2005 p. 77)

Diante disso, propomos, para maior esclarecimento do tema, realizar um apanhado histórico-cultural da sexualidade baseado nos trabalhos de Risman e Negreiros, relacionando-o com o quadro atual, representado no filme “Simplemente complicado”, do qual comentaremos alguns aspectos relevantes quanto ao assunto.

BASES HISTÓRICAS E ANÁLISE DO FILME

Começamos nosso apanhado histórico buscando elucidar aspectos relativos à sexualidade em meio aos povos primitivos. Acredita-se que foi nessa época em que se estabeleceram as primeiras normas nas relações entre homens e mulheres no tocante a sexualidade.

O homem primitivo era, basicamente, guiado pelas necessidades do grupo tribal. Isso implica dizer que seus comportamentos individuais estavam direcionados no sentido de manutenção da sobrevivência. Em função disso, a dimensão da sexualidade se restringia à prática sexual, unicamente com o objetivo de reprodução. Essa prática sexual era encarada de forma diferente da qual temos hoje. Era quase mandatória a prática da poligamia, em função da urgente necessidade de manutenção da espécie. Todos os demais aspectos dessa sexualidade, como a formação de vínculos afetivos interpessoais, a manifestação de desejos, a criação de uma identidade sexual, dentre outras facetas, eram encarados como uma afronta à autoridade tribal e à unidade do grupo. Vale ressaltar que não se pode falar em sexualidade na terceira idade nesse período devido às baixas expectativas de vida. A dificuldade de se chegar em uma idade avançada tornava irrelevante, senão impossível, o estabelecimento de vínculos duradouros.

Avançando até a Grécia Antiga, temos que os principais aspectos concernentes à dimensão da sexualidade estavam quase sempre relacionados ao casamento. Este também não era encarado como uma união entre duas pessoas que já mantinham um vínculo emocional, mas, na maioria das vezes, como um contrato social. O casamento garantia o cumprimento do dever do homem com sua religião e o Estado, além de ser uma maneira de obter herdeiros, maior estabilidade finaceira e certa segurança para a, já possível, velhice. Mesmo que a dimensão da sexualidade tenha se aproximado da concepção de união entre pessoas, as relações amorosas ainda eram deixadas em segundo planos, privilegiando-se a questão reprodutiva e os interesses sociais. O idoso, visto como incapaz de se reproduzir, era deixado de lado ao se tratar de questões sexuais.

Semelhantemente aos gregos, os concidadãos da Roma Antiga, tinham o casamento como relação de interesses. De acordo com Cabral apud Risman (1995), o casamento era privilegiado apenas em meio a população livre. Escravos e estrangeiros, por não possuir propriedades, não tinham a obrigatoriedade de estabalecer tal união.

Percebemos, ainda no contexto da Roma Antiga, uma certa valorização dos aspectos físicos da sexualidade; isso se constata por relatos de divórcios contados por Tannahill apud Risman (1983) nos quais se apontam fins matrimoniais ocorridos devido uma “tediosidade na relação”, que pode ser interpretada como sendo uma vida sexual insatisfatória, esses divórcios poderiam ser solicitados por mulheres que, mesmo resguardando maior importância social em relação às gregas, ainda assim tinham menos autonomia que os homens de sua própria época.

A população romana, como nos povos primitivos, não possuia uma expectativa de vida muito longa devido as guerras e abalos sociais constantes. Em função disso, guardam com esses mesmo povos a semelhança da presença pouco significativa de idosos e adultos de idade avançada, mantendo latente a questão da sexualidade nessa fase da vida.

Um marco importante na questão da sexualidade humana é o surgimento do Cristianismo. Pela primeira vez, a dimensão afetiva, dos vínculos amorosos, foi colocada em primeiro plano em relação à dimensão física. O amor altruista foi exaltado a despeito do amor sexual. Para o catolicismo exercido na época de ascensão do Cristianismo, a melhor opção em relação a conduta sexual era o celibato, contudo o casamento era oferecido como contexto em que se poderia realizar o ato sexual, para aqueles que, por algum motivo, não podiam manter o celibato. Contudo, pregava-se na época que essa atividade sexual, mesmo no contexto do casamento, deveria se resguardar para fins de reprodução. Podemos ver que, ainda que a sexualidade se desenvolva em outros aspectos, como na questão dos vínculos interpessoais, mantém-se a lógica do ato sexual com o único fim de manutenção da espécie. Essas idéias tiveram grande relevância na construção do ideário relativo à sexualidade na idade média.

Segundo Risman (2005), “a Idade Média caracterizou-se por ser um período da história onde a sociedade estava muito preocupada e interessada em modificar os padrões morais e do comportamento sexual”. Ainda assim, o mesmo autor afirma que essa época foi marcada por certa liberdade

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