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As trajetórias de Vygotsky e Wallon

Por:   •  15/4/2016  •  Resenha  •  1.037 Palavras (5 Páginas)  •  387 Visualizações

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Resenha


As trajetórias de Vygotsky e Wallon muito se assemelham ambos tiveram uma vida intelectual muito intensa de muitas pesquisas e muitas produções que contribuíram para compreensão do homem e seu meio social. Ambos partiram da mesma concepção de ser humana e de realidade onde o homem e o meio se transformam a partir dos instrumentos e dos signos que são os mediadores, entretanto, a principal diferença entre os dois é o mediador que para Vygotsky é a linguagem e para Wallon a afetividade.

Para Vygotsky, a criança nasce inserida num meio social, que é a família, e é nela que estabelece as primeiras relações com a linguagem na interação com os outros. Nas interações cotidianas, a mediação com o adulto acontece espontaneamente no processo de utilização da linguagem, no contexto das situações imediatas. A criança, para Wallon, é essencialmente emocional e gradualmente vai constituindo-se em um ser sócio-cognitivo. Ao observar como os dois autores tratam a criança pode-se ver nitidamente a semelhança e diferença das concepções dos autores. Porém, para os dois a criança não é apenas fruto do seu ambiente sociocultural, mas de múltiplos fatores que não podem ser desconsiderados no seu desenvolvimento.

Considerando o desenvolvimento, Vygotsky o pontua em dois níveis: nível de desenvolvimento real que é o que a criança já sabe e o nível de desenvolvimento potencial  que é a capacidade da criança em gerenciar tarefas com auxilio de um adulto ou alguém mais capaz e a distancia entre os dois níveis é a zona de desenvolvimento proximal que segundo o autor é onde o aprendizado acontece.

Já Wallon elaborou um sistema de estágios: impulsivo emocional (afetivo) acontece no primeiro ano de vida e a interação se dá através das emoções; o sensório motor e projetivo (cognitivo) acontece de 2 a 3 anos e onde a inteligência é prática na relação entre o objeto e o corpo; o personalismo (afetivo) acontece de 3 a 6 anos onde se dá o processo de formação da personalidade; o categorial (cognitivo) acontece de 6 a 11 anos onde forma-se a categoria mental e o poder de abstração é ampliado; e por ultimo a partir dos 11 anos a adolescência (afetivo), a predominância funcional onde acontece o desenvolvimento da sexualidade e uma reestruturação da personalidade devido as alterações hormonais. Wallon acredita que o processo de construção do conhecimento passa por conflitos, momentos de crises e rupturas na vida toda e que apesar das faixas etárias, estes estágios irão depender de diversos fatores e podem variar de acordo com cada um. Em todos os estágios há a presença de quatro elementos básicos ou campos, que se comunicam o tempo todo: a afetividade (ou emoção), a cognição, o movimento e a pessoa completa. Nos estágios afetivos, ocorre também o acúmulo de energia onde acontecem as descobertas internas, introspecção assim como o dispêndio de energia no momento eu/mundo que lida com a energia intelectual, de pensamento.

Tanto para Wallon quanto para Vygotsky, a afetividade e a inteligência se constroem juntamente, são dependentes uma da outra. A emoção, para Wallon é a primeira linguagem que a criança possui e que se torna seu primeiro meio de socialização. Para Vygotsky esse tipo de comunicação é o primórdio do pensamento, ou seja, é uma inteligência prática, uma reação instintiva  onde os pensamentos são não-verbais e a fala é pré-intelectual. A partir da interação entre estes dois surge a função psicológica superior, que é onde o sujeito aprende que cada coisa tem nome, podendo então classificar, abstrair, generalizar. Ou seja, mesmo a emoção sendo importante para os dois autores, Vygotsky coloca que sem a apropriação da linguagem pelo sujeito não haverá inteligência lógica e/ou matemática, pois com a apropriação da linguagem há um crescimento, um salto qualitativo na aquisição de conhecimento e na cognição do indivíduo.

É possível perceber que o pensamento verbal, a linguagem, os instrumentos e signos não são inatos ao homem, são uma construção social e o sujeito se apropria dele. A criança imita o outro, como modelo ou referência, para desenvolver-se. Através da imitação se apropria, significa, representa o outro e por aí constrói a sua personalidade. Para Vygotsky essa representação não se restringe a refletir a realidade, mas a interpreta. E, segundo Wallon, a representação é superior a imitação que é presa ao plano motor, enquanto a representação acontece no plano simbólico. Wallon, além da imitação, discorre sobre a negação do outro que estabelece limites entre o outro e o “eu”, diferenciação que norteia, ou constrói, a consciência do “eu” e do “outro”.

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