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Compreender e corrigir conflitos familiares experimentados durante o casamento

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Por:   •  1/9/2014  •  Trabalho acadêmico  •  1.941 Palavras (8 Páginas)  •  318 Visualizações

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QUANDO O CASAMENTO SE DESFAZ

Maria Luiza Dias

Quando as dificuldades na convivência conjugal se tornam insustentáveis é usual que a separação apareça como o caminho para um alívio imediato. Em seguida, o casal se dá conta de que ganha novos tipos de problema...

Lidar com certas perdas, com os aspectos bons que não se quer deixar e com uma certa ambivalência de sentimentos, não é simples. Além do que, mesmo para se separar, é preciso resolver os conflitos que atrapalham a vida conjugal, sobretudo se o casal tiver filhos. Afinal, não só se terá que decidir sobre a divisão dos pertences, mas também sobre a educação dos filhos e outras questões relacionadas ao futuro de todos.

Poucos casais em fase de separação conseguem tratar do processo com franqueza e colaboração. Não é raro os filhos presenciarem as brigas e serem utilizados como pombos-correio entre os pais, ou por vezes, serem até veículo de agressão de um para o outro, o que só os tornam mais confusos.

Se uma pessoa não compreende ao certo o que se passa e não supera as dificuldades de um casamento, pode acabar repetindo várias uniões de estrutura idêntica, como uma tentativa de resolver algo que na verdade é de seu próprio psiquismo, buscando desesperadamente uma solução através de sua contínua repetição na relação com diferentes cônjuges.

Um homem que deseja vorazmente se sentir amado pode, por exemplo, incompreensivelmente, ligar-se a mulheres esquivas e arredias, apesar de desejar justamente o oposto no seu discurso consciente.

É possível imaginar a situação inversa: uma pessoa que, apesar de reclamar grande parte do tempo do(a) parceiro(a), nunca é capaz de desfazer-se dele(a). Para uma mulher espancada, ou que tem um marido alcoolista, não pode ser uma saída a separação? É preciso refletir sobre o por que ela se submete e mantém a situação.

Talvez, o outro represente nada mais que um pedaço de si mesmo. Como se a temporalidade não transcorresse, algo muito antigo se atualizasse continuamente nas relações supostamente mais adultas, pedindo uma nova acomodação. Como se houvesse algo maior que o próprio sujeito, que ele não consegue manter sob seu domínio consciente e que interfere em suas intenções aparentes.

Assim, conflitos precisam ser aconchegados, revividos e resolvidos e é nas experiências do passado que o casal obterá as chaves de saída do labirinto, seja pela superação dos problemas do casamento, seja pelo amadurecimento da decisão de separação

Como ficam os filhos?

No caso de uma separação mal resolvida, os filhos acabam por sofrer conseqüências ruins, pois dificilmente o casal conseguirá falar da separação de forma clara, esclarecendo sobre como será dali para frente, assegurando o afeto de ambos e alterando o mínimo possível o cotidiano dos filhos, num período que já impõe muitas mudanças.

Filhos envolvidos em brigas tenderão a tomar partido, a sentirem-se culpados e ameaçados de perderem intimidade com um dos pais, ou com ambos.

Separação não é apenas separar casas: implica em elaborar as experiências emocionais que rondam a vida afetiva do casal. Existem muitos casais que concluem a "separação de corpos", mas que se relacionam como se ainda estivessem completamente aprisionados um ao outro.

É usual a crença de que o amor marca a ligação entre duas pessoas, mas normalmente se esquece de que o ódio é sua contrapartida. Muitas pessoas acreditam que por sentirem muita raiva do(a) ex-parceiro(a), já não têm mais nada um a ver com o outro.

Não se pode esquecer de que um indivíduo só se dá ao trabalho de odiar a quem no fundo considera. Do contrário, os acontecimentos não teriam poder de assumir tal importância na sua vida psíquica. Uma cara feia seria apenas uma cara feia, não teria o poder de transtorná-lo.

Fica difícil tolerar que o outro vá morrendo dentro de si mesmo, pois inevitavelmente seria a mais clara confirmação de que se está morrendo também para o outro.

Quando as pequenas coisas ficam carregadas de afeto, como para decidir com quem ficam os discos ou a que horas se pode pegar o filho, é sinal de que o problema não está aí, pois certamente ambos teriam capacidade para argumentar e chegar a um acordo.

Muitas vezes, respostas simples podem estar carregando outras múltiplas mensagens e aí a comunicação se complica. Se não se pode conversar com clareza e objetividade, qualquer caminho será longo e confuso.

Imaginemos uma mulher que esteja dizendo a seu ex-marido: "Olhe, te telefono às 11:00 horas para dizer se o Júnior poderá estar à tarde com você. Dependerá da hora que eu puder buscá-lo na avó." Tal fala aparentemente objetiva pode, na verdade, estar dizendo coisas como: "Agora sou eu que avalio se você merece vê-lo" ou "Dependerá de você concordar com o aumento de pensão e demais coisas que quero."

Os filhos são, com isso, as principais vítimas da falta de maturidade dos pais. E ainda com pouca idade: existem dados que mostram que a maioria das separações ocorre antes de 10 anos de casamento e que, por isso, a maioria dos separados têm filhos menores de idade.

Deste modo, dependeriam de que os pais pudessem lhe emprestar algumas habilidades necessárias para lidar com certos eventos e que eles não tiveram ainda tempo de desenvolver em si mesmos.

Como fazê-lo, se os próprios pais não desenvolveram tais recursos em si próprios e não podem, por isso, oferecer um modelo? Será um caminho muito solitário se o filho quiser tentar.

Por exemplo, um adolescente que começa a namorar e passou grande parte de sua vida observando pais ríspidos e rabugentos, provavelmente, não terá repertório interno para tentar uma relação mais carinhosa, próxima e afetuosa. Não é fácil oferecer o que não se teve.

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