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Eixos Temáticos e Tensões na Psicologia do Trabalho e das Organizações (PTO) no Brasil

Por:   •  18/3/2019  •  Resenha  •  963 Palavras (4 Páginas)  •  271 Visualizações

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Paradigmas, eixos temáticos e tensões na Psicologia do Trabalho e das Organizações (PTO) no Brasil

O referido artigo aponta a grande diversidade teórica e metodológica das abordagens da PTO no Brasil, que reflete a existência de diferentes paradigmas científicos no campo. Tais paradigmas são relacionados no texto à três eixos temáticos do PTO: o comportamento, a subjetividade e o clínico; que têm como elemento integrador o trabalho. Desta forma, o artigo contribui para a análise crítica da produção do conhecimento e da utilização deste nas atuações profissionais.

Em relação ao modelo de produção de conhecimento positivista de Augusto Comte, que segue uma abordagem de investigação experimental, são identificados quatro princípios: (a) o conhecimento refere-se exclusivamente àquilo que pode ser apreendido por meio da experiência sensorial, (b) a ciência deve se interessar apenas por objetos concretos, (c) há diferenças importantes entre julgamentos de valor e julgamento de fatos, e (d) que as ciências naturais, em particular a física, são o modelo de ciência a ser imitado. O positivismo passou por diversas críticas e revisões destes princípios, orientando diferentes correntes positivistas. Em suas críticas a este sistema, Mannheim (1936) ressalta que não existe a objetividade senão em função dos grupos sociais que constroem conhecimentos específicos sobre a realidade. As críticas perpassam também, à desconsideração dos contextos reais em que os problemas estão inseridos, e à separação sujeito-objeto.

Surge no contexto de crise do positivismo o conceito de paradigma, definido no artigo como “conjunto de premissas coerentes entre si que orientam a busca do conhecimento científico”. Enquanto uma meta-teoria, o paradigma é constituído por três pilares: o ontológico (em relação à natureza do que é conhecido), o epistemológico (relação entre o que conhece e o objeto a ser conhecido) e o metodológico (referente ao procedimento para conhecer).

O texto apresenta quatro paradigmas:

  1. Paradigma positivista: orientado “por postulados que enfatizam a importância da fundação empírica para o conhecimento e da postura neutra e distanciada do pesquisador diante do objeto de estudo”. Em relação aos seus pilares, observamos uma ontologia realista, uma epistemologia objetivista e o método experimental.
  2. Paradigma pós-positivista: “aceita-se que é impossível para os seres humanos verdadeiramente perceber e acessar a realidade com seus mecanismos sensoriais e intelectuais imperfeitos”. Na raiz deste pensamento, afasta-se ontologicamente de uma postura “realista ingênua”, a epistemologia é objetivista do tipo crítico e utiliza-se de múltiplas metodologias.
  3. Paradigma crítico: rejeita o postulado da isenção de valores do positivismo (“a presença de valores não é um viés da investigação, mas sua condição”). Baseia-se em uma ontologia realista crítica uma epistemologia subjetivista e metodologia dialética (de confrontação da falsa consciência para superá-la)
  4. Paradigma clínico: estudo do objeto como uma totalidade considerada na relação com sua história e seu contexto. Baseado em uma ontologia realista crítica, epistemologia intersubjetiva e metodologia interpretativa.

A partir dessa discussão e da descrição anterior, o artigo aborda a relação entre os eixos comportamento, subjetividade e clínico com os quatro paradigmas. O primeiro eixo está associado ao behaviorismo, ao neobehaviorismo e ao sociocognitivismo. No behaviorismo o “comportamento é sinônimo de ação realizada dentro e por força do ambiente, e de cuja observação é possível extrair suas causas e consequências”. O neobehaviorismo faz uma revisão das premissas do behaviorismo e há a inserção de uma dimensão mediadora entre o estímulo recebido do meio e o comportamento do sujeito. O sociocognitivismo propõe uma ruptura com as teorias anteriores, ao “enfatizar a importância dos esquemas cognitivos e sua origem sociocultural. Vygotsky propõe a consciência como fenômeno sociohistórico mediado simbolicamente. Ao contrário do cenário internacional, em que coexistem diversas modalidades de pesquisa, no Brasil as correntes experimentais não expressaram tanta força devido à falta de recursos e à pressão exercida pelos outros eixos e paradigmas apresentados.

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