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FAMÍLIA, PSICOLOGIA E DEFICIÊNCIA: CONTRIBUIÇÕES DE LACAN E WALLON NA CONSTRUÇÃO DO SUJEITO

Por:   •  18/2/2018  •  Artigo  •  4.090 Palavras (17 Páginas)  •  282 Visualizações

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FAMÍLIA, PSICOLOGIA E DEFICIÊNCIA: CONTRIBUIÇÕES DE LACAN E WALLON NA CONSTRUÇÃO DO SUJEITO

FAMILY, PSYCHOLOGY AND DISABILITY: LACAN AND WALLON’S CONTRIBUTIONS ON SUBJECT’S CONSTRUCTION

RESUMO

Este artigo discorre sobre aspectos da problemática entre família e escola, considerando os estudos na área da Psicologia da Família, que emerge para a compreensão da constituição do sujeito em seu contexto. Para delinear a construção da pessoa, utilizam-se os estudos de Lacan e Wallon, de forma a situar as implicações da formação do sujeito e dos complexos familiares como ponte para as discussões sobre educação e família, que estão associadas à etapa de constituição do sujeito nos primeiros anos de vida. Nessa conjuntura, será articulada a questão da inclusão, da deficiência e dos estigmas, acarretados a partir deste aporte discutido sobre família e psicologia.

Palavras-chave: família; psicologia; deficiência; inclusão

ABSTRACT

This article discusses aspects of the problem between family and school, considering the studies in the area of Family Psychology, which emerges to the understanding of the constitution of the subject in its context. In order to delineate the construction of the person, it will be used Lacan and Wallon’s studies, to situate the implications of subject’s formation and of the family complex as a link for discussions on education and family, which are associated in the stage of subject’s formation on the first years of its life. In this situation, it will be articulated the inclusion, disability and stigma’s issue, caused from this input discussed of family and psychology.

Keywords: family; psychology; disability; inclusion

Introdução

Neste texto pretende-se tecer algumas considerações sobre os estudos da família na área da Psicologia e da Educação, situando a constituição do sujeito em Lacan e Wallon, que são os vieses para estabelecer a construção da deficiência e das implicações desta em relação à formação do indivíduo. Neste contexto, permeiam as questões da família, da escola, do aluno e dos estigmas.

Ao analisar os documentos legislativos que regem o sistema de ensino, o que ressalta à concepção de educação é a educação para uma sociedade democrática. No entanto, a democracia na educação requer que o sistema se articule de forma conjunta. Segundo Estrela e Villas Boas (1994), a escola deve ser organizada de forma democrática, implicando o envolvimento de todos os intervenientes no processo educativo, devendo haver constante profissionalismo docente para alargar o conhecimento e desenvolver uma série de competências e saberes; também é fundamental a igualdade efetiva de oportunidades, o que implica a inserção de alguns atores do processo educativo, como é o caso da família, constituindo a democracia na escola.

A problemática das relações entre família e escola é delineada a partir da negligência existente em ambas as instituições, cuja importância é suprimida no momento em que, ao invés de contribuir, acabam desgastando o que já está invariavelmente puído. Desta forma a construção do sujeito extrapola a determinação relegada à família, sendo subsidiada também pela escola. Entretanto essa constituição não acontece de forma cadenciada, mas fragmentada, com ideais que não se complementam e que acabam por chocarem-se pelas divergências de opiniões e métodos que prejudicam exclusivamente o desempenho do aluno.  

O escopo do texto aponta a importância dessas duas instituições na construção do sujeito, abordando também a questão do estigma e da deficiência, interligando os questionamentos acerca da inclusão com os conceitos traçados por Lacan e Wallon no que diz respeito ao desenvolvimento da criança na família e na escola.

1. Contribuições dos estudos sobre família e psicologia

O cerne da problemática entre família e escola é conferido primeiramente a não relevância da instituição “família” como base fundamental que permeia a vida dos sujeitos, pois acompanha não apenas a vida escolar do indivíduo, mas também a vida social, o dentro e o fora da escola em todas as etapas de sua vida. Ribeiro (1994, p. 29) constata que:

por mais alterações que a família sofra, na sua constituição, estrutura e funcionamento, adaptando-se às diferentes contingências do tempo e do espaço, sofrendo a influência dos sistemas sociais, políticos, ideológicos, religiosos e culturais, duas funções fundamentais ao ser humano continuam a ser preferencialmente realizadas pela família: a primeira reside em assegurar a continuidade do ser humano no sentido de a família ser uma comunidade que nasce, cresce, procria, decresce e morre, continuando-se ao longo das gerações, transmitindo a vida; a segunda que, de certa forma decorre da primeira, consiste na articulação entre o indivíduo e a sociedade, conseguindo com equilíbrio o “estar bem consigo próprio” e o “estar bem com os outros”, ou seja adequar a individuação [nas dimensões afectiva, cognitiva e comportamental] e socialização.

A literatura científica da área dos estudos da família também coloca em cheque a carência conferida a esta instituição, que em relação a outras pesquisas continua aquém às expectativas. Segundo Nogueira, Romanelli e Zago (2000, p. 9)

No Brasil ainda não logramos desenvolver uma tradição de estudos sobre o tema das relações que as famílias mantêm com a escolaridade dos filhos. Ao longo das décadas de 1980 e 1990, em quatro números temáticos de periódicos científicos de circulação nacional da área da Educação ou de áreas afins, dedicados ao assunto, encontramos apenas três artigos [sobre um total de 37] abordando a família em suas relações com a vida escolar dos filhos.

Este dado reforça o fato de existirem menos pesquisas científicas sobre o tema “família” na área da Educação em comparação a outros assuntos. Em outros campos, como por exemplo, Antropologia e Psicologia, este é um assunto importante e constante em pesquisas. Na Educação, o tema está diluído em diferentes grupos, como Educação Infantil, Educação de Jovens e Adultos, Movimentos Sociais e Educação, entre outros. Os processos mais globais das ações educativas consolidam-se em diferentes abordagens, enquanto que os procedimentos que envolvem a prática do cotidiano educacional, o qual é pautado na família, encontra-se ainda cerceado e carente de estudos.

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