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Gravidez na adolescência: Dando sentido a vida

Por:   •  21/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.281 Palavras (6 Páginas)  •  160 Visualizações

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Gravidez na adolescência: Dando sentido a vida

Essa entrevista foi feita com a Psicóloga Ana Maria Leal Costa, CRP 0904. Ela tem cerca de 30 anos de profissão, 24 anos na área escolar. Atualmente ela trabalha no IFAL - Instituto Federal de Alagoas - Satuba.

1. Nos últimos anos tem aumentado significantemente a gravidez na adolescência. Em frente a esse fenômeno, quais atitudes você procura tomar já que seu publico de atendimento são jovens?

"Os jovens estão entrando cada vez mais cedo na vida sexual, e muitos não tem a orientação de casa... principalmente essa demanda da gente que são pessoas do interior e a criação ainda é um meio um tabu. Principalmente esse pessoal de interior, as vezes os pais se distanciam muito dos filhos. E ai chega a vez da gente do setor da psicologia chegar junto desses jovens, e cada vez mais experimentam isso cada vez mais cedo, e o pior de tudo é saber que entre os jovens agora é aquela historia 'ah, você é virgem, então você é careta'. Então, a coisa esta se tornando tão comum que mais emergente fica essa necessidade de falar sobre essa responsabilidade de uma gravidez segura, certa, no momento certo, em um tempo definido. Porque eles vão impulsionados pela historia do prazer, mas não vê a conseqüência.
Então esses alunos quando chegam, na primeira semana de aula já vou de sala em sala e apresento o meu setor, falo dos cuidados que precisam ter pra evitar uma gravidez indesejada, eu tento chegar primeiro, falo sobre o assunto nessa primeira semana pra quebrar esse tabu, faço a ponte de comunicação e já digo que a porta está aberta pra tudo. Eu tento manter o diálogo aberto, eu acho que não deve haver tabu, e a gente aqui conversa sobre tudo, desde o uso de contraceptivos ao relacionamento em si..."

2. Qual sua principal dificuldade na aplicação de programas preventivos no quesito gravidez?

"A gente tentou fazer um trabalho, inclusive a enfermagem foi muito a frente com isso distribuindo preservativos, essas coisas todas, mas alguns pais não gostaram, dizem e acham que a escola esta estimulando fazendo uma ação dessa. Então minha preocupação e a única iniciativa que eu tenho é convidar o aluno pra conversar sobre o tema, conversarmos abertamente sobre isso. O pessoal da enfermagem teve todo um cuidado de assinar um termo dizendo que ia fazer essa ação, os pais pegaram a autorização, mas mesmo assim teve sérios problemas. Através do meu contato com eles eu tento fazer o que eu posso, através da verbalização, recebendo eles em situações difíceis, e falando antes que a coisa aconteça."

3. Na sua visão, quais as principais dificuldades enfrentadas por uma adolescente grávida, e também na escola?

"Tem toda uma situação, porque normalmente a gravidez na adolescência não é planejada, ela vem de surpresa, e isso acontece porque não teve orientação ou porque não souberam contem os impulsos. Já vi situação de que a jovem foi expulsa de casa e irmã mais velha que acolheu, e o pai da criança simplesmente disse 'problema seu'... Hoje em dia os jovens só engravidam se quiserem, porque eles tem acesso a internet, e mesmo se não tiver, eles conversam entre si, as unidades de saúde distribuem preservativos... Mas as conseqüências ainda se torna maior pra escola. Na escola a gente percebe que se a jovem não tiver um apoio ela cai, as medias caem, os problemas são outros, não tem hora pra estudar, pra acordar ou dormir. Acontece com os garotos que se tornam pais também, algumas vezes eles abandonam a escola para poder trabalhar e ajudar a sustentar o filho. Então, a conseqüências são tamanhas, as dificuldades são tamanhas, o adolescente tanto na escola quanto na família vai encontrar dificuldades grandes, com apoio ou sem apoio."

4. Houve algum caso em que a jovem engravidou mais de uma vez no período do ensino médio? Se sim, porque acha que isso ocorreu?

"De jeito nenhum! Mais de uma vez não, a mesma pessoa não. Porém, já aconteceu de abortarem aqui na escola... Nos uma vez descobrimos um feto no banheiro feminino. Quer dizer, você veja, aquela que não tem estrutura acaba partindo pra isso. Como aqui é uma escola que a gente acaba passando o dia todo... Mas isso faz tempo, e infelizmente não descobrimos quem fez isso. Ela não pediu ajuda, ela não chegou a mim... a gente só viu a conseqüência."

5. Sabemos que não depende somente de você para tentar mudar os números de adolescentes grávidas, mas qual setor ou núcleo que na sua opinião seria o responsável para mudar isso?

"Eu não coloco assim não, principalmente na escola, a escola não vai conseguir mudar. É uma situação que já vem de um crescimento, de um amadurecimento lá da família, de um convívio familiar, de um convivo social, a escola muitas vezes lapida certas coisas, mas a educação temos que trazer de casa. Então eu acho que é um conjunto de tudo. A sociedade precisa mudar isso, a televisão, as mídias precisam estar junto com eles, políticas publicas também precisam vir, as propagandas de incentivo a uma adolescência responsável, a uma gravidez responsável. A gravidez não é problema, o problema é a irresponsabilidade. Não existe um setor e nem um núcleo responsável, é tudo a partir do surgimento daquele feto ate a existência dele, ate a maturidade dele, que compõem conseqüências para que uma gravidez de fato seja a gravidez ideal."

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