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Grupos Operativos

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Por:   •  18/6/2014  •  2.833 Palavras (12 Páginas)  •  1.325 Visualizações

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GRUPOS OPERATIVOS

Zimerman (1997) classifica, dois tipos de grupos, segundo o critério de finalidade, em operativos e psicoterápicos.

A teoria e técnica de grupos operativos, foi desenvolvida por Enrique Pichon-Rivière (1907-1977), médico psiquiatra e psicanalista de origem suíça, que viveu na Argentina desde seus 4 anos de idade. O fenômeno disparador da técnica de grupos operativos, foi um incidente vivido no hospital psiquiátrico De Las Mercês, em Rosario, onde desempenhava atividades clínicas e docentes. Esse incidente foi a greve do pessoal de enfermagem desse hospital. Para superar aquela situação crítica, Pichon-Rivière colocou os pacientes menos comprometidos para assistir aos mais comprometidos. Observou que ambos, subgrupos, apresentaram significativas melhoras de seus quadros clínicos. O novo processo de comunicação estabelecido entre os pacientes e a ruptura de papéis estereotipados - o de quem é cuidado, para o de quem cuida - foram os elementos referenciais do processo de evolução desses enfermos. Intrigado com esse resultado passou a estudar os fenômenos grupais a partir dos postulados da psicanálise, da teoria de campo de Kurt Lewin e da teoria de Comunicação e Interação. As convergências dessas teorias constituíram-se nos fundamentos da teoria e técnica de grupos operativos de E. Pichon-Rivière. (Abduch)

Em relação aos grupos operativos, a sua sistematização foi feita por Pichon Riviére desde 1945, que definiu grupo operativo como "um conjunto de pessoas com um objetivo em comum". Os grupos operativos trabalham na dialética do ensinar-aprender; o trabalho em grupo proporciona uma interação entre as pessoas, onde elas tanto aprendem como também são sujeitos do saber, mesmo que seja apenas pelo fato da sua experiência de vida; dessa forma, ao mesmo tempo que aprendem, ensinam também..

Os grupos operativos abrangem quatro campos:

• Ensino-aprendizagem: cuja tarefa essencial é o espaço para refletir sobre temas e discutir questões

• Institucionais: grupos formados em escolas, igrejas, sindicatos, promovendo reuniões com vistas ao debate sobre questões de seus interesses.

Pichon divide os grupos em 3 tipos: centrados no indivíduo; centrados no grupo como um conjunto total; centrados na tarefa. A técnica de g.o. centra-se na mobilização de estruturas estereotipadas e das dificuldades de aprendizagem e comunicação produzidas pelo montante de ansiedade diante de mudanças. Dentre as “dificuldades de comunicação”, incluem-se as intrasubjetivas (do âmbito psicossocial) como as que ocorrem entre afetos e pensamentos. Daí podermos dizer que grupo operativo é oposto a “pensamento e grupo operatórios”.

No g.o. coincidem o esclarecimento, a comunicação, a aprendizagem e a resolução da tarefa (através desta última é possível resolver as situações de ansiedade). A cada nova tentativa bem sucedida de realizar uma tarefa, principalmente em equipe, ocorre uma melhor organização do Eu e diminuição da culpa e da ansiedade, possibilitando novas experiências (são oportunidades para reparações) A tarefa explícita (combinada) depende do campo: num grupo que se refira à aprendizagem, consiste na elaboração e resolução das ansiedades relacionadas com a abordagem do objeto do conhecimento, facilitando, desta maneira, a incorporação de informação. Em um grupo terapêutico a tarefa é resolver o denominador comum da ansiedade do grupo, que, em cada integrante, toma características particulares.

• Comunitários: utilizados em programas voltados para a Promoção da Saúde, onde profissionais não-médicos são treinados para a tarefa de integração e incentivo a capacidades positivas.

• Terapêuticos: objetiva a melhoria da situação patológica dos indivíduos, tanto a nível físico quanto psicológico, são os grupos de auto-ajuda, Alcoólicos Anônimos, etc. ( Zimerman, 1997:76)

Pode-se pensar os grupos voltados para a Promoção da Saúde, como estratégias ou espaços, onde possa se fazer uma escuta, para as necessidades das pessoas. Os grupos devem se configurar, como espaços onde as pessoas possam falar sobre seus problemas, e buscar soluções, conjuntamente com os profissionais, de forma que a informação circule, da experiência técnica à vivência prática das pessoas que adoecem. Nos diz Valla, "um envolvimento comunitário, pode ser um fator psicossocial significante na melhoria da confiança pessoal, da satisfação com a vida e da capacidade de enfrentar problemas. A participação social pode reforçar o sistema de defesa do corpo e diminuir a suscetibilidade à doença." (1999: 10).

Pichon define como princípios organizadores de um grupo operativo o Vínculo e a Tarefa.

Vínculo

O vínculo é um processo motivado que tem direção e sentido, isto é, tem um porquê é um para quê . Identificamos se o vínculo foi estabelecido, quando ocorre uma mútua representação interna. Cada pessoa se relaciona de acordo com seus modelos inaugurais de vinculação, de acordo com suas matrizes de aprendizagem, e tende a reeditar esse modelo em outras circunstâncias, sem levar em conta a realidade externa, o inusitado, repetindo padrões estereotipados, resistindo que algo, verdadeiramente, novo aconteça.

Tarefa

Tarefa é um conceito dinâmico que diz respeito ao modo pelo qual cada integrante interage a partir de suas próprias necessidades. Necessidades essas, que para Pichon-Rivière, constituem-se em um pólo norteador de conduta. O processo de compartilhar necessidades em torno de objetivos comuns constitui a tarefa grupal. Nesse processo emergem obstáculos de várias naturezas. Diferenças e necessidades pessoais e transferenciais, diferenças de conceitos e marcos referenciais e do conhecimento formal propriamente dito.

Um grupo operativo pressupõe aprendizagem. Aprender na ótica pichoneana é sinônimo de mudança. E nessa mesma ótica, em toda situação de mudança são mobilizados dois medos básicos: da perda e do ataque. Medo de perder o já estabelecido, o já conquistado e conhecido. O de ataque é o de como ficarei numa situação não conhecida, como darei conta "do que está por vir a ser... mas ainda não é..."

É muito natural que um grupo se resista a entrar em um processo de aprendizagem, uma vez que esta acarretará mudanças. O processo de elaboração dessa

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